Unicentro forma quarta turma da Residência Multiprofissional em Saúde da Família
O Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária com ênfase em Saúde da Família da Unicentro encerrou o ciclo 2019-2021. Para marcar a conclusão do processo formativo, os oitos residentes receberam o título de especialistas em um evento online. Esta é a quarta turma formada pela Residência Multiprofissional, que teve início em 2016.
O encontro virtual, além de entregar o diploma aos residentes 2019-2021, também teve como objetivo receber e dar boas vindas aos selecionados para o novo biênio. Os novos residentes, além de trabalharem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), ainda vão frequentar aulas complementares para qualificar as ações profissionais e sua formação direcionada à atenção primária e ao programa Saúde da Família.
“A Residência Multiprofissional em Atenção Primária com Ênfase em Saúde da Família da Unicentro é composta por residentes de Fisioterapia, Enfermagem, Educação Física e Nutrição que dão esse apoio à quatro unidades básicas de saúde, das 33 unidades que o município possui. O profissional, durante a graduação, tem contato com esse nível de atenção, mas não de uma maneira tão aprofundada como na residência. São oito horas de atividade em serviço, durante os dias da semana, e doze horas semanais no período da noite com disciplinas para esse aprimoramento. Aao final do processo, eles concluem uma carga horária de mais de 5 mil horas”, explica a nova coordenadora do programa, professora Cíntia Raquel Bim Quartiero, do Departamento de Fisioterapia.
A professora Carine Teles Sangaleti, do Departamento de Enfermagem, que encerrou sua gestão como coordenadora do programa durante o evento, destaca o trabalho realizado pelos residentes. “Apesar da pandemia, é possível destacar os resultados da ação dos residentes, o grande número de consultas realizadas, consultas individuais de fisioterapia, nutrição, profissional de educação física e enfermeiros. Consultas compartilhadas entre dois ou três profissionais, visão à atenção integral à saúde, também atividades em grupo e procedimentos realizados – como visita domiciliar, procedimento de curativos, dentre tantos outros procedimentos que esses residentes executaram. A presença de uma equipe de residência em uma unidade básica de saúde amplia de forma muito significativa o acesso das pessoas a uma atenção qualificada”.
O programa tem como foco a atenção primária e esta, segundo Carine, é uma das grandes necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). “Os residentes saem muito maduros, eles saem qualificados não apenas na sua área de atuação. Um fisioterapeuta, dentro de uma equipe multiprofissional, que atue no nosso programa de residência, consegue ter visão dos outros trabalhos, das outras práticas. Logo, um profissional como esse – fisioterapeuta, educador físico, nutricionista ou enfermeiro – tem total potencial de ser um gestor também nesse nível de atenção básica, uma vez que eles desenvolvem no nosso programa a habilidade de se relacionar e entender as outras práticas em um contexto de atenção integral à saúde, além, é claro, de aperfeiçoar o atendimento uniprofissional da sua própria área de atuação dentro da atenção básica. Se a atenção básica funcionar adequadamente, todos os outros setores vão perceber uma melhora em seus indicadores. Uma atenção básica efetiva representa menor mortalidade, menor adoecimento, melhor inserção social e assim por diante”, avalia.
“Eu com certeza amadureci muito, eu não cresci só profissionalmente, mas pessoalmente. Dentro da atenção básica a gente lida com todos os tipos de realidade. A gente acaba aprendendo muito, trocando muita experiência, tanto com os usuários quanto com a equipe. Então, além de crescer profissionalmente, de aprender muito sobre SUS, sobre atenção básica, sobre redes de saúde, eu consegui crescer pessoalmente”, relata a ex-residente e agora especialista em Atenção Primária e Saúde da Família, Anna Laura Visentin Pedroso. Fisioterapeuta formada na Unicentro, Anna Laura já havia tido contato com a atenção primária na graduação através de um projeto de extensão. Foi ali que se identificou com a área pelo contato direto e poder fazer diferença na vida do paciente de forma efetiva.
