Serviço de Atendimento à Animais Silvestres completa 16 anos na defesa da fauna de vida livre

Serviço de Atendimento à Animais Silvestres completa 16 anos na defesa da fauna de vida livre

Uma história de zelo e dedicação à fauna silvestre que se transformou em uma referência em todo o Paraná. Assim surgiu o Serviço de Atendimento à Animais Silvestres (Saas) que, neste mês, comemorou 16 anos de empenho em prol do resgate e reabilitação de animais de vida livre.

Tudo começou em 2006, devido a uma demanda da Polícia Militar Ambiental, que precisou de auxílio quando uma fêmea de veado foi resgatada com um ferimento à bala. A necessidade do momento e o desejo de ajudar despertaram a fagulha do projeto em quem seria o criador do Saas, o professor Marcos Vinicius Tranquilim.

A Força Verde precisou de ajuda com uma fêmea de veado que tinha sido caçada. Ela levou um tiro no abdômen e sobreviveu. Então, foi resgatada, trazida para a clínica e não tinha um serviço de animais selvagens, não havia nenhum professor com essa habilitação, mas nós tínhamos um professor genial aqui, que era o professor Marcos Tranquilim.  Ele sempre foi uma pessoa muito pró-ativa, muito estudiosa, muito inteligente, à frente do seu tempo e ele acabou aceitando o encargo de assumir a responsabilidade. Foi feita a cirurgia com os colegas da época, foi improvisada uma sala para o animal se recuperar e, nesta sala improvisada começaram a atender de acordo com a demanda das autoridades ambientais, porque daí já sabiam que tinham um respaldo aqui”, conta o atual coordenador do Saas/Cafs da Unicentro, o professor Rodrigo Antonio Martins de Souza.

No ano seguinte, em um novo espaço, maior e mais adequado às pretensões desta recém iniciativa, o Saas passou a contar com a colaboração de diversos professores do Departamento de Medicina Veterinária e alunos do centro acadêmico. Cursos e ações eram realizados para juntar fundos visando a aquisição de equipamentos e o que fosse necessário para a reabilitação dos animais resgatados.

Cafs trabalha apoiando o IAT(Foto: arquivo)

Em 2015, o admirado professor Marcos Tranquilim faleceu vítima de um câncer de pâncreas e quem assumiu o posto de coordenador do serviço foi seu colega e amigo, Rodrigo Martins de Souza.  “Eu acabei assumindo, relutantemente no começo, a missão porque é muito difícil você substituir uma pessoa tão genial, mas acabei aceitando. Comecei a me inteirar, eu já trabalhava com ele, mas ele era o responsável e a gente continuou crescendo, fazendo nosso trabalho, ajudando da melhor maneira que podemos. Ajudamos sempre a Força Verde, o Ibama, o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) na época. Em 2019, o IAP chamou a gente para uma conversa para falar sobre o projeto que eles têm dos centros de apoio à fauna silvestre (Cafs) e perguntaram se a gente teria condições de gerenciar esse Cafs aqui”, disse Rodrigo.

Em 2019, um reconhecimento dos bons serviços prestados tornou possível o crescimento e a consolidação da infraestrutura do projeto. E, assim, o serviço passou a abranger um Centro de Apoio a Fauna Silvestre (Cafs), através de um convênio entre a Unicentro e o Instituto Água e Terra (IAT), possibilitando a aquisição de equipamentos, em parcerias com empresas que requerem licenças ambientais, e a contratação de dois residentes.

Esse convênio nos permite divulgar, dar visibilidade ao que a gente faz. Vários dos trabalhos aqui acabam culminando em soltura. Acaba sendo bem interessante porque a comunidade vê um trabalho que já começou há muitos anos, mas que vem se intensificando. Agora, por exemplo, a gente tem duas residentes, uma com recursos do IAT e outra com recursos da Unicentro. Então, o serviço segue crescendo cada vez mais, com mais e mais equipamentos”, conta Rodrigo.

Recentemente, o projeto Saas e seu coordenador foram prestigiados com uma moção de aplausos e congratulações da Câmara de Vereadores de Guarapuava. Homenagem dividida por Rodrigo com todos que contribuíram com a iniciativa. “Essa moção é algo extremamente bem vindo, uma homenagem muito bem-vinda porque é no fundo para o serviço, ela não é para o professor Rodrigo e sim para o serviço, eu estou lá como coordenador de um serviço que é enorme, que é formado a múltiplas mãos, então é extremamente gratificante, mas eu me sinto no dever moral de compartilhar esse reconhecimento com toda a equipe, com todos os estagiários da veterinária, da biologia, todos os residentes que passaram por aqui. Nós temos ex-alunos trabalhando na área em vários estados e até mesmo no exterior, então é muito bacana, mas é um reconhecimento que deve ser compartilhado, com certeza”.

É uma honra prestar essa homenagem, destacando que é dentro da nossa universidade, a Unicentro, que já tem mais de 30 anos, que tanta coisa boa tem feito pelo nosso município, pela região toda e até por pessoas de outros estados. Homenagear o professor doutor Rodrigo Antônio Martins hoje é uma honra porque estaremos dando o valor que merece a nossa universidade pública ”, declarou a proponente da moção de aplauso, vereadora Terezinha Daiprai.

Câmara de Vereadores homenageou o serviço prestado pela Unicentro

Desde a sua fundação, o serviço já atendeu mais de 4 mil animais silvestres e recentemente tem sido destaque regional e até nacional, ao receber animais resgatados em acidentes e também vítimas de apreensões. Atualmente, o Cafs da Unicentro está com mais de 70 animais em atendimento, na maioria aves, seguidas de mamíferos e répteis e é a unidade que mais realiza solturas de animais silvestres reabilitados na natureza. Uma história de sucesso de uma proposta que nasceu da vontade de ajudar e, cada vez mais, se torna um exemplo do trabalho realizado dentro da universidade em benefício da sociedade.

Ver o trabalho crescer é muito gratificante, não tem nem palavras, porque é um trabalho que a gente começou de modo silencioso, um trabalho de formiguinha, tapando buraco, porque era uma necessidade e a gente podia oferecer alguma ajuda, mas agora a gente tem muito mais material, muito mais recursos. A universidade sempre nos apoia em tudo que a gente precisa, o IAT tem nos apoiado imensamente, sempre que a gente precisou da Força Verde eles nos ajudaram, então o trabalho cresce porque a gente tem uma cadeia de pessoas nos ajudando, tanto instituições como pessoas. Os professores seguem ajudando muito, todos os professores que a gente solicita ajuda, eles estão prontos para ajudar”, finaliza Rodrigo.

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