Arranjos Produtivos Locais: palestra destaca experiência das agroindústrias familiares do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul

Em palestra realizada no mês de julho, acadêmicos do curso de Administração do Câmpus Irati tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho realizado pelo Arranjo Produtivo Local do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. Os chamados APLs concentram empresas, produtores e instituições que, em um mesmo território, estabelecem vínculos de cooperação para o desenvolvimento local e regional. Localizado a pouco mais de 100 km da capital gaúcha, o Vale do Taquari tem forte presença da agricultura familiar e da produção e agroindustrialização de alimentos. Integram o arranjo 39 empreendimentos, sendo 31 agroindústrias e 8 estabelecimentos vinculados a serviços de alimentação, como café colonial, restaurante e pizzarias, de 20 municípios da região.

Alunos de Administração do Câmpus Irati participaram de conversa com a coordenadora do APL, professora Eliane Kolchinski (Uergs).

A coordenadora do APL, Eliane Kolchinski, conversou com os alunos da Unicentro de forma virtual. Docente da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), ela conta que o APL foi criado e enquadrado no Programa Estadual de Fortalecimento das Cadeias e Arranjos Produtivos Locais em agosto de 2013. “Nessa época, para o enquadramento, ocorreu o envolvimento de várias instituições da região na mobilização, realização de seminários, visitas técnicas e elaboração do projeto. A Uergs teve um envolvimento efetivo em todas as fases”, ressalta.

De lá pra cá, Eliane destaca o impacto das diversas ações que foram e estão sendo desenvolvidas. Entre elas, estão cursos de capacitação, abertura de novos mercados por meio de organização de feiras, apoio na comercialização e consultoria na área de mídias sociais para a divulgação dos produtos. “Todas essas ações contribuíram para o fortalecimento das agroindústrias familiares envolvidas, para a agregação de renda, para o estímulo à permanência do jovem no meio rural, para a valorização da cultura local e para o fortalecimento dos mercados locais”, enfatiza.

As agroindústrias que integram o APL produzem e comercializam diversos produtos como embutidos, farinha de trigo integral, pães, massas congeladas, queijo e mel. “Uma das áreas que vem sendo trabalhada atualmente é a de turismo, abrangendo a implementação de ponto de comercialização de produtos e consultorias para as propriedades que têm interesse em receber turistas ou oferecer os seus produtos. Está também em andamento a constituição de uma cooperativa do APL”, complementa a professora.

Organizador do evento, o professor Aldo Siatkowski relata que a ideia da palestra surgiu na disciplina de Desenvolvimento Regional, quando uma aluna apresentou o caso do Vale do Taquari. Segundo o docente, o que chamou atenção foi justamente o trabalho com pequenos produtores de agroindústrias locais, em uma região muito parecida com a de Irati. “A preservação da cultura faz parte do processo da administração. Quando a gente consegue ver que há uma preservação de cultura dentro das propriedades rurais, mantendo os jovens de uma forma mais profissionalizada, mantendo o pessoal dentro das áreas e conseguindo fazer esse desenvolvimento regional, isso tudo é muito importante”.

Além disso, o docente salienta que o evento representou um grande ganho na formação dos alunos. “A aula teve conceitos de praticamente todas as disciplinas de Administração, como empreendedorismo, cadeia produtiva, marketing, governança, então isso foi bastante enriquecedor para os nossos acadêmicos”, pontua.

Acadêmico do 4º ano, Alexandre Longuim Lechinski reforça essa percepção, por se tratar da apresentação de uma experiência prática de gestão. “Tira um pouquinho do teórico da universidade e leva mais para o campo empírico, lá fora, como é que as coisas funcionam de verdade. A gente pode ver como é que o APL foi encaminhado desde o processo de fundamentação da ideia, o processo de união com os outros agentes, com as outras instituições, até o processo de consecução da ideia, o planejamento, o desenvolvimento e como ele está sendo feito até hoje”, conclui o aluno.