Aplicativo busca criar plano de atividades personalizadas para alunos autistas em aulas de Educação Física
De um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), nasceu uma proposta inovadora: um aplicativo que permitisse aos professores compartilharem e escolherem as melhores atividades para alunos autistas nas aulas de Educação Física.
O projeto teve início em 2023, quando o então acadêmico William Swarsz da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) buscava conciliar temas da área da Educação Física com o seu interesse por tecnologia, em especial pela inteligência artificial, para escrever o seu TCC. Ao pesquisar sobre o assunto e com a ajuda da namorada Andressa Onyszko, que é biomédica, ele definiu que teria como foco um grupo específico: os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“A partir disso surgiu a ideia: ‘por que não criar um aplicativo que auxilie pessoas com TEA, ao invés de somente pesquisar tecnologias que já existem?’. Então, com a ajuda do meu professor Angelo Juliano Carneiro Luz [orientador de TCC], fomos trabalhando em cima desse aplicativo para conseguir atender as demandas desse grupo especial”, conta o recém-formado no curso de Educação Física do Câmpus de Irati.
William comenta que, durante a construção do trabalho, o Estágio em Licenciatura foi uma das experiências que reforçaram o seu propósito de criar uma solução tecnológica. “A observação das aulas de Educação Física voltadas para alunos não somente com o Transtorno do Espectro Autista, mas com outras deficiências, revelou diversas necessidades e desafios específicos enfrentados tanto pelos estudantes quanto pelos professores. Ao presenciar essas interações, ficou evidente a falta de ferramentas adequadas para atender as particularidades desses alunos e facilitar o trabalho dos educadores”, pontua William.
Ao mesmo tempo, por intermédio do professor Angelo, o acadêmico buscou uma parceria com a Incubadora de Negócios Irati (Ineti), que ajudaria com a parte de programação, e assim daria vida à iniciativa. De acordo com o diretor da Ineti, professor Diogo Luders Fernandes, a proposta é montar um banco de atividades, que permita aos professores cruzarem as características dos alunos e assim receberem indicações para cada caso, que permitam aproveitar as habilidades e responder às necessidades dos estudantes. Ainda segundo o docente, uma versão preliminar do programa já está em funcionamento.
“Desenvolvemos o aplicativo no modo de um MVP, sigla em inglês que significa Produto Mínimo Viável, que é uma versão mais simples e enxuta do produto. A gente também já levou para um professor que trabalha hoje na APAE [Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais], para ele fazer o teste, se ele realmente se adaptaria ou não. Esse professor deu um feedback muito positivo e a gente decidiu agora continuar com o projeto”, destaca Diogo.
Financiamento da Fundação Araucária
Neste mês, o desenvolvimento da solução tecnológica recebeu um novo impulso. Com o nome de “Spectrum: Plano de Aprendizagem Personalizado para Autistas para aulas de Educação Física”, a proposta foi uma das selecionadas pela “Chamada Pública Tadeu Felismino”, da Fundação Araucária. Lançado pela agência de fomento paranaense no ano passado, o edital integra o Programa de Apoio a Ambientes Promotores de Inovação no Paraná – Edição Instituições/Organizações e garante um aporte de R$ 150 mil para o projeto.
Como detalha o diretor da Ineti, esse dinheiro vai ser fundamental para a elaboração de um protocolo de avaliação, próxima etapa de trabalho e que deve ser o grande diferencial da iniciativa. Para tanto, será montado um grupo interdisciplinar com docentes de Psicologia, de Educação Física e de Pedagogia, juntamente com professores que auxiliam alunos com necessidades especiais, além de bolsistas de Iniciação Científica e a Coordenadoria de Apoio ao Estudante.
“Uma universidade como a Unicentro, que tem uma incubadora de negócios, não pode ser simplesmente uma coadjuvante na área da inovação, ela tem que ser a força motriz. É ela que tem que puxar essa questão da inovação, da tecnologia, do empreendedorismo na nossa região. E esse aqui é um exemplo claro do que a gente vem fazendo. Queremos continuar levando essa energia e essa cultura inovadora do empreendedorismo para toda a nossa região”, pontua o diretor da Ineti.
“A expectativa com esse projeto é da gente sair do campo das ideias e suposições e fazer disso algo concreto. Com a ajuda de outras pessoas, professores da área e especialistas no assunto, fazer desse aplicativo algo funcional, algo que realmente faça diferença na vida de uma pessoa com TEA. Queremos colocar esse aplicativo na mão dos professores de todo o estado e quem sabe do Brasil”, complementa William.
Por Wyllian Correa
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