Departamento de Medicina e grupo Guarapuava Salvando Vidas atuam juntos na prevenção do suicídio
O suicídio é um problema de saúde pública que afeta pessoas de todas as idades, gêneros e culturas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. A prevenção do suicídio envolve uma abordagem multidisciplinar, que inclui medidas como educação, conscientização, intervenção em crises, tratamento médico e psicológico. Além disso, é importante que a sociedade em geral, bem como os profissionais de saúde e de outras áreas, estejam cientes dos sinais de alerta do comportamento suicida e saibam como intervir de forma adequada. Foi com este ideal que o Departamento de Medicina da Unicentro estabeleceu uma parceria com o grupo Guarapuava Salvando Vidas (GSV) para a oferta de um curso preparatório para os estudantes e, também, para vaga de estágio voluntário.
Fundado em 2018 pelo advogado aposentado Arthur Antonio Mondin, de 85 anos, o GSV é um grupo de voluntários que presta um serviço de prevenção do suicídio por meio de chat para quem está precisando desabafar. “Há uma necessidade muito grande e eu achei que devia criar alguma coisa. O chat permite que nós tenhamos voluntários que estejam trabalhando na sua casa, atendendo pelo computador, pelo celular”, conta o criador e coordenador do GSV.
A ideia de desenvolver um chat surgiu quando Arthur participava do Centro de Valorização da Vida (CVV), em São Paulo. Ao mudar para Guarapuava, continuou com o trabalho e, hoje, o projeto conta com 15 voluntários. “Eu criei o chat no CVV em 2008 – até aquela época nós atendíamos só pelo telefone. Criamos o chat e foi realmente um sucesso, porque os jovens começaram a nos procurar pelo chat. Em 2018, conseguimos criar o chat aqui. Mesmo com pouca divulgação, pelos números, dá para perceber que há procura e precisamos de mais voluntários. Então, eu espero que aqui, com esse estágio, possam surgir pessoas interessadas em participar como voluntários”, recorda.
A proposta do chat é ofertar um ambiente acolhedor e livre de julgamentos para aqueles que sofrem. “O propósito é oferecer alguém que escute adequadamente, alguém que possa minimizar a solidão que essas pessoas estão sentindo. Dentro da visão dela, ela está solitária, ela está magoada, ela quer desabafar. Nós vamos fazer aqui o curso que, normalmente, nós fazemos on-line. Nós vamos ter uma parte teórica, eles vão receber o material que dá os tópicos da parte teórica, depois nós vamos ter toda uma parte prática”, explica Arthur.
Entre os estudantes de Medicina dispostos a participar do projeto está a Helena Cappellaro Kobren, acadêmica do segundo ano. “A gente vai poder ver diferentes realidades. Acho que seria muito bom começar a ter mais contato com o paciente, conversando mesmo e enfrentando alguns desafios internos nossos, porque não vai ser fácil, tem que ter uma preparação muito grande, porque é uma responsabilidade muito grande também”, avalia.
Para Helena, essa é uma oportunidade de fazer a diferença na comunidade de Guarapuava, ao mesmo tempo auxiliando no seu aprendizado profissional e no atendimento dos pacientes. “Vai ser muito interessante para a gente ter mais contato com a parte da psicologia. Inclusive não só nessa questão de saúde mental, mas em qualquer situação queestá com algum problema de hipertensão, está com diabetes. Não é só isso. Não é só um problema no fígado, no coração. Tem que olhar a pessoa mesmo, ver quais são as dificuldades que ela pode estar enfrentando e que ela não vai falar na consulta”, conta.
A oportunidade para participar do curso e ser voluntário é aberta a todos, basta se inscrever pelo site do GSV. “O nosso curso está aberto, não só a título de estágio. Se você quiser participar, você entra no site, se inscreve e, quando tiver um número mínimo de participantes, você participa de um curso”, complementa o coordenador.