Redação Científica é tema de aula inaugural da pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental

Redação Científica é tema de aula inaugural da pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental

Gilson Volpato apresentou características essenciais do texto científico.

Gilson Volpato apresentou características essenciais do texto científico.

O Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental (PPGESA), lotado no campus de Irati da Unicentro, realizou, no último dia 15, a Aula Inaugural de 2016. O convidado foi Gilson Volpato, especialista em redação científica e professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Volpato apresentou o Método Lógico para Redação Científica, criado por ele. O curso reuniu professores e alunos da graduação e pós-graduação de diferentes áreas.

De acordo com Volpato, o erro mais comum na redação científica não é a escrita, e sim a estruturação das ideias. “O Método pressupõe que nós temos duas bases para redação. Uma é científica, que envolve filosofia da ciência, epistemologia, ética e lógica, e metodologia científica. E a outra base é a comunicação. Escrever um artigo hoje não é como há 20 anos, a comunicação mudou. Então, é preciso entender que as revistas de bom nível também estão mudando, assim como o nosso leitor. E são esses dois pilares que nos ajudam a construir um bom texto”, explica.

Professores e acadêmicos de diferentes áreas participaram do curso.

Professores e acadêmicos de diferentes áreas participaram do curso.

A redação científica, hoje, segundo Volpato, precisa ser mais sintética porque o volume de artigos é muito grande. Além disso, ele destaca que a forma de tratamento correta sempre foi a primeira pessoa do singular na redação científica. Porém, em uma análise, ele observou que de 1900 até perto de 1990, cerca de 10% das publicações usavam a primeira pessoa, sendo que as restantes usavam o impessoal. Após 1990, o uso da primeira pessoa passou para 50%. Já nos materiais que estão sendo publicados recentemente nas melhores revistas, o índice passa de 50% para quase 100%.

“Hoje as revistas não são mais em papel e tem uma dinâmica diferente que faz com que o leitor rapidamente chegue ao artigo, e ele é um sujeito crítico. Antigamente, o leitor corria atrás do artigo. Hoje, o artigo corre atrás dele e muda tudo, desde a forma de expressão. Não dá para você ficar escondendo a novidade, é necessário apresentá-la de imediato. Quer dizer, anos atrás a pessoa ia ler para ver o resultado, hoje ela lê sabendo que deu algo interessante e vai ver se concorda”, observa.

Para o professor, um bom texto científico não precisa ser escrito de uma forma complicada, usando palavras “difíceis”. Ao contrário, para ele, quanto mais simples a linguagem melhor. Isso porque possibilita que leitores de todas as áreas possam ter acesso ao conteúdo. Outro ponto destacado pelo professor é o projeto, já a escolha dele depende do entendimento que a pessoa tem sobre o que é ciência.

“O texto internacional tem basicamente: conclusões novas, no sentido de ousadas; uma metodologia forte; as evidências da conclusão, que são os resultados que precisam ser claros e bem escritos. Isso significa um texto agradável que conta uma história, não é algo estritamente técnico. É esse o texto que você vê nas grandes revistas como Science e Nature”, ressalta.

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