Projeto da Unicentro levará o ensino do Karatê a estudantes da rede pública
Levar a prática de artes marciais a várias cidades do Paraná, com foco em crianças e adolescentes da rede pública de ensino, através das universidades públicas. Esse é o programa de extensão apresentado pela Fundação Araucária em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A realização do programa foi possível graças a uma emenda parlamentar do deputado federal Aroldo Martins, que é faixa preta em Taekwondo. Ciente dos benefícios das artes marciais tradicionais, a ideia é trabalhar o respeito e a disciplina e até descobrir talentos no esporte.
“A ideia central do direcionamento dessa emenda foi, exatamente, de levar para as comunidades carentes, onde estão as escolas, as artes marciais para que possamos fazer um trabalho de inclusão social, de educação, de melhoramento do caráter, de aproximação social, de enaltecimento de valores em pré-adolescentes e em adolescentes de oito aos 17 anos. A razão não é apenas o de levar em si a luta marcial, mas junto com os exercícios das artes marciais nós levarmos a filosofia, a história, a cultura da arte marcial, que é fundamentada em cima do respeito, da organização, da submissão e consideração para com os colegas, respeito aos mais graduados. Então, dá aquela ideia da marcialidade e a ideia da organização e da disciplina que tem a arte marcial”, disse Aroldo.
Em Guarapuava, a Unicentro é o núcleo do programa de extensão e o projeto escolhido contempla uma das principais artes marciais japonesas: o karatê. Submetido pelo professor Marcus Tartaruga, do Departamento de Educação Física, o projeto tem como foco o esporte que estreará neste ano nos Jogos Olímpicos. “O objetivo é desenvolver atividades de lutas, de artes marciais, justamente para combater a vulnerabilidade de estudantes, principalmente da rede pública. Serão aulas destinadas à prática do karatê, desde a prática para crianças como para adultos, gratuitamente, justamente em horários alternativos do colégio”, explica Marcus.
A modalidade já é velha conhecida do professor e de membros do Departamento de Educação Física, que oferta a prática do karatê há mais de três anos como um projeto extensionista. Ao longo desse projeto, inclusive, já foram revelados talentos que chegaram a seleção brasileira de karatê. “A arte marcial contribui significativamente para a formação das pessoas, formação pessoal e formação dentro de uma sociedade. Muita gente pode pensar que artes marciais são modalidades que geram violência, muito pelo contrário, elas trazem outros princípios: respeito, hierarquia, respeito com o mais velho, dedicação e busca por um objetivo. Então, é benéfica essa prática e o Paraná, aqui para nós especificamente falando de Guarapuava, é importante, porque nós temos uma certa quantidade populacional com bastante vulnerabilidade”, diz Marcus, ressaltando que o Paraná é pioneiro no projeto e a ideia é servir de exemplo para outros estados.
Com o nome “Introdução ao Karatê-do”, o projeto tem duração de 18 meses, sendo os seis primeiros para planejamento e preparação para a prática. A verba total será de pouco mais de R$ 111 mil, englobando a aquisição de equipamentos, de material didático e bibliográfico, além de recursos destinados à bolsas para quatro acadêmicos, um docente externo graduado na modalidade e um profissional da escola que auxiliará no projeto.
Para a parceria, foi escolhido o Colégio Estadual Professor Amarílio, localizado no bairro Batel, em Guarapuava. Segundo a diretora da escola, Rosane Aparecida dos Anjos Paganotto, projetos assim influenciam positivamente os estudantes, tanto na vida pessoal quanto dentro da sala de aula. “Os benefícios oferecidos pelas artes marciais fortalecem o desenvolvimento do corpo e da mente dos nossos jovens, acarreta também formação disciplinar extremamente importante e necessária, para atender principalmente os jovens em processo de formação. Acredito que o esporte envolve a formação e reflete nas atitudes e resultados também em sala de aula. Então, a gente só tem a ganhar com esse projeto, com esse trabalho em parceria da universidade com a escola pública. O colégio está de portas abertas para desenvolver esse trabalho e realizar com grande motivação, entendendo que cabe a nós educadores esse trabalho de formação dos nossos jovens”, disse.
Com o início das aulas práticas programado para o segundo semestre, Rosane revela a ansiedade para o andamento das atividades, destacando a importância da parceria entre a universidade e escola pública. “Nós nos sentimos privilegiados. Foi muito gratificante receber o professor Marcus Tartaruga em nossa escola nos presenteando com o projeto e atendendo os nossos alunos e demais alunos da comunidade. Estamos ansiosos para dar início ao trabalho e agradecemos pela escolha do colégio Amarílio, temos certeza que vamos desenvolver um bom trabalho e acredito na parceria tão importante e necessária entre a escola pública e a universidade”.