Projeto de extensão discute como ensinar Geografia no Ensino Fundamental
Além de ensinar e pesquisar sobre diversas áreas do conhecimento, também é função de uma universidade repassar essa produção científica para a comunidade. Isso pode ser feito de diversas formas. Uma delas é através da formação de professores do ensino básico. Subsidiar a prática docente nas primeiras séries do Ensino Fundamental é o principal objetivo do projeto de extensão da Unicentro intitulado “O Meu Município na Escola”. Uma vez por mês, o projeto reúne professores da rede municipal de ensino de Irati para discutir como melhorar a didática da Geografia nas escolas.
De acordo com o coordenador da atividade, professor Daniel Stefenon, a partir da reflexão junto dos docentes é possível desenvolver nos estudantes, importantes noções de espaço. “Nós buscamos sempre estimular as professoras para que elas pensem sobre a importância de fazer com que o estudante da rede municipal de Irati se sinta parte dessa cidade, mas também se sinta parte do mundo. Acho que esse trânsito entre escalas é uma dimensão importante que a escola pública, especialmente, precisa promover nos estudantes”.
Outro objetivo do projeto é produzir e disponibilizar uma coleção de materiais cartográficos mais regionalizados a partir do desenvolvimento de um atlas geográfico sobre o município de Irati. O professor Daniel conta que, para produzir esse material, foram utilizadas tecnologias digitais e imagens de sensoriamento remoto para mapear as redondezas das escolas. “Nós já temos um inventário de imagens de satélite em escala padronizada do entorno das escolas municipais, de todas as escolas municipais. Então, nós temos materiais sobre os entornos das escolas e nós trabalhamos com as professoras aqui como utilizar esse material, linkando com tópicos do currículo municipal e das diretrizes curriculares que orientam o trabalho delas nas escolas”.
O projeto “O Meu Município na Escola” é uma parceria entre docentes de Geografia do campus Irati da Unicentro e do Instituto Federal do Paraná. O professor do IFPR Osmar Ansbach justifica que a inovação no ensino da Geografia é uma demanda que já vinha dos próprios profissionais da rede municipal. “Nós iniciamos o primeiro encontro já com as angústias das professoras, quais são dificuldades delas. E é, justamente, o fato delas não terem material, não conhecerem formas de trabalhar essa questão da região, essa questão local”, diz.
Ao final da formação, os participantes tiveram como tarefa elaborar sequências didáticas, planejando maneiras de aplicar os saberes e materiais durante as aulas de Geografia das séries iniciais do Ensino Fundamental. A partir dos encontros de formação docente, a professora Josneia Marcondes contou qual foi a proposta dela para as suas aulas na Escola Esperança Chuilki. “A gente escolheu um conteúdo que é do nosso dia a dia, que é moradia. Através deste conteúdo, a gente trabalha de uma maneira diversificada, como o professor já havia nos mostrado nas aulas anteriores. Então, acho que a gente conseguiu montar uma didática bem joia e bem tranquila, que os alunos ficam empolgados para trabalhar, porque isso é o legal, que chame a atenção da criança”, conta Josneia.
A necessidade da diversificação de metodologias de ensino também foi destacada pela professora Maria Eliane Drewnicki, da Escola Francisco Stroparo. “Eu vejo que hoje o olhar é diferente, é mais preocupado em fazer com que a criança aprenda de uma forma que ela goste, que não seja só no quadro com giz, copiar do quadro e responder, mas de uma forma que ela entenda o que está acontecendo e que ele faz parte deste mundo”.
Além do reconhecimento das professoras da rede municipal de ensino, o projeto “O Meu Município na Escola” também é positivamente avaliado pela coordenação pedagógica da Secretaria de Educação de Irati, representada pela funcionária Vanderleia Rosiane Golinski, que acompanhou de perto os encontros mensais. “Com as primeiras turmas de formação foi possível observar a participação desses professores e, até mesmo, a forma deles estarem motivados a falar da formação, esse foi um dos pontos que ficou visível e chamou muito a atenção do setor pedagógico, de toda a equipe, avaliando no percurso dessa formação os professores, fazendo observações, até mesmo fazendo a propaganda da formação e do que é possível fazer dentro da sala de aula”, afirma Vanderleia.
A secretária da Educação de Irati, Rita de Cássia Penteado de Almeida, completa que, o projeto tem sido bastante interessante para que os estudantes das séries iniciais entendam a importância da Geografia no senso de localização. “Os nossos alunos não precisam saber a capital da Noruega, mas precisam saber aonde que ele existe, aonde ele está situado, a sua localização aqui no interiorzinho de Irati, em Irati, no Paraná, Brasil e no mundo.”
Em 2019 o foco foram os professores do segundo e terceiro ano do Ensino Fundamental. Como o projeto de extensão tem rendido bons frutos para a educação iratiense, o coordenador Daniel Stefenon adianta que, para o ano que vem, a parceria entre a Unicentro, o IFPR e a Secretaria de Educação de Irati continua com outras turmas das escolas municipais. “Nós já temos para o ano que vem programados os cursos do primeiro e segundo semestre com professoras de quarto e quinto ano. Então, a prefeitura no ano que vem já vai deslocar professoras de quarto e quinto ano pra participarem do curso. Nós vamos focar geografia do Paraná e geografia do Brasil, que são os tópicos trabalhados no quarto e no quinto anos”, finaliza.