Estágio em Fonoaudiologia promove grupos de acolhimento a mulheres idosas de Irati
Um espaço de acolhimento e escuta para mulheres na terceira idade. Com este objetivo, o estágio em Saúde Coletiva de Fonoaudiologia promoveu encontros, ao longo do semestre, com grupos de idosas dos bairros Riozinho e Engenheiro Gutierrez, vizinhos do câmpus Irati da Unicentro. As reuniões, vinculadas ao Grupo de Estudos e Pesquisa Enlaces entre a Educação e a Saúde Coletiva (GEPEESC), abordaram discussões sobre envelhecimento, autocuidado, saúde mental e autoestima.
De acordo com a professora Amanda Zerbeto, responsável pelo estágio, a proposta surgiu após um levantamento realizado em conjunto com a Secretaria de Saúde de Irati. Através de entrevistas individuais com a população idosa do município, foi possível identificar as principais demandas. “O que percebemos nas conversas é que eles sentem muita falta de terem com quem conversar. A família não tem tempo porque os filhos trabalham ou eles moram sozinhos. Organizamos grupos com idosas mulheres porque entendemos que as mulheres têm especificidades diferentes”, explica.
Em oito encontros com temáticas específicas, as participantes puderam trocar experiências, conhecimentos e estreitar as relações entre elas, além de contarem com o suporte das estagiárias e das profissionais da Unidade Básica de Saúde do bairro Riozinho, local em que as reuniões foram realizadas. A professora Amanda ainda complementa que o estágio teve o intuito de evidenciar a importância do cuidado para além da saúde física. “Não é só tomar um remédio para diabetes, para hipertensão. Cuidar da nossa saúde social, da nossa saúde mental importa. Elas encontraram um espaço em que puderam compartilhar as vivências e a gente pode discutir diversos assuntos, como o que mudou com a velhice. Elas falaram das mudanças físicas, as dores, limitações que elas têm, a perda do trabalho”, diz.
O encerramento do estágio resultou na 1ª Exposição de Arte “Nossas histórias”. Isso porque, durante os encontros, as participantes foram incentivadas a confeccionar um produto – de itens alimentícios a peças de tricô e crochê, que representasse parte de sua história de vida. A mostra enalteceu as habilidades pessoais de cada uma e também proporcionou um momento de confraternização. A dona Zelia da Silva Santos levou um licor artesanal de mimosa, receita que é uma herança familiar e comercializada por ela e pelo marido. “É o que eu sei fazer, o que eu gosto de fazer e todo mundo gostou. E, o mais importante, na minha opinião, foi a amizade que a gente fez com as meninas”, enfatiza a comerciante.
Para aluna de Fonoaudiologia Flavia Martins, a experiência com o grupo mostrou uma perspectiva diferente de atuação no campo da saúde. “Além do fazer clínico, a gente pode promover ações que gerem um bem-estar, um conforto e um lazer para essas idosas. A gente também tem que olhar o quanto essa pessoa precisa dessa escuta, de um acolhimento”, finaliza.