Unicentro recebe habilitação para Centro Especializado em Reabilitação física, visual e intelectual
Uma conquista que vai encher milhares de pessoas de esperança. A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi contemplada em edital do Ministério da Saúde e recebeu o credenciamento para a instalação de um Centro Especializado em Reabilitação (CER) para três modalidades: reabilitação física, visual e intelectual, além da aprovação para a construção de uma clínica ortopédica. O complexo funcionará no campus Cedeteg e atenderá os municípios da 5ª e 6ª Regionais de Saúde do Paraná.
A Unicentro já conta com um serviço de reabilitação física, o projeto Órtese e Prótese. A solicitação para a construção do centro foi feita junto ao Ministério da Saúde e terá vínculo com esse projeto, que é coordenado pela docente do Departamento de Enfermagem, Maria Regiane Trincaus. “Hoje a gente tem um serviço de reabilitação em Guarapuava, que é o projeto Órtese e Prótese, que atende somente a reabilitação física. Então nós precisávamos atender outras modalidades de reabilitação, aí entra o CER III, que é um centro especializado em reabilitação de três modalidades: a reabilitação física, que nós já fazemos e nós passaremos a fazer a reabilitação visual e a intelectual. Com a habilitação do CER III, nós tivemos direito de receber também o recurso para a construção da oficina ortopédica. Ambos os recursos vêm do Ministério da Saúde, o Ministério da Saúde fez o repasse para a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) e a Sesa vai repassar para a Unicentro fazer a construção dos dois prédios”.
Para a construção do CER III serão disponibilizados cerca de R$ 5,1 milhões, além de mais R$ 822 mil de recursos para a construção da oficina ortopédica, onde será possível produzir as próteses customizadas no próprio campus Cedeteg. “A intenção do recurso da oficina ortopédica é nós passarmos a produzir as órteses e próteses aqui mesmo. Hoje a gente depende de empresas terceirizadas que vêm uma vez por mês, tiram o molde, levam para os seus municípios de origem e, trinta dias depois, fazem a entrega. Com a implantação da oficina, nós teremos a produção própria nossa, então fica muito mais ágil para o paciente, tanto o molde, quanto a entrega, quanto os eventuais ajustes que possam ser necessários fazer durante o tratamento dele”, explica Maria Regiane.
A previsão para a entrega da obra é de pouco mais de três anos e, após a instalação dos equipamentos, será possível atender os 29 municípios da 5ª e 6ª regionais de Saúde do estado. “Depois do prédio construído e equipado, a gente solicita a habilitação dele para o Ministério da Saúde, então ele passa também a receber um recurso mensal para a manutenção e custeio desse serviço. A princípio nós continuaremos atendendo à 5ª Regional de Saúde, que são os nossos vinte municípios e mais os nove municípios da 6ª Regional de Saúde de União da Vitória. Se houver interesse, é possível a gente fazer essa contratualização com outras regionais, aí vai tudo depender do interesse dos prefeitos, dos secretários desses municípios e solicitarem isso por meio da comissão intergestores bipartite que ocorre no estado”.
Para o reitor da Unicentro, professor Fábio Hernandes, é uma honra para a Unicentro ter sido contemplada neste edital, que prova o reconhecimento do trabalho realizado há 18 anos pelo projeto Órtese e Prótese no estado do Paraná. “Para a Unicentro é uma alegria bastante grande pois poucas foram as instituições que conseguiram ser contempladas por meio deste edital e nós somos uma das únicas da Região Sul do país, então isso mostra que o nosso projeto de reabilitação física é um projeto de referência e nós com certeza continuaremos sendo referência, mas também na reabilitação intelectual e visual. Para a comunidade universitária é um ganho bastante grande também, pois nós teremos mais campos de estágio aos nossos estudantes da área de Saúde, campos de pesquisa, de extensão. Então, os nossos estudantes só têm a ganhar com o nosso novo centro de reabilitação física, intelectual e visual da Unicentro”, disse.
O diretor do campus Cedeteg, Ricardo Myahara, exalta a importância desta conquista na formação profissional dos acadêmicos, contribuindo para o avanço e produção do conhecimento na área da ciência, da inovação tecnológica e se tornando um polo de qualificação, principalmente em uma visão multiprofissional, pela atuação conjunta de projetos de ensino, pesquisa e extensão. “O CER III terá uma importância muito grande para atender os pacientes da nossa região e do estado, tornando o campus Cedeteg da Unicentro referência no país também nesta área, logo os acadêmicos da área de saúde terão oportunidades de ser muito bem qualificados, por poder ter a experiência profissional em um centro de referência nacional e, não só os acadêmicos da área da saúde, mas também dos cursos de pedagogia, serviço social, na área de engenharia, tecnologia, entre outros, por poder ter também essa oportunidade de atuar dentro de um centro que trabalha com tecnologias de ponta”, disse.
Maria Regiane também considera um ganho muito grande para os acadêmicos e para a sociedade. “A Unicentro passa, mais do que nunca, a ser referência aqui para a região Centro-Sul do estado em processo de reabilitação multiprofissional, além do que, colocar os alunos tanto que estão em graduação, dos cursos de especialização, mestrado e doutorado, para atuar neste serviço garante a eles uma visão diferenciada da possibilidade da gente garantir a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade. Traz um benefício grande para a universidade, em termos de conhecimento agregado para os alunos, e para a região a possibilidade dos pacientes que enfrentam estas três situações de deficiência, que eles possam ter um local adequado para fazer esse processo de reabilitação, vão continuar recebendo as órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção conforme a indicação, incluindo aí, agora, as próteses e órteses relacionadas à deficiência visual também”.
Com relação à atuação acadêmica no Centro de Reabilitação, Maria Regiane destaca que, além dos cursos da área de Saúde já atuantes, outras áreas do conhecimento serão essenciais. “A gente tem os cursos já presentes: Enfermagem, Fisioterapia, a Fonoaudiologia. Poderia estar atuando aqui a Psicologia, o Serviço Social, a Medicina vai poder atuar e a gente vai ter também uma atuação da Pedagogia, principalmente na questão da reabilitação intelectual. Na reabilitação intelectual, os pacientes prioritários são aqueles com diagnóstico de autismo e Síndrome de Down, então a gente vai ter um público grande neste sentido. Um dos problemas que a gente vê aqui na nossa região é a dificuldade do diagnóstico do autismo e aí, depois do diagnóstico, a dificuldade maior de trabalhar, principalmente a criança, o adolescente que é autista, então a gente vai ter essa possibilidade de garantir para esses pacientes e famílias o acesso a esse processo de reabilitação dentro da Unicentro”, concluiu.