Deixando a residência em 2021, além do conhecimento profissional adquirido, Anna Laura realça o crescimento pessoal que a vivência na área da atenção básica proporcionou. “A experiência da residência foi simplesmente incrível, até agora posso afirmar que foi a melhor experiência da minha vida. Eu já gostava de saúde pública antes de entrar na residência, durante a residência só me apaixonei ainda mais por esta área e por este processo, porque a gente realmente vê a importância da nossa profissão, a gente vê a importância dos pequenos detalhes, dos pequenos cuidados, de coisas que a gente fala ‘atenção básica’, mas que de básica não tem nada. É uma rede extremamente complexa, que a gente consegue resolver. A atenção primária vem para ser 85% resolutiva. Então, 85% dos problemas do paciente a gente acaba fazendo o manejo na atenção básica e eu consegui ver com a residência que quando tem uma rede bem articulada, uma equipe comprometida, a gente consegue realmente fazer esse cuidado eficaz, integral e de maneira que funcione”, afirma.
Docente do Departamento de Nutrição da Unicentro, Catiuscie Cabreira da Silva Tortorella aponta o valor do contato direto no seio familiar. “Esta área é importante, pois atua no reconhecimento da família, não é simplesmente o paciente, mas sim a família como um todo, como ela é formada, quais são as suas características sociais e econômicas, quais aspectos em saúde podem ser trabalhados no contexto familiar, o que pode ser inserido na rotina daquele contexto familiar no âmbito da nutrição, de atividades físicas, cuidados de enfermagem e fisioterapia”.
Atuando como tutora de campo na residência multiprofissional desde o ano de 2016, ela ratifica o processo de amadurecimento pelo qual passa o programa e que reflete na formação dos residentes ao longo dos dois anos no curso. “Observo que a residência passou por um profundo amadurecimento ao longo destes anos. Hoje já estamos com uma melhor estrutura organizacional do programa, os profissionais que passam pela residência saem com uma ótima experiência profissional para o mercado de trabalho e capacitados para atuar na atenção básica conforme os princípios do SUS e com uma visão ampla sobre os programas voltados para à saúde das mulheres, gestantes, crianças, idosos, saúde dos trabalhadores e saúde na escola. Alguns residentes trabalham em territórios com maior vulnerabilidade social, assim o trabalho deles é essencial pois amplia o acesso à promoção e prevenção da saúde e tratamento de comorbidades”, discorre.
Para o início do novo ciclo de residentes foi programada uma recepção junto com os residentes que estavam deixando o programa. Foram apresentados os relatórios das ações e trabalhos de conclusão de residência feitos pelos novos especialistas, com diversas temáticas, algumas voltadas para a Covid-19. Os recém chegados também fizeram alguns cursos de capacitação para a atuação na pandemia e, nesta segunda semana, participaram de dois dias de integração com o serviço de saúde municipal, conheceram toda a estrutura administrativa da saúde, visitaram alguns serviços e, a partir do dia 15 de março, começarão as atividades em seus campos de atuação.
Ingressando na nova turma de residentes, Daline Machula está bem animada com o início do programa. “O evento foi bem legal, bastante inspiração para a gente do pessoal que está saindo. Realizaram um trabalho ótimo durante dois anos e, agora, chegou a nossa vez. Então, a gente fica ansioso. É uma experiência nova, com certeza vai render muitos frutos, a gente aprende muito e é isso que eu espero. Estamos bem animados”. Formada em Educação Física Bacharelado pela Unicentro, Daline considera essencial o incentivo à atividade física para a população, como forma de cuidar da saúde e prevenir doenças. “Eu já tive uma experiência com a área da saúde pública, uma pequena experiência que acho que nem se compara ao que vai ser a experiência que eu vou ter aqui na residência durante dois anos. A atividade física previne muitas doenças que poderiam ser evitadas se as pessoas fossem ativas e eu defendo muito essa bandeira. Eu acho que as prefeituras, o governo, através da atenção primária, eles têm condições de oferecer isso para a população”.
Para o novo biênio, a expectativa é aprimorar o trabalho que vem sendo feito desde 2016, quando o curso foi implantado na instituição. “Pretendemos trazer algumas inovações, ampliar a parceria junto a Secretaria Municipal de Saúde, integrar os residentes da turma R1 e R2, propor algumas ações voltadas para a comunidade, como algumas atividades de educação em saúde em datas comemorativas e, também, planejar as possibilidades de novas ferramentas que a gente pode estar usando no processo de trabalho diante dos desafios e algumas limitações que a pandemia nos trouxe, mas acreditamos que esse nível de atenção é resolutivo e com as ações da equipe de residência nas UBS a gente pode ampliar o acesso a saúde e melhorar a qualidade de vida das pessoas”, finaliza a nova coordenadora do programa, professora Cíntia Bim.