Estudante da Unicentro é premiada em evento da área de Fonoaudiologia

Estudante da Unicentro é premiada em evento da área de Fonoaudiologia

Uma pesquisa desenvolvida na Unicentro recebeu o prêmio de Melhor Trabalho Científico, na categoria Graduação, na área de Voz, durante o 28º Congresso Fonoaudiológico de Bauru – um dos principais eventos da área, que é promovido pela USP, a Universidade de São Paulo. A pesquisa intitulada “Autopercepção vocal de professores durante a pandemia da Covid-19” é de autoria da estudante de Fonoaudiologia Regiane Máximo da Silva.

“Eu me deparei com uma conversa com a minha cunhada e ela trouxe uma queixa vocal, porque ela é professora de ensino fundamental em um colégio privado. Foi logo que iniciou a pandemia e as aulas remotas. Pensei em pesquisar, então, o grupo específico de professores, porque eles têm uma alta demanda e fazem o uso profissional da voz, portanto tem bastante queixas nesse grupo específico de professores”, lembra a estudante.

A aluna procurou a professora Eliane Cristina Pereira, do Departamento de Fonoaudiologia da Unicentro, para discutir as possibilidades de pesquisa. A orientadora destaca que, durante a pandemia, o fato dos professores passarem a ministrar suas aulas de forma remota despertou o interesse em descobrir se haveria um impacto significativo no desempenho de suas funções. “De fato”, avalia a docente, “é um assunto muito importante, devido à importância da voz do professor como instrumento de trabalho. Neste momento, que houve uma mudança muito grande de local de trabalho, da forma de dar aula, investigar como estava a voz dos professores e o que estavam sentindo em relação à voz foi uma ideia que chamou a atenção e de imediato a gente teve o interesse de pesquisar e ver o que estava acontecendo”.

Para construírem um panorama sobre o assunto, a estudante e a professora elaboraram um questionário online e divulgaram amplamente para a coleta de dados. Os professores participantes da pesquisa responderam questões sobre sintomas vocais como rouquidão, cansaço ou mudez após uso prolongado da voz, dificuldade para projetar a voz, desconforto ou esforço ao falar, garganta seca, dor na garganta, pigarro, gosto ácido ou amargo na boca, dificuldade para engolir e instabilidade ou tremor na voz. A iniciação científica de Regiane esteve vinculada ao Gevoz, que é o Grupo de Estudos em Voz da Unicentro.

Como discorre a professora Eliane, o estudo também contou com a colaboração das demais pesquisadoras do Gevoz, as professoras Ana Paula Dassie-Leite e Perla do Nascimento Martins, e com a parceria das docentes Roxane de Alencar Irineu, da Universidade Federal de Sergipe, e Vanessa Veis Ribeiro, da Universidade Federal da Paraíba. “Nós convidamos essas professoras para participarem dessa pesquisa conosco, com uma parceria, para que a gente conseguisse atingir um número maior de professores possível para responder a esse questionário que nós fizemos, para que fosse uma pesquisa que mostrasse a realidade nacional, que não fosse só regional ou do Paraná. Fazer essa apresentação com esse trabalho reconhecido e premiado traz ainda um incentivo a mais para continuar as pesquisas, para continuar se dedicando à pesquisa com seriedade e trazendo essas alegrias para a aluna, para a nossa equipe do Gevoz e para a universidade”.

Os resultados do estudo, como descreve a aluna Regiane, surpreenderam as pesquisadoras, que investigaram os sinais e sintomas vocais de professores da Educação Infantil e dos ensinos Fundamental, Médio e Superior, antes e durante a pandemia. “Referente aos professores da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e Ensino Médio, referiram diminuições dos sintomas de esforço durante o período de pandemia, e os professores universitários não. Foi o contrário do que imaginávamos. No caso da minha cunhada, ela tinha uma queixa que, no ensino remoto, a voz estava pior. Com isso, a gente percebeu que isso não aconteceu com todos os professores, mas para quem já tinha queixas de voz, piorou”, diz Regiane.

A estudante explana, ainda, sobre os possíveis motivos para esses resultados. “Isso pode ter ocorrido porque os três ensinos tinham uma demanda maior de uso vocal. Se a gente parar para pensar como é a escola, é um lugar extremamente ruidoso e, historicamente falando, a gente sabe que é um lugar insalubre para a voz. Essa pesquisa foi coletada no começo da pandemia, então eles tiveram um impacto de sair desse ambiente ruidoso e ir trabalhar cada um nas suas casas. Já os professores universitários têm um número reduzido de horas-aula, até porque é dividido com outras funções, como pesquisa e extensão. Outro motivo pelo qual os professores têm referido diminuição dos sintomas é porque estavam em um período muito crítico e talvez não estivessem prestando atenção, exclusivamente, no problema da voz, mas sim, em toda a modificação que estava acontecendo na vida de todo mundo”.

O artigo completo “Autopercepção vocal de professores durante a pandemia da Covid-19” estará disponível, em breve, nos anais do Congresso Fonoaudiológico de Bauru, que poderão ser acessados no site do evento (https://cofab.fob.usp.br/anais/).

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