Aniversário da Feira Agroecológica da Unicentro começa com programação diversificada em Irati
Desde o início da manhã desta quarta-feira (19), o Câmpus de Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) está ocupado pelas barraquinhas da Grande Feira da Agrobiodiversidade. No entanto, os festejos de 15 anos do projeto da Feira Agroecológica da Unicentro não param por aí. O evento, que também celebra os 10 anos da iniciativa no Câmpus de Irati, se estende por quatro dias de programação, que inclui também oficinas, seminários, debates, exposição de ações da universidade, uma caminhada por propriedades rurais da região, entre outras atividades.
“O objetivo do evento é trazer feirantes, expositores, oficineiros, inclusive de fora do projeto, para que possam demonstrar um pouco de toda a produção de alimentos, de artesanatos e de práticas que fazem parte do dia a dia de quem faz a agroecologia. Ao mesmo tempo que é um movimento social e uma prática agrícola, a agroecologia é uma ciência feita da interface de muitas formas de saberes e práticas. A agroecologia é um modo de vida”, enfatiza a professora Fernanda Keiko Ikuta, coordenadora do projeto no Câmpus de Irati.
Nas barracas da feira, os produtos são variados. Hortaliças e frutas dividem espaço com artesanatos, assim como plantas e extratos medicinais estão junto com outras bancas que vendem comidas, roupas e acessórios. Só no espaço que Maria Aparecida Alves oferta sementes crioulas a lista já é imensa: girassol, abóbora, feijão de corda, feijão-guandu, fava, amendoim, quiabo, coentro, salsinha e assim por diante. Maria Aparecida é guardiã de sementes orgânicas, função que envolve a produção, o resgate, a multiplicação, a colheita e o armazenamento de sementes.
Com uma propriedade no Assentamento João Maria de Agostinho, em Teixeira Soares, Maria integra o Coletivo Triunfo, que atua na promoção da agroecologia. “Eu acho uma coisa muito legal ter essas feiras, principalmente para nós mulheres. Porque a gente nunca tinha renda, sempre dependia dos maridos. Então as mulheres se sentem assim meio fechadas por elas não terem dinheiro para poder comprar as coisas delas. Então isso daqui para nós foi uma coisa maravilhosa que surgiu”, comenta a agricultora.
Essa percepção sobre a visibilidade do trabalho das mulheres no campo se relaciona justamente com o tema do seminário realizado no final da manhã. Com enfoque em metodologias feministas e participativas para uma pesquisa social crítica, a AS-PTA, entidade de assessoria técnica para agricultura familiar e agroecologia, desenvolveu um projeto com 15 agricultoras de Palmeira, Teixeira Soares e Rio Azul, utilizando o que eles chamam de cadernetas agroecológicas.
“O convite é para que as agricultoras anotem tudo o que elas consomem, vendem, trocam ou doam num caderno e a gente vai fazendo a sistematização e refletindo com elas sobre isso. Então a caderneta agroecológica é uma pesquisa que são elas que fazem, porque são elas que coletam os dados, elas que são as pesquisadoras, e que a partir disso a gente vem discutindo o monitoramento da produção, a visibilização do trabalho e a contribuição econômica das mulheres dentro dos lares”, explica Luiza Damigo, integrante da AS-PTA.
Já as oito oficinas do encontro trazem aspectos variados para a programação. Realizadas durante o dia, elas tratam desde a produção de bioinsumos, passando por sistemas eletrônicos de controle de umidade com Arduino, até yoga e dança.
Terezinha de Lima dos Santos foi uma das oficineiras da manhã. Na Unicentro, a agricultora da comunidade Arroio Grande, em Irati, ensinou como produzir uma tintura fitoterápica com milome, guaco e o pariparoba. “Pra mim foi muito importante estar fazendo essa oficina, passando para eles e eles aprendendo como fazer isso, que é um fitoterápico muito essencial para ter na família, que é bom para o estômago, para o intestino, para o fígado e também para a picada de insetos”, explica Terezinha.
Para a professora Fernanda, a dimensão e a diversidade do evento ajudam a contar um pouco sobre como tem sido a trajetória da iniciativa nesses 15 anos de Feira. “O projeto como um todo, é exatamente essa coleção, essa expressão da articulação de vários sujeitos, pessoas, grupos, movimentos sociais, instituições que, de diferentes formas, a partir de diferentes saberes, técnicas, práticas e experiências científicas ou populares, se articulam e se encontram em momentos como esse que é a feira. Uma grande feira que é esse espaço de encontro de várias formas de fazer e de saber, de construir saberes”, complementa.
32ª Roda de Mate e Debate
A programação segue nesta quarta-feira, às 19h, no auditório Denise Stoklos, quando acontece a abertura oficial do 15º Aniversário da Feira Agroecológica da Unicentro e 10 anos de feira no Câmpus de Irati. Além de apresentações culturais, a noite contará com a 32ª edição da Roda de Mate e Debate, que vai discutir a segurança alimentar no ensino superior como parte da política de combate à evasão universitária.
“Esse tema é fundamental para os estudantes e, portanto, de preocupação para todos nós da universidade. A partir dele a gente pode estar pensando políticas de assistência social, até mesmo para garantir a permanência dos alunos na universidade. Além disso, envolve também a agricultura familiar e todos preocupados com segurança e soberania alimentar”, pontua a coordenadora do evento.
Confira a programação completa dos próximas dias de evento
Por Wyllian Correa
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