UEPG – Qualidade da água em sub-bacias com diferentes usos do solo na bacia hidrográfica do Rio São João
Lorena Milock de Freitas
Data da defesa: 29/02/2016
Banca:
Dr. Carlos Hugo Rocha – UEPG – Primeiro Examinador
Dra. Ana Carolina Barbosa Kummer – UEPG – Segunda Examinadora
Dr. Marcos Rogério Széliga – UEPG – Orientador e Presidente da Banca
Dr. Luiz Carlos Godoy – Coorientador
Resumo:
Atividades antrópicas desenvolvidas em bacias hidrográficas podem afetar os recursos hídricos, diminuindo sua disponibilidade. O presente trabalho foi desenvolvido na bacia hidrográfica do rio São João, manancial de abastecimento do município de Carambeí (PR), a fim de compreender os efeitos do uso e ocupação do solo na qualidade da água. Foram coletadas amostras de água durante nove meses, de abril a dezembro de 2015, em duas sub-bacias, uma com predomínio de vegetação nativa (sub-bacia 1 – 69,8%) e outra com predomínio de agricultura (sub-bacia 2 – 54,1%). Os parâmetros analisados foram oxigênio dissolvido (OD), temperatura, condutividade elétrica (CE), pH, sólidos totais dissolvidos (STD), turbidez, cor aparente, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), nitrogênio total (N-total), fósforo total (P-total), coliformes totais (CT) e fecais (CF). A análise de variância (ANOVA) confirmou que existem diferenças significativas entre os pontos de coleta. A sub-bacia 2 apresentou as menores médias para OD (6,2 mg L-1) e pH (6,9) e maiores médias para temperatura (17,8 ºC), cor (68,1), turbidez (26,5 UNT), STD (56,6 mg L-1), CE (76,1 μS cm-1), P-total (1,7 mg L-1), N-total (2,1 mg L-1), DBO (18,2 mg L-1) e CF (1451,0 NMP) e apresentou valores acima do estabelecido pelo CONAMA nº 357 para rios de água doce de classe II para P-total, DBO e CF. A sub-bacia 1 apresentou valores acima do estabelecido pelo CONAMA nº 357 para DBO e P-total e valores elevados de N-total (1,1 mg L-1). A análise de correlação de Pearson demonstrou haver influencia da precipitação acumulada na sub-bacia 1 para turbidez (- 0,70), STD (- 0,88) e CE (- 0,74) e na sub-bacia 2 para N-total (0,66) e CF (0,67). A temperatura atmosférica demonstrou correlações positivas com a temperatura da água, devido à variações sazonais naturais, o que influenciou os parâmetros nas duas sub-bacias, direta ou indiretamente, tanto nas temperaturas máximas, médias e mínimas. O OD apresentou relação inversa com a temperatura atmosférica nas duas sub-bacias. O pH do ponto 2 apresentou correlações negativas com a temperatura atmosférica, assim como a turbidez do ponto 1 (-0,67 temp. mín. dois dias). A cor apresentou correlações negativas com a temperatura atmosférica nas duas sub-bacias. A CE (0,74 temp. mín. dois dias) e os CF (0,74 temp. mín. dois dias) apresentaram correlação positiva com a temperatura atmosférica para o ponto 2. De maneira geral, constatou-se que a qualidade da água da sub-bacia 2 é fortemente influenciada pela agricultura, juntamente com a falta de vegetação ciliar e a adubação com dejeto animal. A sub-bacia 1 apresentou melhor qualidade da água devido a maior porcentagem de vegetação nativa. Entretanto, a falta de Área de Preservação Permanente nas nascentes e as granjas localizadas a montante da bacia afetam a qualidade da água.