Cres 2018 inicia reafirmando Educação Superior como bem social, direito humano e dever do estado

Cres 2018 inicia reafirmando Educação Superior como bem social, direito humano e dever do estado

No palco, bandeiras de países da América Latina e do Caribe lado a lado. E a diversidade não é por acaso. Elas representam a união das nações em defesa de uma causa única: a Educação Superior como um bem social, um direito humano e um dever do estado – tônica da Conferência Regional de Ensino Superior. Em 2018, a Cres chega a sua terceira edição reunindo 10 mil pessoas, de 40 países, em Córdoba, na Argentina.

Até sexta-feira (15), gestores, pesquisadores, professores e estudantes discutirão sete eixos temáticos que resultarão em estratégias conjuntas que deverão ser adotadas pelos países da região no sentido de garantir o acesso à universidade pelos membros das sociedades latino-americanas e caribenhas. “Primeiro, temos que assumir que somos diversos e também muito assimétricos. Somos muito desiguais. Então, a ideia é ouvir não só as universidades que têm prestígio, mas trazer todas as demais instituições que estão no sistema e que tem problema de qualidade, de reconhecimento, de legitimidade. A Conferência tem que buscar, de alguma maneira, a conversação entre as instituições e os governos para que os desenhos de políticas deem conta dessa situação e para que possamos enfrentá-la – as universidades em conjunto com a sociedade”, defende o diretor do Iesalc (Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e Caribe), Pedro Henriquez Guajardo.

Pedro Henriquez Guajardo, presidente do Iesalc, na abertura da Cres 2018 (Foto: Ariane Pereira)

A Cres é realizada pelo Iesalc, braço latino-americano da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, como preparação para a Conferência Mundial da Educação que será realizada em 2021, pela Organização das Nações Unidas (ONU), na França. Para a ex-diretora do Iesalc Unesco, professora Ana Lúcia Almeida Gazzola, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), essa edição da Conferência deve ressignificar as ações do dois encontros anteriores – realizados em 1996, em Cuba, e em 2008, na Colômbia -, tendo em vista que as mudanças positivas e negativas ocorridas no período no cenário da Educação Superior.

“Temos como pontos negativos o aumento dos processos de mercantilização da educação superior, de uma privatização desregulada e, também, a circulação de cursos e projetos da educação superior online, que terminam por serem produtos acéticos, que não têm relação com as raízes, pensamentos e expectativas de cada local. Nesse aspecto houve um retrocesso ou um agravamento das condições de 2008. Mas, por outro lado, a integração regional cresceu – tanto através de enlaces, como através das redes de universidades e das associações de universidades, como no Brasil a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e a Abruem (Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais). Isso cresceu, avançou e eu acho que essa acolhida da convocação para essa Conferência Regional expressa exatamente esse crescimento em articulação e em integração regional”, afirma.

Apresentações culturais também fizeram parte da cerimônia de abertura (Foto: Ariane Pereira)

Para o presidente da Abruem e reitor da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), Aldo Nelson Bona, o debate proposto pela Cres ocorre num momento de grandes desafios para as universidades da América Latina e do Caribe, e em especial do Brasil. “O desafio do financiamento, mas também do ponto de vista do questionamento de sua função, do seu papel social. Então, estar nesse encontro, promovendo um debate sobre os rumos da educação superior no continente, sem dúvida nenhuma, é de fundamental importância e o o grande número de participantes chama a atenção. Por isso, os resultados que sairão daqui serão válidos, sem dúvida nenhuma”.

Deixe um comentário