II Encontro sobre a Questão Indígena no Paraná é realizado no campus de Irati
Refletir sobre e dar visibilidade sociocultural à luta territorial indígena. Esse foi o tema da segunda edição do Encontro sobre a Questão Indígena no Paraná. Realizado no campus de Irati, o evento foi ampliado em relação ao do ano passado e, desta vez, contou com atividades durante três dias em uma parceria entre a Unicentro e o Instituto Federal do Paraná (IFPR).
Os indígenas da Reserva do Ivaí e os acampados itinerantes em Irati compareceram nas duas instituições de ensino para trocar saberes com a comunidade acadêmica e estudantil. “Conhecer um pouco mais da cultura indígena auxilia a desconstruir determinados estereótipos e preconceitos. Acredito que o principal saldo positivo está no fato de a universidade se abrir para receber essas populações e incorporar discussões sobre as suas culturas”, comenta a chefe da Divisão de Promoção Cultural do campus Irati da Unicentro, professora Alexandra Lourenço.
Alunos, professores e a comunidade iratiense tiveram a oportunidade de assistir a conferências e mesas-redondas com pesquisadores e profissionais que trabalham com a questão indígena no Paraná. O palestrante que fez a abertura do evento, Lúcio Tadeu Mota, que é professor e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), falou sobre a importância da universidade no processo de inserção dos povos indígenas na sociedade. “A universidade é um local que eles estão começando a frequentar e, agora, estão reivindicando, por exemplo, cursos mais específicos, já tem alguns estudantes fazendo mestrado e doutorado. Então, eles estão ampliando a participação deles na sociedade e uma das maneiras é via universidade”.
Segundo o professor da Unicentro Rhuan Zaleski Trindade, que fez parte da comissão organizadora do evento, o interesse em realizar uma segunda edição do Encontro sobre a Questão Indígena no Paraná partiu dos próprios povos indígenas da região. “Foi o grupo Kaingang que veio até nós com a proposta, mediados por líderes comunitários, e depois nós encaminhamos o evento, mas deixando eles muito ativos no debate”, conta.
O grupo de dança Jógóg participou com apresentações artísticas de dança e canto Kaingangs. Além disso, eles debateram com a comunidade acadêmica sobre a cultura da Reserva do Ivaí. O representante do grupo Dynaldo Brom acredita que perpetuar tradições kaingangs é importante para manter a cultura indígena sempre viva.“Antigamente, nossos velhos faziam uma dança e nós estamos imitando eles para não morrer a nossa cultura. A gente canta o ‘jógóg’, que é o nosso nome, e no português é ‘gavião’. Cantamos sobre o que ele come, o que ele caça, por exemplo, o peixe a cobra”, explica.
Além disso, o público participante também agregou conhecimentos sobre a cultura indígena em oficinas temáticas. Grupos kaingangs mostraram o modo de fazer artesanatos, como cestas e balaios, e também ensinaram sobre o uso de plantas medicinais. “É muito importante ter professores que conhecem o tema e que pesquisam. Acho que é legal essa aproximação tanto da prática, quanto da teoria”, opinou o estudante de História do campus Irati, Dener Santos.