Compreender altas habilidades entre objetivos de evento realizado pela Unicentro
No contexto histórico atual e, principalmente, na conjuntura sociopolítica brasileira, de ameaça aos direitos fundamentais instituídos em 1988 pela Constituição, insere-se o II Seminário Internacional de Criatividade, Talento e Superdotação e a II Jornada sobre Altas Habilidades/Superdotação com o tema “Vulnerabilidades, Diálogos e Perspectivas”. Temas discutidos em palestras, oficinas e minicursos que também tiveram por objetivo, segundo a presidente da comissão organizadora, professora Carla Vestena, debater as possibilidades de compreensão do jovem que é superdotado.
“As pessoas pensam em mitos, que é achar que é aquele estudante que só tira nota dez, que se destaca em todas as matérias. Mas a gente sabe que não é. Esse é um tipo de estudante que tem uma alta habilidade, mas é acadêmica. Nós temos os criativos e os produtivos, que não são os que tiram dez em todas as matérias e que, muitas vezes, são esses que ficam à margem na sala de aula, porque eles têm talentos específicos”, explica Carla.
A vulnerabilidade destes sujeitos está relacionada a uma situação que gera algum tipo de marginalização do indivíduo superdotado. Existe ainda a persistência de algumas dificuldades, principalmente em relação a identificação de pessoas do sexo feminino com habilidades de superdotação, assim como do masculino por ingressarem áreas em que seu potencial culturalmente é visto como praticado por outro gênero.
“São algumas barreiras, algumas questões que a gente precisa conversar, continuar pesquisando e trabalhando com esses estudantes para que, cada vez mais, meninos e meninas com habilidades em superdotação estejam empoderados para buscar seu potencial, independente dessas questões culturais que, muitas vezes, acabam por reprimir e impedir algumas ações”, detalha Renata Camargo, pesquisadora da UFSC.
Falar muito rápido, caminhar aos oito meses de idade, ter interesse por assuntos que não são próprios da faixa etária podem ser alguns dos sinais que podem indicar um tipo de superdotação. O estudante Augusto Seben da Rosa tem um talento específico. Sua alta habilidade é voltada a leitura e a compreensão de textos, história que ele compartilhou num depoimento emocionado durante o seminário. “Eu comecei a ler livros e eu comecei ver que, entre 10 e 15 dias, eu lia livros de 600 páginas. Eu gostava muito daquilo, e quando eu consegui esses livros, forçava o meu cérebro tanto que consegui liberar esses espaços na minha mente, eu posso ser ruim em outros aspectos, mas se me derem um ano para entender eu consigo entender tudo”.
O seminário também teve a participação de parceiros que trouxeram jogos, brinquedos e livros, que estimulam o desenvolvimento das capacidades cerebrais. Uma dessas empresas é gerenciada pelo Leandro Dranca. “Desenvolvemos atenção, concentração, memória, raciocínio lógico, pensamento lateral, autoestima. Então, o conjunto dessas atividades, a gente acaba potencializando o nosso cérebro e aumentando as nossas capacidades cognitivas”.
A professora Juliana Berg recomenda que os pais que têm dúvidas procurem informação e auxílio. “A escola é o primeiro caminho; a Secretaria de Educação do município: os NAS, que são os Núcleos de Apoio e Atendimento às Crianças Superdotadas; um psicólogo: e a Unicentro agora é uma referência através do LaPE (laboratório de Psicologia Educacional”.