Egresso da Unicentro tem projeto selecionado em edital do Banco Central
25 projetos de empresas de todo o Brasil foram selecionadas pelo Banco Central e pela Federação Nacional dos Servidores do Banco do Brasil para para participar do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas, o Lift Lab 2020. Um deles foi encaminhado por uma empresa de Guarapuava, a Liv Pagamentos, que tem como diretor um egresso do curso de Ciências da Computação da Unicentro, o Rodrigo Barbosa e Silva. “Nós somos uma empresa que nasceu em Guarapuava. Ela é formada, totalmente, por pessoas que estudaram nas escolas, nos colégios e nas universidades de Guarapuava – nas públicas e privadas”. Rodrigo conta ainda que a Liv foi formada há dez anos, numa conversa com um dos professores do curso, numa sala de aula do campus Santa Cruz.
Para ele, ser e estar no interior são fatores de competitividade. Já que a percepção é diferente e ajuda a pensar a partir das necessidades de quem está nesses lugares. “Nós temos o nosso estilo de trabalho, o nosso estilo de fazer as coisas determinado pelas nossas circunstâncias e pelos locais que nós estamos. Então, a Liv, hoje, fala a linguagem do interior do país e isso é motivo de orgulho muito grande para nós e, principalmente, sabemos que tudo que isso que nós estamos fazendo, todo o reconhecimento que a Liv tem obtido vem de empresa que está formada e está sediada em Guarapuava”.
E é justamente essa inclinação a atender as necessidades de quem está no interior que está por traz do projeto submetido pela Liv ao edital do Banco Central. A ideia tem como base um produto ofertado a clientes da empresas, com sedes no Paraná e em Mato Grosso. “Alguns de nossos clientes precisam entregar o que é popularmente conhecido como vale para que funcionários, para que parceiros de negócios, para que visitantes possa adquirir produtos no comércio local durante alguma atividade, durante alguma viagem. O que acontece em várias regiões do Paraná e também acontece em Mato Grosso é que não existe cobertura de internet em todas as cidades, em todas as estradas, em todos os distritos, e nós sempre tivemos que procurar caminhos diferentes dos registros dessas transações para que o comerciante pudesse receber o recurso de uma maneira rápida e para que o contratante pudesse conferir se aquele recurso foi gasto efetivamente onde era destinado”, explica Rodrigo.
Ele exemplifica a situação com a emissão de vales para o pagamento de combustível durante uma viagem pelo interior de Mato Grosso, em que algumas cidades chegam a estar distantes 400 quilômetros uma da outra. Muitos dos postos ao longo do caminho não contam com acesso fácil ou rápido a internet. Desse modo, o papel da Liv foi criar sistemas que garantissem a efetivação da transação financeira – compra e pagamento de combustível – de modo offline. É esse modelo que a Liv está propondo aprimorar e ampliar com o acompanhamento dos profissionais do Banco Central.
“O que nós buscamos é aprimorar esse processo em regiões que são pouco atendidas por tecnologias. Evidentemente que nós sabemos que os avanços de telecomunicações continuam no país, mas ainda estamos atrasados em equipamentos, e quem está atrasado em equipamentos é quem provê essa infra-estrutura em grandes regiões do Brasil. É para esses espaços que a Liv está olhando e provendo serviços. E foi isso que chamou a atenção do Banco Central e da Federação Nacional dos Servidores do Banco Central para aceitar nosso projeto no Lift, porque nós estamos trabalhando pela inclusão financeira de regiões inteiras e comunidades inteiras que, antes, não tinham qualquer meio de pagamento eletrônico”, afirma o egresso do curso de Ciências da Computação.
Segundo Rodrigo, hoje são 48 milhões de brasileiros que fazem parte da população economicamente ativa do país, que estão no mercado formal e não são contemplados pelos serviços que existem e são prestados, em sua maioria, por grandes bancos ou instituições financeiras. “O requisito da agenda Banco Central é o requisito de inclusão. Porque nós trazemos pessoas que não usavam o serviço financeiro ou eram mal servidas pelo serviço financeiro para opções de transações eletrônicas rápidas, fáceis e que não demandam mais investimento da pessoa para que ela consiga fazer transações e receber transferências pelos produtos que ela vende e serviços que ela presta. O Banco Central deixa de, simplesmente, de atender grandes bancos e grandes instituições e se volta para empresas menores, que estão, nesse momento, criando as soluções que se tornarão, nos próximos cinco, nos próximos dez anos, os novos padrões de mercado”, avalia.
Para Rodrigo, a aprovação para o Lift Lab 2020 é o reconhecimento não só ao trabalho da Liv, mas de todos os parceiros da empresa ao longos dos 10 anos de funcionamento. “Nós olhamos isso como um reconhecimento do trabalho de várias pessoas da empresam e de várias instituições que, várias vezes, nos deram ideias, conversaram conosco”. Além disso, ele acredita ser um incentivo para que o interior invista em tecnologia e para que quem não está nos grandes centros continue fazendo e acreditando. “Não importa onde você está. Nós temos sim a chance de mostrar ao país e mostrar mundialmente que há capacidade, há interesse e há muita novidade que vem, sim, do interior do Paraná”.