UNICENTRO – Condições de trabalho, saúde e qualidade de vida dos catadores de materiais recicláveis, no período de pandemia da covid-19.
Ana Paula Almeida
Data da defesa: 16/09/2022
Banca:
Dra. Adriana Aparecida Mendes – UNIARA – Primeira Examinadora
Dra. Jeanette Beber de Souza – UNICENTRO – Segunda Examinadora
Dra. Tatiane Bonametti Veiga – Orientadora e Presidente da Banca
Resumo:
Os catadores integram uma categoria profissional frequentemente exposta a riscos físicos e psicossociais, estando, as condições de trabalho no manejo dos resíduos, associadas as perdas na saúde e na qualidade de vida. Apesar de existirem políticas sociais que reconhecem a importância do trabalho dos catadores, a maioria desses trabalhadores, ainda atuam em condições precárias e insalubres. Os perigos originados a partir do surgimento de novas epidemias/pandemias amplamente disseminadas, como é o caso da COVID-19, somam-se a essas adversidades na vida desses profissionais, uma vez que eles enfrentaram, na linha de frente, uma intensa onda de risco biológico. Diante desse contexto, o presente trabalho objetivou identificar e diagnosticar as condições de trabalho, saúde e qualidade de vida dos catadores de materiais recicláveis, no período da pandemia da COVID-19, no município de Ponta Grossa-PR. Para o desenvolvimento da pesquisa descritiva e exploratória foi utilizada uma amostra composta por 83 participantes vinculados a associações de catadores de materiais recicláveis. Os catadores responderam a dois questionários, o primeiro construído e subdividido em: Dados pessoais; Perfil profissional; Saúde ocupacional e Riscos ocupacionais em período de pandemia por COVID-19, o segundo referente à qualidade de vida, a partir da aplicação instrumento de qualidade de vida, da Organização Mundial de Saúde, “Whoqol-bref”. Entre os achados do estudo, foi observado que o perfil demográfico do catador tende a manter o padrão já observado na literatura. A maioria dos catadores que formaram a amostra eram do gênero feminino (72,3%). O gênero feminino também demonstrou ter maior número de filhos (66,3%). Aproximadamente, 46,9 % da amostra encontrava-se na faixa de 18 a 35 anos, solteiros (36,2%), com grau de instrução de ensino fundamental incompleto (48,2%). O perfil profissional demonstrou que a maioria dos catadores (60,0%) realizava esse trabalho por necessidade ou complemento de renda e apenas 2% por realização profissional, embora alguns reconheçam que seu trabalho é uma atividade extremamente vantajosa nas questões ambientais (29,0%). Em relação a saúde ocupacional e riscos ocupacionais, em período de pandemia, foi identificado que, apesar dos catadores terem desenvolvido estratégias de proteção (93,9%) para evitar o contágio por COVID-19, houve o contato com resíduos potencialmente infectante (46,0%). A média da qualidade de vida geral na avaliação do Whoqol-bref foi de 72 pontos (escala de zero a 100). O domínio do meio ambiente (63,5 pontos) e domínio das relações sociais (71,0 pontos) foram os que apresentaram menor escore médio. O momento crítico revela a necessidade do desenvolvimento de ações emergenciais de caráter preventivo a saúde dos catadores, em situações de epidemias/pandemias. A partir desse diagnóstico, é possível concluir que a pandemia da COVID-9 causou diversas alterações na vida do catador, algumas na esfera profissional e outras relativas a saúde emocional. Por essa razão, sugere-se estudos longitudinais, ao fim da pandemia, para nortear a elaboração de estratégias que possam ser adotadas em outras situações epidêmicas de ampla disseminação, semelhantes às vivenciadas no período da COVID-19.