Inclusão do surdo no ambiente universitário é debatida em evento na Unicentro
A Unicentro foi uma das primeiras universidades do Paraná a abrir as portas para o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Mas o pioneirismo não basta. Como Instituição de referência em inclusão e acessibilidade, é preciso sempre manter as temáticas em pauta. Por isso, frequentemente, debates são promovidos pela Universidade. O último deles tratou da inclusão de pessoas surdas no ambiente universitário. “É o momento de nós, enquanto Universidade, refletirmos a função inclusiva da Unicentro, que podemos definir como uma universidade bilíngue, já que aceita a língua de sinais em todo o seu processo de construção do conhecimento”, salienta a professor Elenir Guerra, responsável pela promoção da discussão.
Segundo dados do Programa de Inclusão e Acessibilidade da Unicentro (PIA), atualmente, a Instituição atende seis acadêmicos surdos e um deficiente auditivo. Além disso, possui em seu corpo docente três profissionais surdos, como a professora Luciana Cristina Cruz. A docente participou do evento como palestrante e destacou a importância de compartilhar a própria experiência como forma de incentivo para que outros surdos venham para a Universiade. “Eu sou de uma família surda. Então, a minha participação é muito emocionante, principalmente ao ver os surdos brilharem os seus olhos quando a gente explica que eles também podem ser, podem fazer”, conta.
Irene Stock é surda. Ela atua há 10 anos com o ensino de Libras na Unicentro. Mas, antes, sentiu na pele as dificuldades de cursar a graduação sem o acompanhamento de um intérprete e a utilização de materiais didáticos específicos. A profissional destaca que a promoção de eventos como esse refletem em maior autonomia e independência para a comunidade surda. “Essas ações são importantes porque mostram para a sociedade que nós, surdos, existimos e temos direitos. É uma luta de anos contra o preconceito e o desestímulo, para mostrar para a sociedade esse respeito, essa igualdade. Podemos fazer as coisas igual ao ouvinte, não há diferença”, ressalta.
Além da comunidade universitária, profissionais da educação de Guarapuava e de municípios vizinhos também participaram. Eulete Aparecida Gomes é professora na Escola Municipal Nossa Senhora da Glória, no município de Pinhão e, desde 1992, trabalha com a educação de surdos. A profissional garante que mais do que uma oportunidade para avaliar as conquistas, encontros como esse servem para refletir sobre os desafios ainda latentes. “A comunidade como um todo precisa refletir para ver o que é necessário mudar. Para saber, por exemplo, porque a Libras não está na grade curricular e não é ensinada desde a educação infantil. Então, é um momento bastante importante para comunidade surda e para comunidade educacional de maneira geral”.
As ações de inclusão e acessibilidade promovidas pela Unicentro contemplam também a produção de materiais específicos, como destaca o professor Marcos Pelegrina, responsável pela Coordenadoria de Apoio ao Estudante do campus Santa Cruz. “Para os alunos com deficiência visual a gente faz todo material em braile. Então, a gente também tem um outro suporte do PIA que é a ajuda na produção do material didático, compatível com deficiências específicas, além dos tutores que auxiliam os alunos”.