Neer promove III Sarau Cultural Afro-Brasileiro
Novembro é considerado o mês da Consciência Negra, e para comemorar e refletir sobre a beleza da cultura africana na formação da sociedade brasileira, o Núcleo de Estudos Étnicos e Raciais (Neer), do campus Irati da Unicentro, organizou a terceira edição do Sarau Cultural Afro-Brasileiro.
A coordenadora do Neer, professora Alexandra Lourenço lembra que é necessário repensar a importância da cultura negra, não só no Brasil, mas em especial no Paraná. “O Paraná tem uma tradição histórica falha, muitas vezes de se pensar ele ‘muito branquinho’. Isso não é uma realidade. O Paraná só de comunidades quilombolas tem mais de 80. Então, o Sarau é um momento para mobilizar os estudantes, os professores e a sociedade de modo geral para uma reflexão sobre o que significa de fato em novembro esse mês da Consciência Negra. E acima de tudo, pensar a própria beleza da contribuição da cultura negra, porque ela está em tudo: na música, no linguajar, na alimentação, no vestuário, enfim, ela faz parte do nosso cotidiano e muitas vezes passa despercebida”, destaca Alexandra.
O Sarau também recebe o apoio da Divisão de Promoção Cultural. O chefe da Diproc e professor do Departamento de Letras, Edson Santos Silva apresentou o poema dramatizado “Gritaram-me Negra”, de Victoria Santa Cruz, acompanhado da professora Ana Maria Rufino Gillies, do Departamento de História. Segundo Edson, o texto é um convite para reflexão sobre o poder das palavras.
“É um texto que traz uma personagem que aos sete anos, na rua, foi agredida pela palavra negra e, naquela ocasião, ela não entendia o que significava isso. E dentro do contexto da palavra vinha a questão do nariz, da pele. E o texto traz um pouco essa questão de você se apropriar do que você é, e perceber que o seu cabelo crespo é bonito, que o seu nariz não afilado também é bonito, e que sua pele escura também é bonita. O feio é o que as pessoas tentam impingir a essas qualidades. E o texto fala de uma criança que aos sete anos não entendeu aquela agressão e que aos poucos ao amadurecer, fez as pazes com a palavra e com toda aquela situação. Mas é um texto que faz com que pensemos nas dores e como elas se introjetam nas pessoas”, explica o professor.
A programação do Sarau envolveu ainda leituras de textos que propuseram diferentes reflexões sobre a temática, e apresentações musicais. Já o grupo de capoeira Guerreiros dos Palmares, de Imbituva, animou o público com a mistura de dança e luta. Para a acadêmica de História e integrante do Neer, Jaqueline Kotlinski, o Sarau é uma forma de resistência da cultura negra. “Nós temos o ano todo para pensar nesta questão do preconceito, mas é necessário ter um dia específico com foco nestas questões e em toda cultura, e a maneira como esse processo influencia a nossa vida hoje”, complementa.
Durante o Sarau, os participantes também puderam conferir duas exposições organizadas por alunos do Colégio Estadual São Vicente de Paulo. Uma delas foi produzida dentro da disciplina de História, ministrada pela professora Jenice Longato, e a outra, foi confeccionada pelos alunos do professor Carlos de Moura, de Geografia.
“O Núcleo de Estudos Étnico-Raciais tem alguns projetos de extensão com esse contato com as escolas. Nós tanto participamos nas escolas de atividades, como também, convidamos a trazer o que eles elaboram, e o mês de novembro é muito rico. Eles vieram, montaram a exposição e participaram com grande satisfação. E isso nos deixa extremamente felizes”, conclui Alexandra.