Projeto de extensão da Unicentro reúne mulheres agricultoras em Seminário no Câmpus Irati
Mulheres agricultoras de Irati, Rebouças, Inácio Martins e Teixeira Soares participaram, ao longo do ano de 2022, de um projeto extensionista da Unicentro com foco no uso e no cultivo de plantas medicinais. Em oficinas realizadas dentro das próprias comunidades rurais, as integrantes aprenderam e trocaram conhecimentos sobre a produção de chás, óleos essenciais e cosméticos naturais, como desodorante, sabonete e tintura. Vinculado ao Programa Universidade Sem Fronteiras (USF) e realizado em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Câmpus Irati, o projeto teve, neste mês, seu encerramento durante o 1º Seminário de Integração: mulheres do campo e plantas medicinais.
O projeto, segundo o coordenador geral, professor Marcelo Barreto, teve o objetivo de gerar formas alternativas de renda e, também, fortalecer práticas já existentes entre as mulheres do campo. “As oficinas giraram muito em torno da construção do conhecimento. Então, a gente contribuiu com o que sabíamos, elas também contribuíram com o que elas sabiam e ali a gente produzia algo novo”, comenta o coordenador.
Cada comunidade rural participou de cinco encontros, com temáticas específicas, que foram conduzidos por docentes e bolsistas de ambas as instituições de ensino. A bolsista de Psicologia Eloísa Harmuch destaca a importância da experiência com a extensão para construir sua visão de mundo e ética profissional. “Esse deslocamento até as comunidades rurais da região foi um movimento bem bonito do projeto, a troca da universidade com a comunidade. É algo que vou levar para minha vida, tanto os saberes quanto esse modo de viver”.
Claudete Aparecida dos Santos foi uma das participantes. Há quatro anos, ela e o marido cultivam ora-pro-nóbis no município de Rebouças. Hoje, depois das oficinas, a agricultora adquiriu novos hábitos na rotina familiar. “Em casa, a gente não compra mais desodorante. A pasta de dente também aprendemos a fazer. Adorei essa parte porque eu uso para o dia a dia”, revela. Apesar de não ter intenção de comercializar os produtos, Claudete e outras agricultoras estão com planos de continuar os encontros semanais na comunidade.
Para a agricultora Margarete Lara, de Irati, um dos maiores aprendizados das oficinas foi a produção de pomadas a partir de plantas facilmente encontradas. “Já fiz lá na minha casa, a minha vizinha fez e a gente dividiu. Foi feita uma pomada de cipreste, mas também pode fazer de aroeira, de calêndula e outras coisas”.
Já na família da Rosa Lewitzki, o uso das plantas medicinais é um saber ancestral, repassado de geração em geração. Presidente da Casa da Cultura de Góis Artiga, na zona rural de Inácio Martins, ela viu nas oficinas uma oportunidade de trocar experiências e reforçar esse conhecimento entre as mais jovens. “Eu já conheço bastante sobre plantas medicinais, sempre usei para as minhas crianças. Mas eu gostei desde o início [das oficinas], porque as mulheres mais novas começaram a aprender a importância das plantas medicinais, quando só a gente fala, parece que não acreditam”, brinca.
Durante o Seminário de Integração, no Câmpus Irati da Unicentro, todas elas puderam se conhecer, avaliar as ações e pensar em novas possibilidades para o futuro. Segundo a coordenadora pedagógica do projeto e professora do IFPR, Silvana dos Santos Moreira, ambas universidades já têm recebido demandas de outras agricultoras da região. “O projeto mobilizou as mulheres. Tem grupos que estão super mobilizados, se organizando, se encontrando e elas querem uma continuação. Temos uma perspectiva de pensar, daqui para frente, com esses grupos que já estão conosco e temos recebido demandas de novos grupos”, avalia.