UNICENTRO – Potencialidades das calçadas de cidades brasileiras para ofertar serviços ecossistêmicos
Maria Eduarda Chami
Data da defesa: 12/12/2024
Banca:
Dra. Nisiane Madalozzo Wambier – UEPG – Primeira Examinadora
Dra. Angeline Martini – UFV – Segunda Examinadora
Dr. Rogério Bobrowski – UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca
Resumo:
As calçadas são infraestruturas urbanas essenciais para a mobilidade e a sustentabilidade. Para alcançar uma cidade sustentável, é fundamental garantir calçadas acessíveis e questões ambientais de qualidade para fornecimento de serviços ecossistêmicos. No entanto, pesquisas abrangentes sobre a capacidade das calçadas em oferecerem serviços ecossistêmicos e atuar como Soluções Baseadas na Natureza (SbN) ainda são limitados. Este estudo analisou calçadas de 81 cidades brasileiras nas cinco regiões do país, em cada estado foram selecionadas a capital, uma cidade com mais de 100.000 habitantes e uma com mais de 50.000 habitantes. Em cada cidade, foram avaliados 32 segmentos de rua, distribuídos entre centro e periferia. As variáveis analisadas incluíram a largura da calçada e da via, o comprimento do segmento e a declividade. Além disso, o tipo predominante de calçada e sua permeabilidade média (>70%), a presença de recuo frontal no segmento e a existência de marquises sobre a calçada (>70% dos lotes), a presença de canteiro central, a acessibilidade, o número de árvores e canteiros no segmento, a composição e o tipo predominante dos canteiros (>70%) e o tipo de projeção da copa das árvores (>70%). Com base nessas variáveis, determinou-se o potencial de prestação de serviços ecossistêmicos: Potencial de Redução do Escoamento Superficial (PRES), Potencial para Estoque de Carbono (PEC) e Potencial para Regulação do Microclima (PRM), além de avaliar a capacidade das calçadas de servirem como soluções baseadas na natureza (SbN). Os resultados indicaram que as calçadas nas cidades brasileiras têm uma largura média de 3,13 m, segmentos de 109,92 m de comprimento médio, inclinação média de 1,55° e uma densidade de 4,14 árvores por 100 m. As regiões Centro-Oeste e Norte têm as calçadas mais largas, enquanto o Nordeste e o Sudeste têm as mais estreitas. O Sul apresenta segmentos de rua mais longos, e maior declividade no Sudeste. Em áreas periféricas, a densidade de árvores é maior no Centro-Oeste e no Sul. O Potencial de Redução do Escoamento Superficial (PRES) é maior nas periferias das capitais do Nordeste e Centro-Oeste, enquanto o Potencial de Estoque de Carbono (PEC) e o Potencial de Regulação Microclimática (PRM) também são maiores nas áreas periféricas, especialmente no Norte e Centro-Oeste de cidades menores. Quanto à capacidade das calçadas de servir como SbN, no modelo para VSbN1 (condições atuais), as periferias das capitais das regiões Norte e Centro-Oeste, se destacam com valores ligeiramente mais altos refletindo melhor permeabilidade e cobertura arbórea comparados as áreas centrais. No modelo para VSbN2 (condições ideais de infraestrutura verde), as áreas periféricas apresentam melhores resultados em comparação ao centro, especialmente nas cidades menores do Sul, onde há mais espaço para a vegetação. A avaliação identificou diferenças significativas entre as regiões e os tamanhos das cidades, sem um padrão replicado uniformemente, resultando em variações nas características da infraestrutura e na capacidade de fornecer serviços ecossistêmicos. Portanto, a adaptação das condições existentes por meio de uma melhor integração das infraestruturas cinza e verde pode melhorar a qualidade de vida urbana, aprimorando a prestação de serviços ecossistêmicos.