Feira Agroecológica promove primeira “Hora da Prosa”
“Saudações agroecológicas a todos aqui presentes, que constroem uma nova ideia de pessoas conscientes, desde o nobre agricultor ao renomado doutor”. Foi com a declamação do cordel, de autoria desconhecida, que teve início a “Hora da Prosa” – evento online promovido pela coordenação da Feira Agroecológica da Unicentro que completou 12 anos de funcionamento em Guarapuava e sete em Irati.
A coordenadora pedagógica do projeto de extensão Irati, professora Fernanda Keiko Ikuta, elucidou que o evento teve como objetivo a aproximação entre os agricultores, consumidores e a comunidade universitária. “Promover a interação e a troca de conhecimento entre consumidores, agricultores e universitários a partir de uma metodologia que proporcione um diálogo horizontal e agradável. Em tempos de pandemia e necessidade de isolamento social, sem a realização da nossa feira presencial, das visitas de campo, da roda de mate e debate, a primeira Hora da Prosa oferece a oportunidade para que possamos apresentar os feirantes do projeto”.
A feira, que tem como principal característica a comercialização de produtos sem agrotóxicos e não transgênicos, trabalhando o contato direto entre produtor e consumidor, tem se consolidado pela comercialização de produtos frescos e de qualidade. O coordenador geral da Feira Agroecológica da Unicentro, professor Jorge Favaro, mostrou emoção diante da forma como o projeto tem se desenvolvido ano após ano. “Ouvir as pessoas é uma das intenções do projeto, essa relação que a universidade tem com a comunidade, com os consumidores e produtores. Então, é muito emocionante. Mostra uma das questões da agroecologia que é o modo de vida, relacionado a pessoas, com o ambiente, animais e as plantas. Então, é nesse sentido que a Feira Agroecológica teve seu início”, diz.
Os principais personagens do projeto também estiveram presentes, mesmo que de forma virtual por conta da pandemia de coronavírus. Os feirantes puderam dar seu depoimento sobre o projeto, que busca aproximar o campo e a cidade. A agricultura do município de Rebouças, Eliane Muchenski, por exemplo, destacou a importância do debate e as formas de produção dos alimentos orgânicos. “Eu debato muito essa questão de dizerem que o orgânico são hortaliças inferiores, que tem que ter agrotóxicos e adubos para ter um alimento bonito. Então, eu debato porque isso não é verdade. Se a gente souber fazer o manejo de solo, que orgânico tem pulverizações, tem que colocar alimentinho ali para as plantas. Então, isso tem que ser estudado e, cada vez mais, temos que trazer inovação e tecnologias para que ajude a gente aqui na propriedade”.
O agricultor Claudinei Cipriano também salientou a relevância do espaço proporcionado pela Feira, destacando que a participação no projeto impactou positivamente toda a sua vida, indo muito além da renda. “Minha vida mudou, mudou para melhor. Minha cabeça, saúde, autoestima, tudo mudou com o orgânico. A produção orgânica é muito gratificante para a gente, aprendemos a pensar de um modo diferente o mundo, a natureza, o contato com essa vida, com esse universo que tem, é um alimento vivo o orgânico”, avalia.