Unicentro realiza III Mostra Arte Surda, no campus Irati

Unicentro realiza III Mostra Arte Surda, no campus Irati

A III Mostra Arte Surda está sendo realizada, essa semana, no campus de Irati. O evento antecipa a celebração do Dia Nacional do Surdo, comemorado em 26 de setembro. Com atividades que englobam diferentes vertentes da arte surda, a Unicentro atua como parceira na realização desta mostra junto ao CAS Guarapuava, que é a regional do Centro de Apoio ao Surdo e aos Profissionais da Educação de Surdos do Paraná. O evento também conta com a colaboração da Secretaria de Estado da Educação, do Departamento de Educação Especial, dos CAS e Núcleos Regionais de Educação de Guarapuava, Francisco Beltrão e Cascavel.

A coordenadora do CAS Guarapuava, Jiane Ribeiro Neves Cwick, discorre sobre os objetivos da Mostra Arte Surda e de que forma eles foram adaptados para que sua realização fosse possível mesmo que de maneira remota. “Inicialmente, a Mostra de Arte Surda surgiu com o intuito de valorizar as produções artísticas dos alunos surdos da rede estadual de ensino do Paraná e também para que a comunidade em geral pudesse conhecer sobre a cultura, a identidade, a língua e as formas de expressão do sujeito surdo. Com a pandemia, nós tivemos que reformular a proposta, que passou a ser realizada remotamente, focando em vertentes que tem se destacado entre os surdos para retratar o momento atual, principalmente, por meio das redes sociais”.

“Contemporaneidade” é o tema desta terceira edição da Mostra Arte Surda. Além de dar visibilidade à cultura surda, o evento tem como objetivo compartilhar conhecimentos e práticas na educação de surdos a partir do viés artístico. Segundo a chefe da Divisão de Promoção Cultural do Campus Irati, professora Eliziane Manosso Streiechen, a universidade e o CAS se preocuparam, enquanto organizadores, em garantir que a programação fosse inclusiva tanto para a comunidade surda, quanto para a de ouvintes. “Todo o evento tem acessibilidade. Quando as palestras, são realizadas por pessoas surdas, profissionais surdos, temos intérpretes fazendo a voz desses palestrantes. E se o palestrante for ouvinte, terá o intérprete fazendo a sinalização do que está sendo proferido na palestra. Nós da comunidade universitária, acadêmicos, profissionais, temos a possibilidade de conhecer um pouco mais sobre a cultura surda, sobre os movimentos surdos e sobre temáticas específicas que serão abordadas dentro das palestras”.

No primeiro dia do evento, a professora, pesquisadora e atriz surda Rafaela Hoebel conduziu uma palestra sobre a contemporaneidade da arte surda. Comunicando-se em Libras, que é a Língua Brasileira de Sinais, Rafaela destaca, na voz da intérprete Jiane Cwick, quais as principais características da arte surda contemporânea e como algumas questões pontuais, como a pandemia de covid-19, trouxeram mudanças para a visibilidade das produções artísticas da comunidade surda. “Por meio das diversas manifestações artísticas os surdos ganham mais visibilidade e reconhecimento como seres pensantes, criativos e com diversas habilidades. Acredito que é dessa maneira que a comunidade surda vêm se empoderando, por meio desse reconhecimento. A pandemia nos trouxe um ponto positivo, no sentido da comunidade surda ganhar mais visibilidade, pois, neste momento, as pessoas surdas estão mostrando muito mais a sua arte, suas ações criativas e seus mais diversos trabalhos pela internet. A Libras vem sendo evidenciada nas lives até mesmo de músicas. Penso que essa visibilidade ajuda muito a fortalecer a comunidade surda”.

Em um segundo momento de participação, ela falou sobre como o teatro e tradução artística podem ser ferramentas de empoderamento. A professora surda é também atriz no grupo Mapas, que é a sigla para Mãos Azuis Projetos Artes Surdas, que reúne surdos e ouvintes em um projeto artístico com foco na arte surda sinalizada. Rafaela compartilhou algumas experiências inspiradoras que vivenciou participando dos espetáculos de teatro do Mapas. “Me recordo de um momento como atriz, um momento lindo. Foi quando eu percebi uma criança surda na plateia – os olhos dela brilharam ao me ver atuando. A identificação dessas crianças com adultos surdos que já tem uma trajetória de lutas e conquistas para contar é realmente motivador. A arte proporciona conhecer a nossa história, entender as nossas lutas e conquistas e possibilita manifestar nossas emoções, nossa criatividade, nossos pensamentos”.

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