Projeto da Unicentro vai lançar cartilha sobre serviços para mulheres LBTTs
Vislumbrar caminhos para combater a violência direcionada às mulheres LBTTs. Esse é o propósito do projeto de extensão da Unicentro, desenvolvido no Campus Irati, intitulado “Prevenção à violência contra mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais”. Segundo a coordenadora do projeto, professora Kátia Alexsandra dos Santos, a iniciativa busca problematizar o termo mulheres como uma categoria única, indicando que existem diferenças marcantes que resultam, inclusive, nadesigualdade socialentremulheres LBTTs.
“A ideia do projeto surgiu a partir da própria observação da demanda que temos no Numape, que é o Núcleo Maria da Penha. Nós recebemos, no Numape, basicamente mulheres cis e heterossexuais. Então, começamos a nos perguntar como poderíamos atingir essa população – pensando nas mulheres trans, travestis, lésbicas e bissexuais – onde elas estariam, como acessariam os serviços e quais são os serviços que existem no município. Nós pensamos em fazer um projeto de extensão que se voltasse a essa população e que procurasse também chamar a atenção dos serviços existentes na nossa cidade”, detalha Kátia.
Para isso, o projeto de prevenção a violência contra mulheres LBTTs buscou informações sobre o assunto com o intuito de reuni-las em um único documento, a fim decontribuir com aidentificação desituaçõesde violência e indicaros locais adequados para se denunciar ou buscar acompanhamento.Aestudante de Psicologia Gabriela Walter é uma das oito acadêmicas envolvidas no projeto e conta como se deu a execução deste mapeamento. “A atuação foi no sentido de buscar informações sobre políticas e serviços que existem para mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais – mulheres LBTTs, em âmbito nacional, estadual e municipal. Teve quatro eixos de busca – na assistência social, na educação, saúde, assim como na segurança pública e judiciário. O objetivo foi o mapeamento dessas questões em âmbito local, buscando indicar os serviços que prestem atendimento às mulheres LBTTs. A gente buscou sintetizar essas informações para a escrita da cartilha”.
Pensando em ampliar ainda mais o alcance desse conteúdo, a equipe do projeto da Unicentro estará promovendo um evento delançamento da cartilha com políticas, informações e serviços em Irati voltados ao atendimento a mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais. Na próxima terça-feira, 31 de agosto, às 16h, o canal da Unicentro no YouTube (https://youtu.be/NnGFdS4k58s) vai transmitir o lançamento. Durante a webconferência, a equipe do projeto pretende, também, chamar a atenção sobre a temática a partir de debates conduzidos por convidadas que têm propriedade para abordar o assunto. Uma delas é a professora da Unicentro Ana Paula Dassie-Leite, que vai falar sobre o atendimento fonoaudiológico a mulheres transsexuais. Outra participante será a psicóloga Patrícia Muller da Costa, que trabalha com saúde mental de mulheres LBTTs. Também é convidada do evento a mulher trans Helena Batista Félix Vicente, que é estudante de Psicologia da Universidade Federal do Paraná. Ela pretende abordar a importância do acesso a serviços públicos especializados à mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais.
“Todo o contexto de constituição do processo transexualizador e até mesmo os marcos legais, para mim, são fundamentais para a gente observar como estamos caminhando rumo a consolidação desses direitos humanos, que são tão negligenciados, e, sobretudo, na oferta de uma possibilidade de ser e estar digna para essas mulheres. É nisso que vou me centrar”, afirma Helena. Ela ainda destaca que tanto o projeto da Unicentro, quanto à cartilha e seu evento de lançamento são oportunidades de interlocução entre saberes e práticas fundamentais para que novas possibilidades de intervenção possam surgir.
“Não se trata apenas de falar, debater. Isso não fica tão somente no campo da palavra, porque quando a gente oferece esse tipo de atividade para futuros graduados e coloca até mesmo os próprios docentes para pensarem sobre isso, refletindo sobre o lugar da universidade e o papel dela no combate a essa violência, é fundamental para que a gente dê os primeiros passos rumo às políticas públicas e até mesmo dentro das teorias, das epistemologias, para que essa mudança seja teórica e prática”, finaliza.