“Violência Sexual pelo olhar de mulheres da Polícia Científica” é tema de evento no Câmpus Irati

“Violência Sexual pelo olhar de mulheres da Polícia Científica” é tema de evento no Câmpus Irati

O Setor de Ciências da Saúde do Câmpus Irati da Unicentro promoveu na última semana a aula inaugural do ano letivo de 2023. Na ocasião, o tema “Violência Sexual pelo olhar de mulheres da Polícia Científica” foi discutido pela médica-legista Maria Letícia Fagundes e pela perita criminal Denise Berejuk. De acordo com a diretora do setor, professora Katia Alexsandra dos Santos, o evento teve como objetivo integrar as diferentes turmas e trazer uma experiência profissional que costuma ser pouco discutida na graduação. “Não só para entender o trabalho dessas profissionais, mas também para pensar em formas de prevenção à violência sexual. A ideia é fazer uma discussão de um tema interdisciplinar que possa ter relação e impacto na atuação profissional dos estudantes, tanto da psicologia, da educação física e quanto da fonoaudiologia”, salienta a docente.

Antes das palestras do dia, o Grupo UniMooving fez uma apresentação no Auditório Denise Stoklos. O projeto coordenado pela chefe do Departamento de Educação Física do câmpus, professora Debora Gomes, trouxe a performance “Os opostos se respeitam” e a dança expressiva “Relações tóxicas”.

Na sequência, a perita criminal Denise Berejuk falou sobre a experiência dela na Polícia Científica. Fonoaudióloga, ela conta que está há quase 15 anos na corporação e que, nos últimos 5 anos, tem se dedicado em particular à análise de áudios de casos de violência contra a mulher. “A gente ouve muitas ameaças que acabam se concretizando, alguns homicídios que o agressor acaba gravando. Essas ameaças têm acontecido muito por aplicativos, tanto o WhatsApp como o Instagram. Muitas agressões também são filmadas. Tem agressores que sentem prazer em ver depois as agressões. Há ainda outros conteúdos dos telefones celulares, porque muitas vezes a pessoa tenta apagar, mas a gente consegue recuperar. Então é todo esse universo digital que está favorecendo que essas provas fiquem mais acessíveis”, explica a perita.

Depois de ter atuado por 27 anos como médica-legista, Maria Letícia é atualmente vereadora na Câmara Municipal de Curitiba. Na palestra, ela trouxe relatos da vivência profissional no atendimento das vítimas e ressaltou a importância da conscientização no enfrentamento da violência de gênero. “O último Anuário Brasileiro da Segurança Pública, lançado semanas atrás, mostrou que a violência cresce estatisticamente. É apavorante pensar que embora haja tanto esforço e trabalho, a gente ainda veja esses números crescerem. Como médica-legista, trabalhei muitos anos atendendo as vítimas na ponta, lá nos hospitais, ou fazendo o exame de lesão corporal no Instituto Médico Legal. Então, é uma questão de sensibilizar e trazer conhecimento”, salienta.

Presente no evento, o reitor da Unicentro, professor Fábio Hernandes, reforçou a necessidade do envolvimento das instituições de ensino no combate aos casos de assédio e de violência contra a mulher. “Nós temos aqui na Unicentro a nossa Comissão Permanente de Prevenção e Combate à Violência de Gênero. Nós estamos atuando no sentido de conscientizar toda a nossa comunidade acadêmica – estudantes, professores e agentes – e também a nossa comunidade em geral, para que sejam agentes transformadores na sociedade. Mostrar que isso é crime, que isso tem que ser punido e que a violência contra a mulher, a violência de gênero, não deve existir, não pode existir”, enfatiza o reitor.

 

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