689 indígenas têm inscrições para o Vestibular dos Povos Indígenas homologadas
A 23ª edição do Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná registrou 689 inscrições homologadas. Neste ano, a instituição com maior número de inscritos foi a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, a Unioeste, com um total de 167 candidatos. Em seguida, vem as universidades Estaduais do Norte do Paraná, a Uenp, com 152 inscrições; a Maringá, a UEM, e a de Ponta Grossa, a UEPG, com 130 inscritos; a do Centro-Oeste, a Unicentro, com 100; a de Londrina, a UEL, com 89; e a do Paraná, a Unespar, com 24 inscritos. Já a Universidade Federal do Paraná tem 27 inscritos. O número de interessados em participar do processo seletivo, destaca a presidente da Cuia da Unicentro, Sandra Mara Mattos, vem se mantendo nos últimos anos. “É um número esperado, já vem repetindo esses números nos últimos vestibulares. Então, para nós, é uma grande satisfação que esse número tenha permanecido nesse patamar”, avalia.
A homologação das inscrições para o Vestibular Indígena depende da apresentação, por parte do candidato, de diversos documentos. Entre eles, uma carta assinada pelo cacique da terra indígena a que pertence. O processo de análise da documentação ocorreu na Unicentro, que é a instituição responsável pela organização do vestibular neste ano. “Participam todas as universidades estaduais e a federal, e nós temos a presença das lideranças indígenas também. Dentro desse processo, fazemos a homologação das inscrições e aquelas que tiverem algum tipo de problema vão para a comissão interétnica, onde a liderança e a Funai vão decidir se essas inscrições são válidas ou não são”, explica Sandra.
Neste ano, as provas serão realizadas nos dias 07 e 08 de maio, nos polos de Mangueirinha, Manoel Ribas, Apucaraninha, Santa Helena, Nova Laranjeiras, Cornélio Procópio e Curitiba. Em cada edição do vestibular, são reservadas seis vagas em cada uma das sete universidades estaduais do Paraná e outras 10 para a Universidade Federal do Paraná.
Para o vice-reitor da Universidade do Norte do Paraná, Ricardo Campos, e para a presidente da Cuia Estadual – a Comissão Universidades para os Índios, Dulcineia Galliano Pizza, que participaram do processo de homologação das inscrições, a procura dos candidatos por uma das vagas reflete o avanço positivo da política paranaense voltada a inserção dos povos indígenas no ensino superior. “Isso significa que essa política de inclusão indígena está sendo vista e evidenciada dentro das terras indígenas, principalmente porque os indígenas vieram para as universidades, já voltaram para as suas terras e hoje estão como professores, dentistas, médicos. Então, eles são replicadores dessa vontade dos povos indígenas acessarem cada vez mais o ensino superior”, conjectura Ricardo. “Isso demonstra que o trabalho da Cuia vem sendo um trabalho assertivo, um trabalho qualificado e que nós estamos conseguindo uma inserção desses indígenas no ambiente da universidade”, complementa Dulcineia.
O cacique José Carlos Sales, da reserva indígena Mococa, também acompanhou o processo de homologação das inscrições e reforça a satisfação em ver indígenas assumindo seus lugares nas universidades. “Para nós, é de grande importância para as nossas aldeias, para os indígenas que se formem, passem a nos representar em todo o Paraná. Isso para nós é gratificante”, finaliza.