Aplicação de calcário e gesso na correção do solo é objeto de análise de projeto de pesquisa da Unicentro

Aplicação de calcário e gesso na correção do solo é objeto de análise de projeto de pesquisa da Unicentro

Cinco projetos de pesquisa da Unicentro foram contemplados pela Chamada Pública do Programa da Rede Paranaense de Apoio à Agropesquisa e à Formação Aplicada,  realizada a partir de uma parceria entre a Fundação Araucária, a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado (Seti) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná (Senar). Todas as propostas são complementares e estão em desenvolvimento desde o segundo semestre de 2017. Além disso, elas têm como objetivo comum o manejo e conservação do solo. Um desses trabalhos, intitulado “Indicadores químicos do solo, crescimento de raízes, produtividade e rentabilidade de sistemas de manejo e conservação do solo sob plantio direto no Centro-Sul do Paraná”, é desenvolvido pelo professor Marcelo Marques Lopes Müller, do Departamento de Agronomia.

O trabalho, de acordo com o professor Marcelo, faz parte de uma pesquisa de longa duração que trabalha calagem e gessagem agrícolas em sistemas de plantio direto focado na cultura da aveia forrageira ou na produção de palha para o plantio direto. Para o professor, o diferencial do trabalho está na técnica utilizada na avaliação do sistema radicular das plantas. “É uma técnica ainda pouco utilizada no Brasil que é a de filmar o sistema radicular abaixo da superfície do solo, trabalhando com tubos transparentes, que são instalados depois de ter a cultura no campo”, explicou.

De acordo com o professor, é necessário fazer a correção de acidez da área a ser cultivada para garantir um bom desenvolvimento das culturas. Esse trabalho é realizado por meio da calagem, que consiste na aplicação de calcário na superfície solo. Porém, o professor destaca que apenas esse procedimento não é suficiente para atingir as camadas mais profundas da área de cultivo. “Para manter a fertilidade do solo é necessário fazer essa calagem. Mas no sistema de manejo que nós utilizamos na região, que é o plantio direto, colocamos o calcário apenas na superfície do solo. Então, ele tem uma dificuldade de reagir em profundidade”, destacou.

Estudos visam neutralizar a acidez da camada mais superficial com a calagem e, com o gesso, corrigir a fertilidade do solo em camadas mais profundas

É para otimizar esse trabalho que o estudo também contempla o uso do gesso agrícola. De acordo com o professor, o gesso atua indiretamente na correção da acidez porque controla os níveis tóxicos do alumínio presente no solo. Neste sentido, a perspectiva do trabalho é neutralizar a acidez na camada mais próxima da superfície com a calagem e, com o gesso, corrigir a fertilidade do solo em camadas mais profundas. “Quanto mais profundo a gente corrige, maior é o desenvolvimento do sistema radicular e um sistema radicular melhor distribuído em profundidade passa melhor por períodos de seca, mantendo mais estável a produção”, disse.

Para provar a eficiência do uso do gesso agrícola na produção, o trabalho propõe a técnica de filmagem do sistema radicular. Dessa forma, é possível acompanhar e medir o crescimento das raízes. “Daí o porquê de termos adquirido um escâner de raízes para ter uma prova científica da importância de utilizar o gesso e a calagem para manter a fertilidade do solo e um bom manejo para garantir a produtividade e a sustentabilidade da produção”.

Esse trabalho vem sendo desenvolvido desde 2009 na área experimental do campus Cedeteg. Por ser um experimento de longa duração, já foi possível obter resultados confiáveis quanto ao uso do gesso agrícola. “De 2009 até hoje, tivemos uma seca igual a essa em 2012. Então, já são dois eventos de seca dentro de um período de oito anos. A importância de ter essa duração é pensando na perspectiva de que o produtor tem a propriedade por bastante tempo e algo que funcione um ano e não funcione no outro, ele fica na dúvida se deve ou não usar. No caso do gesso, já temos essa conclusão de que é benéfico”. Já, quanto ao uso da calagem, o estudo teve início um pouco mais tarde e já foram avaliados os resultados obtidos durante quatro anos.

Com a aprovação no edital da Fundação Araucária, a pesquisa recebeu um financiamento de R$ 260 mil. Com esse valor, segundo professor, foi possível a manutenção do trabalho. “Adquirimos mais tubos para que a gente possa fazer esse estudo de raízes. Se não tivéssemos esse recurso, teríamos o equipamento, mas poucos tubos e poucas observações. Agora, conseguimos fazer de modo mais efetivo”, contou o professor.

Para o professor Marcelo, ter esse trabalho contemplado é motivo de comemoração, já que será possível, também, continuar trabalhando na formação de recursos humanos qualificados na área por meio de produções científicas. “Seria bastante difícil esse momento que a gente tem uma dificuldade financeira no país como um todo, na Universidade e até nas agências de fomento. Se não tivesse esse recurso, não poderíamos manter esse experimento e, consequentemente, as dissertações, teses e orientações científicas, com certeza estariam prejudicadas”.

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