Doutorado em Geografia promove primeira defesa de tese

Doutorado em Geografia promove primeira defesa de tese

O Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) da Unicentro teve a primeira defesa de doutorado da sua história. Com o título de “Pertenço, logo existo e resisto! As territorialidades políticas juvenis nos novíssimos movimentos sociais”, a acadêmica Lara Pires Weissböck analisou os movimentos sociais a partir do olhar do jovem, sua atuação e mobilização.

Graduada em Pedagogia e em Geografia, Lara conta que, desde cedo, pensava em seguir na carreira acadêmica, cursando mestrado e doutorado. E foi no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Unicentro que ela vislumbrou a possibilidade de pesquisar sobre um tema que sempre despertou seu interesse. “Foi no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Unicentro, com a professora Márcia da Silva, que vislumbrei a possibilidade de pesquisar uma questão que sempre me instigou, relacionada aos jovens no contexto político atual. No mestrado, acabei estudando este tema macro voltado à questão do voto dos jovens de 16 e 17 anos. E no doutorado, sob um viés dos movimentos sociais”, conta.

Desde os estudos do mestrado, Lara já focava em buscar compreender questões relacionadas ao jovem no contexto político atual. Segundo ela, dois fatores a impulsionaram neste caminho: o fato de ter tido experiências de militância quando jovem e, também, um momento, enquanto docente da Unicentro, em que vivenciou as ocupações das escolas e universidades em 2016. “Naqueles momentos, com os jovens criando estratégias para aprender e ensinar a outros jovens, os motivos que lhes faziam estar ali, as oficinas que organizavam, as regras de convivência que estabeleciam naqueles espaços para manter o foco naquilo que lutavam, enfim, eles criaram a oportunidade de terem aulas de cidadania. E aqueles que viveram aqueles momentos, não saíram os mesmos, nem os jovens, nem os professores, pais, comunidade, etc”, avalia.

Banca de defesa foi realizada de modo online, em virtude da pandemia

Com essas motivações deu início a sua pesquisa, investigando como ocorrem as territorialidades políticas juvenis e em que medida estas expressam possibilidades de diferentes leituras sociais do país. Para a tese, assim, buscou identificar como os jovens se articulam em diferentes grupos de poder, os conteúdos das manifestações sociais juvenis, e a influência destes movimentos no grau de mobilização e participação política dos jovens. “Considero que estes tenham sido os pilares de interesse no tema de minha pesquisa, me motivando a trazer a tona discussões importantíssimas, como a desmistificação de um discurso negativo do que é ser jovem em um contexto de mobilizações políticas. E considero que o título da minha tese representa o que acontece, realmente, no interior desses grupos de jovens, que se mobilizam nos espaços físicos e/ou virtuais: “‘Pertenço, logo existo e resisto!’ – As territorialidades políticas juvenis nos novíssimos movimentos sociais”. E, claro, é importante registrar que não estou romantizando e nem generalizando o que dissertei na tese à todos os jovens que se mobilizam”, diz Lara.

Metodologicamente a pesquisa foi realizada com jovens no Brasil e, também, na Espanha, pois Lara foi contemplada com uma bolsa de estudos na Universitat Pompeu Fabra, em Barcelona, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE). “Tive um ano para realizar a pesquisa em Barcelona, mas não apenas para isso. Também participar de algumas disciplinas na universidade que eu estava vinculada, participar dos grupos de estudos, de eventos, publicar, entender o lugar que eu estava vivendo, a rotina que era totalmente diferente da que eu vivia no Brasil, a língua local, etc. Posso dizer que ter tido a oportunidade de compartilhar experiências para além do meu círculo de estudos no Brasil, tendo em vista que em Barcelona tive contato com pessoas do mundo todo e que pesquisavam também o meu tema de doutorado, é algo que me fez enxergar o mundo e o meu mundo de uma forma muito diferente. Foi uma experiência muito rica”.

Sobre ter sido a primeira a receber o título de doutora pelo PPGG, Lara não esconde o orgulho e destaca a qualidade e união de todos que fazem parte do programa de pós-graduação. “Sinto-me lisonjeada por ter tido a oportunidade de ingressar na primeira turma. É importante destacar que é a primeira turma de um programa consolidado, com professores altamente qualificados, reconhecidos nacional e internacionalmente por suas pesquisas, com laboratórios bem estruturados à nossa disposição, com grupos de estudos de excelência e discentes que estão sempre prontos a ajudar uns aos outros. E também me sinto lisonjeada em ter tido todo o apoio da minha orientadora, professora Márcia da Silva, que esteve comigo em todos os momentos. Mais gratificante do que ser a primeira discente a defender o doutorado, é ter tido a oportunidade de ter sido orientanda da professora Márcia”.
Orientadora de Lara ao longo do doutorado, a docente Márcia da Silva tece elogios à discente, ressaltando que ela deu conta brilhantemente dos prazos, cronogramas de pesquisa e relatórios. “Lara foi uma discente imensamente responsável, dedicada, só me deu orgulho e também a todos nós do PPGG. Então, para o PPGG foi um compromisso cumprido, nosso para com o PPGG e do PPGG junto com a Unicentro, com a Propesp e com a Capes”, diz.

Sobre o futuro, Lara ainda tem planos de continuar os estudos e seguir na docência. “Hoje faço parte do corpo de docentes do ensino superior no Instituto Federal de Santa Catarina, como professora substituta. Foram 10 anos de dedicação até chegar ao doutorado e desejo que eu possa exercer, com dignidade e valorização, a carreira que escolhi”, afirma Lara.

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