VII Sarau Cultural Afro-Brasileiro celebra valorização e resgate da cultura negra
Novembro, mês da consciência negra, é dedicado para reflexão e resgate da cultura africana, parte importante da formação e história do Brasil. No Câmpus Irati da Unicentro, como forma de celebrar a data, foi realizado o Sarau Cultural Afro-Brasileiro, organizado pelo Departamento de História (Dehis) e pelo Núcleo de Estudos Étnicos Raciais (Neer), em parceria com a Divisão de Promoção Cultural de Irati.
Em sua sétima edição, o evento contou com um dia inteiro de atividades. O coordenador do Neer, professor Rhuan Zaleski, explica que, além das apresentações culturais já tradicionais do Sarau, este ano a programação incluiu momentos de conversa e debate sobre questões raciais. “Esse ano, e a gente espera que os próximos sigam assim, estamos trabalhando nesse formato de comemoração e celebração artística e cultural propriamente dita, mas também os debates, a reflexão, tanto historiográfica como também de outras áreas”, conta o organizador.
A programação começou pela manhã com a roda de conversa “Saúde mental de estudante negros (as) e políticas públicas”, coordenada pela psicóloga Fernanda Sabei de Souza Santos. Egressa da Unicentro, Fernanda estuda essa temática desde o trabalho de conclusão de curso e, durante o sarau, trouxe reflexões aos alunos sobre o papel da universidade no combate às discriminações raciais. “Uma coisa muito importante nessa discussão foi justamente a gente poder dialogar sobre a importância de ter políticas públicas que garantam não só o ingresso, mas também a permanência de pessoas negras na universidade”, explica a psicóloga.
Durante a tarde, foi exibido o primeiro episódio da série norte-americana Bridgerton, produzida por Shonda Rhimes. Na trama, que é inspirada em fatos reais, parte da aristocracia inglesa é interpretada por atores e atrizes negros. “Trata-se de um desejo, um movimento de ressignificar o imaginário e as imagens que foram construídas sobre os negros. De modo a mostrar outras e novas representações, e não apenas a representação do negro escravizado, vitimizado, subalterno”, conta a professora Ana Maria Rufino Gillies, que conduziu o debate após a exibição. Em suas pesquisas, a docente investiga o protagonismo negro no audiovisual e na pintura. “É preciso abrir os olhos. A Europa não é só branca, a presença de negros foi acentuada e com uma diversidade de ocupações” complementa.
A noite foi dedicada a apresentações culturais, com poemas e contos recitados por alunos e professores. O encerramento do Sarau teve a participação do Terreiro de Umbanda Mãe Oxum e Pai Ogum, de Irati. A casa de umbanda Omolocô apresentou cantos e danças que fazem referência à ancestralidade e aos orixás. Para a mãe de santo Dulce Batista essa inserção no espaço universitário ajuda a diminuir o estigma das religiões de matriz africana. “Estamos aqui nessa missão de difundir a umbanda, levar um pouquinho do conhecimento que a gente tem e desmistificar a questão da religião também. É uma religião que tem muitos preconceitos e a umbanda é linda”, destaca Dulce.
Nos três turnos, o evento reuniu alunos de diferentes cursos. A Camily Scheidt Possidonio é estudante de História e ficou encantada com a programação. “É um evento que faz a gente refletir muito e aprender muito sobre a cultura afro-brasileira. Espero que esse sarau continue acontecendo na Unicentro, tendo em vista a importância que ele tem”, enfatiza a aluna.