“Eu existo” é mostra em exposição na Unicentro

“Eu existo” é mostra em exposição na Unicentro

Você já parou pra conversar com um morador de rua? Seja pra dar um oi ou ajudar? Foram essas perguntas que a artista plástica Ju Opuchkevitch trouxe para as telas. São dezoito. Cada uma retratando uma pessoa que tem nas ruas um refúgio, um local de trabalho ou o próprio lar. “Os moradores de rua, muitas vezes, eles são despercebidos, são pessoas invisíveis para nós. Eu tive essa ideia, para mostrar para as pessoas que eles existem, que eles estão no meio de nós. Às vezes, a gente passa todos os dias por eles e a gente não percebe a presença deles”, conta a artista.

A exposição “Eu existo” é uma reunião de retratos realistas. Cada desenho, mostra a expressividade dos personagens. “São retratos feitos com lápis de cor, são feitos a partir de fotos e todos eles são aqui de Guarapuava. São moradores de rua e artistas de rua aqui da nossa cidade”, detalha Ju sobre a técnica e a mostra.

Por trás de cada traço, uma história. Apesar do realismo do desenho, Ju conta que o seo Tacilinho, por exemplo, não se reconheceu no retrato. “Ele disse que não é ele que ele que é outra pessoa”. Já a história do Vinícius é um exemplo que teve um final feliz. “A gente encontrou ele na rua – dormindo na rua, drogado. E, depois de algum tempo, ele me procurou pedindo, também, alimento. Ele estava muito magro, sujo. Eu conversei com ele e mostrei o desenho que eu fiz dele. Ele se emocionou, chorou e depois eu nunca mais vi ele. Dali uns os meses, ele apareceu novamente, mas todo transformado. Apareceu uma outra pessoa, está numa casa de recuperação e se transformou em uma outra pessoa”, lembra Ju.

Desenhos retratam artistas pessoas que vivem nas ou sobrevivem das ruas

Um dos objetivos da exposição é mudar a forma de como os moradores de rua são percebidos pela sociedade. Os estudantes da Unicentro  João Pedro Ferreira e Ianka Soares foram conferir a exposição e, saíram de lá, diferentes. “Faz você ver os detalhes mesmo das pessoas. Tem um desenho em que o senhor que está bem machucado. Faz você perceber que, realmente, a pessoa parece bem abandonada e que falta gente na vida dela, que é bom você, pelo menos, dizer um bom dia. Não custa nada você mostrar que a pessoa realmente existe ali”, reflete João. Para Ianka, “elas carregam no olhar essa necessidade de gritar um pedido de socorro. Acredito que seja: olhe para mim, eu estou aqui. Eu sou pessoa como você”.

A mostra de desenhos realistas “Eu existo” segue aberta à visitação do público até a próxima sexta-feira, no Centro de Exposições da Proec, no Campus Santa Cruz da Unicentro.

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