Servidores da Unicentro participam de primeira capacitação institucional sobre assédio
A primeira capacitação promovida pela Comissão Permanente de Combate e Prevenção ao Assédio Moral e Sexual da Unicentro reuniu cerca de 500 pessoas nos três câmpus da universidade. As palestras apresentadas por integrantes da comissão foram realizadas nessa quinta-feira (11), em Guarapuava e Irati, e tiveram como público-alvo professores e agentes universitários. Na ocasião, eles conheceram o trabalho que deve ser desenvolvido pelo grupo e, principalmente, puderam aprender sobre como identificar e denunciar essas formas de violência.
A comissão foi implementada neste ano na universidade, em conformidade com a Lei Nº 14.540. Esta política pública, sancionada em 3 de abril de 2023, criou o Programa de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Sexual e demais Crimes contra a Dignidade Sexual e à Violência Sexual no âmbito de todas as esferas da administração pública. Na Unicentro, o grupo instituído pela Reitoria é composto por onze membros – um agente universitário, um docente e um discente indicados por cada um dos três câmpus da instituição, além de um representante da Pró-Reitoria de Recursos Humanos e outro da Coordenadoria de Apoio ao Estudante, a Coorae.
Como explica a integrante da comissão e professora do Departamento de História do Câmpus Irati Alexandra Lourenço, entre as principais ações do programa estão o suporte para o recebimento de denúncias de casos de violência de gênero e assédio no espaço acadêmico e o trabalho de prevenção junto à comunidade universitária. “Essas atividades de prevenção ocorrem via processo educacional. É através dessas atividades de capacitação e de divulgação, e da problematização dessa discussão com docentes, discentes e agentes, trazendo o tema para a universidade, dando mais visibilidade a ele, que eu acredito que esse processo educacional vai acontecer”, afirma a professora.
A advogada Juliana Praisner, da Rede de Enfrentamento à Violência Contra Mulher de Guarapuava, foi convidada a participar da formação em Irati. Para ela, a informação é um dos recursos fundamentais nessa luta. “A partir do momento em que você começa a debater sobre aquilo, você começa a coibir essas violências, porque as pessoas começam a reconhecer e começam a agir, os movimentos começam a se interligar. Nós estamos fazendo isso através da comissão e da busca pela qualificação e pela capacitação dos seus profissionais”, enfatiza.
A relevância de discutir o tema, a necessidade de capacitar os servidores e a urgência de adotar ações efetivas para punir quem comete assédio foram reforçadas também por quem assistiu às palestras. Secretária da Direção do câmpus Cedeteg, Suellen de Fátima Egiert ressalta que esse tipo de formação é fundamental para que as pessoas saibam como agir em um contexto de violência. “Hoje nós temos ‘n’ formas de se informar, mas por mais que a gente estude sobre o assunto, leia, quando você está diante de uma situação de assédio, de uma pessoa passando por aquilo, vindo até a Direção de Câmpus para pedir apoio, pedir ajuda, às vezes fica na dúvida de como reagir, como tratar a situação. Então, é importante esse tipo de ação para ensinar a comunidade universitária sobre o assunto e, principalmente, para nós que atendemos ao público”, salienta.
Professor do Departamento de Geografia do câmpus de Irati Julio Manoel França da Silva destaca que o assédio é um tema bastante importante. Para ele, é urgente que os casos que ocorrem no ambiente acadêmico sejam punidos. “Eu acho que a instituição vai ter que se envolver cada vez mais com isso. É urgente que ela crie uma sistematização para que esses casos não sejam pulverizados, diluídos e que a universidade realmente se envolva com essas questões importantes”.
Um dos trabalhos previstos para a comissão será estabelecer um fluxo próprio de atendimento de casos de assédio em cada câmpus. Enquanto isso, os canais de denúncia da universidade que estão disponíveis são a Ouvidoria e a Coordenadoria de Apoio ao Estudante. Uma das integrantes da comissão, a professora do Departamento de Enfermagem Maria Lúcia Raimondo salienta que a notificação oficial dos casos é necessária para que a instituição possa tomar as medidas cabíveis, tanto dentro da universidade quanto externamente. Além disso, a docente reforça a importância de que as vítimas sejam encorajadas a formalizarem essas acusações. “Antes de qualquer função que eu tenha dentro da universidade, dentro de uma comissão, eu tenho um compromisso social, enquanto cidadã, de trabalhar em prol do enfrentamento da violência. Então, toda vez que eu estiver ali, que alguém na minha presença ou próximo a mim esteja numa situação como essa, que eu incentive essa pessoa para que ela procure os canais, para que ela faça essa denúncia, para que esse agressor seja responsabilizado perante a instituição, perante as instituições judiciais”.