Projeto de extensão Florescer retoma as atividades em 2020
Na quadra de esportes da Escola Municipal Roberto Cunha e Silva uma palavra não saia da boca da criançada. Toda hora se ouvia um “que legal!”. A atividade que eles gostaram tanto foi a primeira oficina do projeto de extensão Florescer da Unicentro, que começou suas ações de 2020 pelo colégio localizado na Vila Carli.
No encontro, os alunos das duas turmas de terceiro ano participaram de um jogo de tabuleiro. Conforme acertavam as respostas, as crianças avançavam pelas casinhas. Uma maneira de brincar e aprender ao mesmo tempo. Foram abordados temas como respeito, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os direitos e deveres das crianças, a desigualdade de gênero e o combate a qualquer tipo de violência.
A Alice Vitória, de sete anos, saiu afiada da oficina. “A gente aprendeu a não falar o nome dos coleguinhas de apelido e não, também, magoar os colegas”. Já o Rafael dos Santos, de nove anos, acredita que a brincadeira pode ajudar a diminuir a violência. “Foi muito legal. Influencia as pessoas a não fazer maldade, e os amiguinhos também”.
A coordenadora do Florescer, professora Ariane Pereira, explica que a primeira ida a escola é crucial para o decorrer do projeto. Já que o tema central das atividades, o combate à violência contra a mulher, não é fácil de ser trabalhado com o público infantil. Para ela, a brincadeira é uma oportunidade para a equipe do Florescer estabelecer vínculos com as crianças.
“A oficina tem essa proposta, fazer com que a gente se aproxime e crie vínculo com as crianças inicialmente, para permitir que, a partir de que elas se reconheçam como cidadãs, do que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente, elas também entendam que homens e mulheres são iguais, e que as mulheres também são cidadãs e também têm direitos e deveres, e que um dos direitos da mulher é uma vida sem violência”, completa Ariane.
Marlene Nerone é diretora da Escola Municipal Roberto Cunha e Silva, primeiro colégio a receber o Florescer em 2020. Ela acredita no potencial positivo que as oficinas podem exercer em seus alunos. “Eu acho que desde as séries iniciais a gente deve trabalhar sobre valores, sobre conhecer o ECA, sobre o projeto em si que vem da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, falar sobre o valor do se portar, do saber o que pode, o que não pode, tudo dentro de seus direitos”.
Em 2019, o Florescer impactou mais de 500 crianças nas sete escolas dos dois bairros por onde passou. Para 2020, segundo Ariane, a expectativa é que ainda mais crianças possam ter uma perspectiva diferente sobre a violência, sobretudo a cometida contra mulheres. “A nossa expectativa para esse ano é que as crianças cresçam sem essa naturalização da violência contra a mulher, sem achar que o homem bater na mulher é normal, que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Para que assim, então, dentro de cinco, 10 anos, a gente veja os índices de violência contra a mulher em Guarapuava, ou caírem muito, ou serem zerados”.
O Florescer faz parte do Programa Maria da Penha nas Escolas, iniciativa mantida pela Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres de Guarapuava. A frente da pasta, Priscila Schram de Lima destaca o fato de o projeto ter início, em 2020, no mês de março, quando é comemorado o Dia Internacional de Luta das Mulheres. “Nós estamos, a partir do Maria da Penha nas Escolas e do Florescer, construindo uma sociedade com menos violência contra as mulheres, mas também com meninos e meninas que vão poder desenvolver seu potencial sem qualquer tipo de discriminação de gênero”, defende.
Além da Vila Bela, nesse ano, o Florescer também vai atuar nos bairros Boqueirão e Industrial, totalizando dez escolas.