Reitor alemão profere Aula Magna no campus Irati
O Auditório Denise Stoklos sediou a Aula Magna de 2017 do campus de Irati, que contou com palestras proferidas pelo reitor da Universidade de Rottemburg, da Alemanha, Bastian Kaiser, e pelo secretário Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, João Carlos Gomes.
Em sua fala, Kaiser apresentou algumas características do sistema de financiamento das universidades alemãs, que tem contribuições de diferentes setores. “Aqui também trabalham muito em programas, mas é necessário assegurar não acabem tão rápido, e oferecer chance, ou abrir a porta para que os fundos dos programas um dia se convertam em dinheiro fixo. Porque se isso não ocorrer, vamos ter muitas mudanças nas universidades. Essa experiência temos na Alemanha também, por isso defendo muito os programas”, destaca.
Já o secretário estadual retratou um panorama das universidades dentro do Paraná. Para ele, a grande diferença entre o modelo alemão e o brasileiro é a falta de parcerias dentro do setor produtivo. “A integração com o setor produtivo é um ponto que nós nas universidades brasileiras temos que discutir, ampliar, e acima de tudo, abrir a universidade para que possamos trabalhar mais forte ainda. Estamos ampliando aos poucos, mas é necessário fortalecer essa relação para formarmos um profissional que esteja dentro da necessidade do mercado de trabalho e dando resposta para a população”, ressalta João Carlos Gomes.
Além da visita como reitor, Kaiser também esteve no Brasil porque participa de um subprojeto de pesquisa dentro do projeto Imbituvão. O diretor do campus Irati, professor Afonso Figueiredo Filho explica que a subpesquisa busca avaliar as atitudes da sociedade em relação aos remanescentes de floresta ombrófila mista, a floresta de araucária. “O reitor participa deste subprojeto que é coordenado pelo professor Arthur Petkau, da Alemanha, e esta pesquisa busca entrevistar pessoas de vários segmentos da sociedade, e neste aspecto, nós agendamos reuniões com várias autoridades”, complementa.
Na agenda, estiveram entrevistas junto às secretarias estaduais de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, e de Agricultura e Abastecimento, com o Instituto Ambiental do Paraná, a Universidade Federal do Paraná, além de deputados estaduais e federais. Segundo Afonso, as entrevistas duraram em média duas horas cada uma.
“Foi uma semana bastante interessante e um momento que permitiu uma discussão mais profunda desse projeto que já está em sua segunda fase. Na primeira, foram entrevistados proprietários rurais e agentes ligados ao meio ambiente aqui da região e do município. Nesta segunda etapa, as entrevistas foram, principalmente, com autoridades que são ligadas ao meio ambiente, mas também com políticos e pesquisadores. Foram ações muito produtivas nesta esfera do projeto para conseguir entender melhor o que a sociedade pensa a respeito do futuro dos remanescentes das florestas de araucária aqui no Sul do Brasil”, afirma Afonso.
Para o reitor da Unicentro, Aldo Nelson Bona, a visita do reitor da Universidade de Rottemburg evidencia a disposição de dar continuidade a esta parceria. Desde 2009, as universidades têm cooperado acadêmica e cientificamente, com o intercâmbio de estudantes e de pesquisadores. Dentro da parceria, já foram aprovados projetos em edital do Unibral envolvendo a Capes e o DAD na Alemanha, e projetos envolvendo recursos do Governo do Estado do Paraná, do Governo de Baden-Württemberg na Alemanha, além de recursos do CNPq que tem possibilitado a execução de um conjunto de projetos de pesquisa no âmbito do projeto Imbituvão. Segundo Aldo, além da formação de pessoas, no programa de Mestrado e Doutorado, os recursos e o projeto tem propiciado também avanços no estudo sobre a questão da preservação pelo manejo da floresta ombrófila mista.
“É um projeto que tem sido objeto de polêmica num âmbito do Estado e do País, mas que sem dúvida nenhuma trabalha com uma perspectiva de se criar alternativas para preservação da floresta ombrófila mista, fundamentalmente, para preservação da araucária, sem que haja o esforço de extermínio das espécies jovens, porque uma vez que a árvore é adulta ela é imexível”, avalia Aldo.
De acordo com o reitor, a legislação nacional que objetiva preservar a floresta de araucária, na prática tem se mostrado ineficiente, justamente porque somente espécimes antigas continuam existindo e a regeneração da floresta não ocorre dado que, principalmente, nas pequenas propriedades, cada árvore nova que nasce é eliminada para evitar que se torne um problema futuro.
“Neste sentido é uma pesquisa de ponta, uma pesquisa de vanguarda, que claro, como todo pensamento a frente do seu tempo causa polêmica, transtorno, desajustes, mas nós acreditamos que apoiados na legislação prevalecerá o bom senso e o projeto continuará dando bons frutos. E esta parceria com a Alemanha é fundamental uma vez que a Europa como um todo, já tem em torno de 300 anos de preservação de floresta com manejo, evidenciando que é a melhor forma de fato de se preservar espécies ameaçadas de extinção. A presença do reitor aqui reforça a nossa perspectiva de um trabalho ainda de longo prazo com resultados importantes para a área florestal no país”, conclui Aldo.