Materiais produzidos na Unicentro são usados no combate ao assédio durante o Carnaval

Materiais produzidos na Unicentro são usados no combate ao assédio durante o Carnaval

Os limites entre a cantada e o assédio são bastante tênues e, muitas vezes, extrapolados durante a paquera. Por isso, ainda em 2017, numa parceria com a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava e com o Numape Irati, o Numape (Núcleo Maria da Penha) Florescer desenvolveu o Assediômetro. Desde então, o cartaz e também o vídeo têm sido utilizados com frequência em ações de combate à violência contra a mulher. A última delas foi nesse Carnaval.

Na última semana, antes da folia ter início, profissionais ligados à Secretaria de Política Públicas para Mulheres de Guarapuava e bolsistas do Numape Florescer visitaram bares e casas noturnas da cidade, onde ocorreriam bailes de Carnaval, para colar o Assediômetro, numa “ação de conscientização, lembrando que quando a mulher diz não é não, e que a insistência caracteriza assédio, que é um crime de violência contra ela”, conta a secretária Priscila Schran de Lima.

A advogada da Secretaria da Mulher, Kelen Klein, reitera que há diferença entre flerte. consensual, e assédio, caracterizado pelo não consentimento da mulher. “O assédio cobre uma ampla gama de comportamentos de natureza ofensiva e, geralmente, importuna ou perturbadora para a mulher. Toda conduta não consensual é considerada crime e pode, e deve, ser denunciada”, explica taxativa.

A proprietária de um dos estabelecimentos visitados, Marlene Karpinski, o Carnaval é o momento do ano em que prevenção ao assédio é mais crucial. É uma ação importante porque esse cartaz ajuda a lembrar o que é o assédio, que é algo que se intensifica especialmente nessa época do ano.  Achei interessante, porque o produto alerta não só os homens como também as mulheres sobre os limites que precisam haver também nos momentos de folia. Ficou muito claro que assédio é crime e precisa ser combatido”.

A prevenção à violência contra a mulher e, também, o trabalho de conscientização da mulher para que a mesma se reconheça como vítima e procure ajuda, segundo a coordenadora do projeto de extensão, professora Ariane Pereira, são os principais focos de trabalhos do Numape Florescer. “Nossa sociedade, hoje, é muito visual. Por isso, recorremos aos produtos comunicionais audiovisuais para combater a cultura machista, em que o corpo da mulher, muitas vezes, é visto como um objeto de propriedade do homem. No Carnaval, essa postura é ainda mais disseminada, como se tudo fosse permitido nesse momento, inclusive o livre acesso ao corpo feminino. O Assediômetro vem para dizer justamente o contrário, se a mulher não corresponde ao flerte e o homem insiste, a paquera passa a ser assédio. E esse comportamento deve ser combatido, por isso, a prevenção e também o alerta para a importância da denúncia. É só dando visibilidade ao problema, que vamos conseguir mudar as posturas”, defende.

Cartazes foram colados em bares e casas noturnas (Foto: Luisa Urbano)

O Numape Florescer é um projeto de extensão da Unicentro, ligado ao Departamento de Comunicação Social, e conta com financiamento da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), via Programa Universidade Sem Fronteiras (USF).

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