Grande Feira no Câmpus de Irati destaca relações entre agroecologia, saúde e cultura
A celebração do aniversário do projeto da Feira Agroecológica do Câmpus de Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) ganhou um capítulo especial no dia 13 de novembro, com a realização da Grande Feira da Agrobiodiversidade e Economia Solidária. O pátio interno da unidade universitária se transformou em um espaço de comércio de alimentos orgânicos e artesanatos, apresentações culturais e intervenções sobre a saúde dos trabalhadores.
“Uma grande feira é uma grande festa. É um espaço de encontro e de trocas de saberes e sabores. Quem compra em uma feira dialoga diretamente com a produtora e o produtor, e vai saber de onde veio e como foi feito o alimento”, salienta a coordenadora da Feira Agroecológica em Irati, professora Fernanda Keiko Ikuta.

Frutas, verduras e legumes sem agrotóxicos foram comercializados no pátio interno do Câmpus de Irati, ao lado de artesanatos, panificados e doces (Foto: Coorc).
A iratiense Maria Siloé Maciel Kugeratski, que participa do projeto da Unicentro há três anos, foi uma das 28 pessoas que comercializaram produtos no evento. Na barraca dela tinha batata, cenoura, brócolis, morango, amoras, entre outros itens de hortifruti. “Foram vendidos muitos produtos. Fruta, foi tudo. Conversamos com bastante gente, um comprou do outro. Foi bem legal”, avalia.
A iniciativa também recebeu feirantes de outras cidades, como Rebouças e São Mateus do Sul, demonstrando a variedade da produção familiar na região. A empreendedora Edla Wolf Harmuch, que participa semanalmente das feiras da Unicentro em Guarapuava, trouxe velas aromáticas, escalda-pés, objetos decorativos e bijuterias da sua marca Dahlia.
“Eu amo vir para Irati. Quando eu venho para cá, as vendas são muito grandes: um vai falando para o outro e isso é bem gratificante. O pessoal gosta muito e todos que já compraram voltam a comprar as velas”, conta. “Eu pretendo falar com o pessoal que organiza a Feira aqui para eu poder vir mais vezes no ano”, projeta Edla.
Um espaço de cultura e engajamento
Durante a tarde, a Grande Feira contou com a apresentação do Coral da Unicentro, que cantou algumas das músicas trabalhadas no projeto.
Outro destaque da programação foi a campanha “Adote uma semente crioula e seja um(a) guardião(ã) do campo ou da cidade”, que distribuiu, principalmente, sementes de milho crioulo. “A intenção é que pessoas da cidade possam plantar esses milhos e protegê-los da contaminação cruzada dos transgênicos”, explica a coordenadora da Feira Agroecológica. “É uma ação em defesa da vida, porque as sementes transgênicas e a monocultura estão nos fazendo caminhar para a perda da biodiversidade”, justifica Fernanda.

Coral da Unicentro animou a Grande Feira cantando algumas músicas ensaiadas no projeto (Foto: Coorc).
Saúde no prato e nas práticas laborais
O incentivo ao estilo de vida saudável durante a Grande Feira se estendeu às questões de saúde mental, especificamente dos trabalhadores.
“A Feira traz uma conotação do viver de uma forma diferente: nós pensamos sobre os alimentos agroecológicos, mas também sobre como a gente convive com o meio ambiente. E a condição de vida e de trabalho da população é pensada nesse modo de viver mais coerente, com menos consumo e mais saúde”, contextualiza a professora Cláudia Magnabosco Martins, coordenadora do Núcleo de Estudos e Práticas sobre a Dimensão Humana do Trabalho (Nuhtra).
A equipe do Nuhtra levou duas ações para a Grande Feira no pátio da Unicentro: um plantão psicológico para quem quisesse falar sobre sofrimento ou dificuldades no trabalho e a exposição “Qual é a cara do trabalhador brasileiro?”, que convidou o público a responder essa pergunta por meio de frases ou imagens. “A proposta foi que as pessoas interagissem e parassem um pouquinho para pensar sobre o trabalhador ou o trabalho no Brasil”, explica Cláudia.
Por Amanda Pieta