Segurança alimentar no contexto universitário foi tema da 32º Roda de Mate e Debate

Segurança alimentar no contexto universitário foi tema da 32º Roda de Mate e Debate

A importância do acesso a uma alimentação digna e com qualidade aos universitários foi o assunto da 32ª Roda de Mate e Debate, promovida pela Feira Agroecológica da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), na noite de ontem (19). O evento faz parte das comemorações de aniversário do projeto de extensão no Câmpus de Irati e reuniu estudantes, Direção de Câmpus, Reitoria e assistência estudantil para debater o tema. 

Coordenadora do projeto em Irati, a professora Fernanda Keiko Ikuta explica que a temática veio ao encontro de uma pesquisa divulgada recentemente pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). O estudo apontava altos índices de insegurança alimentar entre os estudantes, sobretudo os cotistas da instituição.

“É um tema importante para toda a comunidade acadêmica porque, além de tentarmos investigar, levantar e debater como é que está a questão da segurança ou insegurança alimentar estudantil, é um tema que conversa com o próprio problema da evasão do ensino superior nas universidades públicas. É um tema que precisamos olhar para continuarmos sendo uma universidade pública, gratuita e de qualidade”, afirma a docente. 

Roda de conversa trouxe perspectivas sobre a realidade estudantil e a necessidade da universidade garantir o acesso a uma alimentação saudável e nutritiva (Foto: Coorc)

Com uma metodologia participativa, a roda de conversa trouxe perspectivas sobre a realidade estudantil e a necessidade da universidade garantir o acesso a uma alimentação saudável e nutritiva. Um dos desafios elencados pelo reitor da Unicentro, professor Fábio Hernandes, é a falta de uma política estadual de assistência estudantil que amplie esse subsídio. “Precisamos de uma lei estadual para avançarmos ainda mais nesse quesito, porque existe a normativa federal, mas ela não é estendida às universidades estaduais. Estamos agora com um projeto de lei em andamento, que foi liderado pela Universidade Estadual de Londrina, e estamos buscando meios para que a gente consiga, com o amparo em lei, dar mais condições aos nossos estudantes no sentido da alimentação”, afirma. 

Também presente, o diretor do Câmpus de Irati, professor Ronaldo Maganhoto, aproveitou a ocasião para esclarecer os trâmites envolvendo o processo de licitação do restaurante universitário da unidade que, assim como em grande parte das universidades estaduais, é terceirizado. A estimativa, segundo o diretor, é de que uma nova empresa assuma o restaurante em Irati a partir de agosto. “A gente vem trabalhando a questão do RU desde que assumimos a gestão. A empresa anterior, infelizmente, não teve interesse em prorrogar o contrato e agora estamos em meio ao processo de licitação. Na semana que vem já iniciaremos o acolhimento das propostas, buscando iniciar as atividades o mais rápido possível”, detalha. 

O evento também serviu para dirigentes e acadêmicos articularem propostas e pensarem em alternativas, levando em consideração as demandas do corpo discente de Irati. Uma das participantes foi a acadêmica Alice Valverde, que representou o Centro Acadêmico de Fonoaudiologia. “A longo prazo, acho que nossa principal demanda é ter um RU estatizado, que seja acessível a todos e que tenha isenção principalmente aos estudantes cotistas, que estão em maior vulnerabilidade. Essa conversa de hoje foi muito proveitosa. Temos poucos momentos em que podemos debater nossas ideias e ter um diálogo real e público, isso é muito importante”, enfatiza a estudante.

A partir da conversa, a Diretoria de Apoio Estudantil do Câmpus de Irati pretende fazer diagnósticos para auxiliar a permanência dos estudantes que tenham dificuldades, seja na alimentação ou em outro aspecto básico. “Esse momento foi imprescindível e realmente trouxe à tona uma problemática importantíssima. Entendemos que a segurança alimentar não é simplesmente se alimentar, mas do quê se alimentar”, reforça a diretora de Apoio ao Estudante de Irati, professora Andrea Nogueira Dias.

“O desafio é esse: conhecer a nossa realidade, conhecer outras experiências que talvez possam ser bem-sucedidas nesse sentido e aprender com elas. Tentar, quem sabe, formular e propor algo adequado para a nossa situação específica aqui no Câmpus de Irati e na Unicentro como um todo”, complementa a professora Fernanda.

Por Paula Claro


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