UNICENTRO: Qualidade das águas em fontes alternativas de abastecimento no Paraná: um mapeamento de vulnerabilidades

Caroline Menezes Manzatto

Data da defesa: 16/12/2024

Banca:
Dra. Paula Marques da Silva – UEL – Primeira Examinadora
Dra. Tatiane Bonametti Veiga – UNICENTRO – Segunda Examinadora
Dra. Kelly Geronazzo Martins UNICENTRO – Orientadora e Presidente da Banca

Resumo:

O acesso à água potável é um direito humano fundamental, essencial para a promoção da saúde pública e a redução das desigualdades sociais. Em uma abordagem interseccional, é possível analisar como diferentes dimensões sociais, como gênero e raça/cor, interagem para criar vulnerabilidades distintas entre grupos populacionais. Neste contexto, a presente dissertação objetivou investigar a qualidade da água de abastecimento em fontes alternativas nos municípios da 4ª Regional de Saúde do Paraná, que inclui Fernandes Pinheiro, Guamiranga, Imbituva, Inácio Martins, Irati, Mallet, Rebouças, Rio Azul e Teixeira Soares, visando identificar desigualdades e vulnerabilidades socioambientais, considerando variáveis sociodemográficas e notificações de violência contra mulheres. Para tanto, foram utilizados dados do Vigiagua (Sistema de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do IBGE e notificações de violência contra mulheres da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná. Estes dados foram analisados por meio de métodos estatísticos avançados, como Análise de Componentes Principais (PCA) e Análise de Redundância Canônica (RDA). A PCA destacou que municípios como Irati e Fernandes Pinheiro apresentam alta contaminação bacteriológica, sugerindo que práticas locais de saneamento e uso do solo são fatores críticos. A análise sociodemográfica dos municípios revelou que, em média, a população dos municípios é composta por aproximadamente 68% de indivíduos que se identificam como brancos e 30% como pardos, com uma menor representação de indígenas, pretos e amarelos. A distribuição de gênero é relativamente equilibrada, mas as mulheres enfrentam desproporcionalidades em termos de acesso a recursos e exposição a riscos sociais, como a violência. Fernandes Pinheiro se destaca como um município discrepante, apresentando altas taxas de violência contra mulheres, com 1,53 notificações por 10 mil habitantes, e uma significativa contaminação por E. coli, com 92,65% das amostras fora do padrão em 2022. A RDA revelou correlações significativas entre a qualidade da água e variáveis sociodemográficas, indicando que populações indígenas, pretas e pardas estão mais sujeitas a consumir água com elevada contaminação. Em contraste, a população branca tem acesso a água de melhor potabilidade. Além disso, municípios como Irati e Fernandes Pinheiro, que apresentam alta contaminação por E. coli e coliformes totais, também têm altas taxas de notificações de violência contra mulheres. Essa análise sugere que a infraestrutura sanitária deficiente e fatores socioeconômicos comuns contribuem para contextos sociais mais vulneráveis, onde a qualidade da água e a violência estão interligadas. Estes resultados reforçam a importância de considerar as interseccionalidades de raça, cor e gênero na formulação de políticas públicas, indicando a necessidade de intervenções específicas que abordem tanto a infraestrutura de saneamento quanto as dinâmicas sociais para promover a justiça ambiental.

Link: https://tede.unicentro.br/jspui/handle/jspui/2434

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