Atividades interdisciplinares despertam em estudantes interesse pela Ciência e pela Matemática

Atividades interdisciplinares despertam em estudantes interesse pela Ciência e pela Matemática

O projeto “Extensão Universitária: a Escola como ambiente de Ensino e Pesquisa em Ciências Naturais e Matemática”, vinculado ao Programa Universidades Sem Fronteiras, já atendeu mais de 280 estudantes do Colégio Estadual Professora Dulce Maschio, desde que iniciou as atividades em outubro do ano passado. Entre as atividades promovidas está uma tarde interdisciplinar, que contou com mostra de materiais e jogos didáticos.

“Essa atividade interdisciplinar, em conjunto com o curso de Biologia da Unicentro, foi solicitada pelos professores. Eles gostariam que tirássemos os alunos do ambiente da sala mesmo, fizéssemos uma atividade externa, para que eles estivessem em movimento. Numa das atividades das oficinas, que é a mostra matemática, nós temos elementos históricos, eles relacionaram também com conteúdos que eles já tinham visto na disciplina de História, que são os algarismos romanos, alguns símbolos egípcios. Então, foi bem interessante para eles”,conta a mestranda do programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática e bolsista do projeto, Cheila Tachevski.

Quem passou pela mostra de materiais, como a aluna do sétimo ano Bárbara Vitória da Silva, pode conhecer um pouco mais sobre diversos elementos da matemática. “Tem as formas geométricas, números egípcios, tábua cuneiforme, essas coisas. Eu estou gostando porque é muito legal saber mais das coisas”.

Atividades interdisciplinares agradaram aos estudantes (Foto: Coorc)

Além da exposição de materiais, os jogos didáticos e interativos também agradaram aos alunos. Em um deles, por exemplo, os estudantes foram desafiados a compreender as mágicas da matemática; em outro, eles eram peças de um jogo de trilha construído em tamanho ampliado. Uma mini-gincana testou a precisão nos cálculos a agilidade e trabalho colaborativo dos participantes. A disputa era para saber quem acertava questões matemáticas em menos tempo. Vitor Lima, também do sétimo ano, foi rápido, respondeu a questão corretamente e levou a melhor no final. “Numa mamadeira cabiam 250 ml de leite, daí apareceu “um litro de leite caberiam em quantas mamadeiras?”. E eu dei a resposta que é 4”.

Estudantes do curso de Biologia e do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática foram parceiros do projeto nessa atividade e também levaram jogos didáticos ao colégio. A acadêmica Mariana Santana Bandeira, do 3º ano do curso de Biologia na Unicentro, trabalhou questões de educação ambiental e reciclagem por meio de um jogo intitulado “Reciclados”.  “É interessante porque têm muitas questões ambientais que eles ainda não viram ou que, talvez, eles nem venham a conhecer se não for através desses projetos. E para a gente, que é da licenciatura, também é muito importante na questão profissional, ter esse contato com os alunos”, conta.

Gabriel Oliveira foi um dos alunos que aprovou o jogo como meio para aprender sobre reciclagem. “Eu gostei e estou aprendendo muito a jogar certo nos lixos, quais são as latas, qual é a lata certa para você jogar o lixo”.

A diretora do Colégio Dulce Maschio, Joelma Souza, ressaltou a importância das atividades do projeto de extensão para a formação dos alunos. “Como os nossos alunos são de um bairro afastado da cidade não têm tantas dessas atividades diferenciadas. Então, essa parceria que a gente tem com a universidade vem agregar ao aprendizado dos alunos porque esse tipo de atividade, em sala de aula, devido ao grande número de alunos, fica difícil do professor desenvolver”.

Jogos ajudam no aprendizado da matemática (Foto: Coorc)

A professora Ana Paula Stadler, responsável pelas aulas de Matemática no colégio, também destacou que apresentar os conteúdos de forma lúdica é uma maneira de instigar o interesse dos alunos pela disciplina. “Na área da Matemática é bem complicado. Os alunos já chegam com muito receio, já chegam dizendo que não gostam de Matemática. Então, essas atividades servem, realmente, para, primeiro, ver que está presente no dia a dia, que a matemática é superimportante, que está no nosso dia a dia. Isso é uma coisa bem importante e, assim, as crianças têm essa dificuldade de enxergar a importância da matemática e os jogos, de uma forma diferenciada, eles trazem isso, trazem uma valorização para o trabalho, uma forma diferente e divertida, mas de aprendizagem”.

De acordo com o coordenador da atividade extensionista, professor Márcio André Martins, o projeto vem atuando no colégio em duas frentes de trabalho. Uma delas é voltada à formação complementar, em períodos extraclasse para os estudantes com alto rendimento escolar. O objetivo é realizar um trabalho de orientação voltado à preparação para as Olimpíadas Brasileiras de Matemática, a OBMEP. “Como a gente sabe, os alunos que se destacam nessa competição em nível nacional recebem bolsa para cursos de iniciação científica, tanto no ensino médio quanto na graduação, depois pode se estender ao mestrado. Então, a gente está incentivando eles a participarem” , conta Márcio.

A acadêmica do quarto ano do curso de licenciatura em Matemática da Unicentro Fernanda Cybulski é responsável pelas atividades com os alunos de alto rendimento. Para ela, além de ajudar a desenvolver as habilidades dos estudantes, a atividade também é uma experiência importante para os acadêmicos. “É um trabalho muito importante porque, nos estágios, a gente tem com todos os tipos e níveis de aluno. E lá, os alunos são muito diferentes do que a gente está acostumado a trabalhar nas escolas, porque eles têm muita facilidade, muita mesmo. Às vezes, eles têm um raciocínio que a gente tem dificuldade para acompanhar. Então, é bem interessante, é uma experiência diferente”.

A segunda linha de atuação, segundo o professor Márcio martins, é voltada ao apoio e a aprendizagem para os estudantes com baixo desempenho escolar. “Nós trabalhamos alguns momentos de formação com os professores, discutimos propostas metodológicas voltadas para a escola. E, além disso, nós realizamos oficinas durante as aulas, de acordo com as demandas que os professores levantam”.

Interação entre estudantes da escola e da Unicentro também é benéfica para todos os envolvidos (Foto: Coorc)

As atividades do projeto de extensão devem continuar até o próximo ano. A expectativa para esse período, de acordo com o professor Márcio Martins e com a mestranda Cheila Tachevski, é que o trabalho realizado continue trazendo benefícios não só para a comunidade, mas também para a formação profissional dos participantes.

“Esse projeto, embora ele seja voltado aqui para as necessidades do colégio, ele está abarcando também outras possibilidades, que são as pesquisas dos mestrandos. Os mestrandos estão levantando material para suas pesquisas, que é o desenvolvimento de metodologias que estão resultando em produtos didáticos e, também, nas suas dissertações de Mestrado. Então, essa interação está contribuindo não só de maneira que a universidade contribui para a escola, mas a escola está contribuindo para a universidade também. Então, esse ponto que a extensão preconiza, a gente está evidenciando isso, vivendo isso na prática. Está sendo muito interessante”, fala Márcio.

“Para nós, é maravilhoso essa interação”, conta Cheila, “estar aqui ministrando essas oficinas, trabalhando com os alunos nessa e em outras atividades, eu acho que me enriquece muito profissionalmente e também pessoalmente porque sempre estou aprendendo com eles não só na matemática, mas como pessoa também”.

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