Professora da Unicentro recebe prêmio de excelência por pesquisa na área de Fonoaudiologia

Professora da Unicentro recebe prêmio de excelência por pesquisa na área de Fonoaudiologia

A professora Ana Paula Dassie-Leite, do Departamento de Fonoaudiologia da Unicentro, foi premiada durante o último Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia por um estudo conjunto que envolveu onze pesquisadores do país. O trabalho intitulado “Risco vocal em futuros fonoaudiólogos: uma população que precisa ser cuidada desde o ensino da graduação” foi considerado “Excelência em Fonoaudiologia” pela Comissão de Ensino da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. A pesquisa inédita foi uma iniciativa do CEV, que é o Centro de Estudos da Voz, uma instituição brasileira de ensino em comunicação humana.

Com dados de mais de mil estudantes de Fonoaudiologia de todas as regiões do Brasil, o objetivo da pesquisa foi verificar as características e possíveis queixas relacionadas à voz e à comunicação desses acadêmicos, partindo da ideia de que, uma vez que eles vão trabalhar justamente com isso no futuro, é importante valorizar esses aspectos também em si. “Nós observamos que há muitas queixas e muitos sintomas vocais referidos por esses acadêmicos, o que nos fez discutir sobre a importância de realizarmos ações preventivas e de promoção da saúde vocal e prevenção dos distúrbios vocais desses estudantes já durante a graduação, para que quando eles se formem estejam mais preparados do ponto de vista vocal para trabalhar na avaliação e na reabilitação dos distúrbios de comunicação, de forma geral, das pessoas que irão procurá-los”, explica a professora Ana Paula.

Além da docente da Unicentro, também são autores da pesquisa os professores Felipe Moreti, do FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas); Marina Padovani, da Santa Casa de São Paulo; Anna Alice Almeida, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Michelle Ferreira Guimarães, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Maria Rita Pimenta Rolim, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Márcia Salomão, da Universidade da Amazônia (Unama); Reynaldo Gomes Lopes, da Universidade Veiga de Almeida (UVA); Jonia Alves Lucena, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Silvia Ramos, da PUC Goiás; e Mara Behlau, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A professora Mara, que é uma das maiores referências no campo científico da Fonoaudiologia no Brasil, foi a mentora do estudo. “Foram coletados dados de 1.169 acadêmicos de dez instituições de ensino das cinco regiões do Brasil. Esses acadêmicos responderam uma série de questionários avaliando a qualidade da sua voz, se eles se sentiam em desvantagem vocal, se eles tinham sintomas de problema de voz, se eles tinham algum desconforto de garganta, pescoço, do trato vocal como um todo”, comenta sobre como foi realizada essa etapa da pesquisa.

Em relação aos resultados do estudo, de acordo Mara, foi observado um grande número de sintomas referidos por alunos de Fonoaudiologia, o que indica o risco de desenvolver problemas de voz no futuro. “Os resultados foram muito interessantes e mostraram que mais de um terço dessa população tem queixa vocal e que 50% dos acadêmicos falharam num exame de triagem vocal, ou seja, eles têm um número muito grande de sintomas vocais e ainda nem começaram a atuar profissionalmente. Então, existe uma responsabilidade muito grande do corpo docente de Fonoaudiologia para que ajudem no desenvolvimento de estratégias de bem-estar vocal e bom uso da voz já nos acadêmicos de primeiros anos. A meta disso é a redução dos riscos no desenvolvimento de distúrbios vocais”, relata a professora. “O fonoaudiólogo é um profissional com habilidades desenvolvidas e treinadas para a comunicação humana e ele deve ser um modelo adequado de uso de voz, de fala, de linguagem, de mensagem oral e escrita”, acrescenta Mara.

A professora Ana Paula, da Unicentro, aponta uma das interpretações possíveis a partir dos resultados da pesquisa. “Um ponto bem interessante que a gente destaca no estudo é que o aluno de Fonoaudiologia, como começa a ter muito contato com essas questões relacionadas à voz e à comunicação, ele também vai desenvolvendo uma consciência maior em relação a essas questões e começa a se observar mais, muitas vezes mais do que um aluno de outros cursos de graduação. Talvez isso também tenha pesado nesse resultado que nós tivemos”, interpreta. 

Uma das conclusões do estudo sobre risco vocal de estudantes de Fonoaudiologia foi a de que quanto mais precocemente forem identificadas essas dificuldades relatadas por eles, maior a possibilidade de serem implementadas ações preventivas e de cuidados contínuos para uma boa saúde vocal dos futuros profissionais da área. “A gente discutiu muito sobre o quanto é importante nas grades curriculares dos cursos de Fonoaudiologia esse assunto de saúde vocal e aprimoramento da comunicação ser já abordado e, quando não é possível, que sejam realizados em ações extensionistas ou outras atividades que possam envolver os alunos e eles possam ser beneficiados para poderem minimizar possíveis queixas e poderem aprimorar pontos que eles consideram que precisam ser aprimorados”, conclui a professora Ana Paula.

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