Herbário da Unicentro conta com milhares de amostras para consulta
Há mais de 20 anos, a Unicentro conta com uma Coleção Botânica que abriga mais de sete mil amostras de plantas. O Herbário da universidade é um projeto de extensão abrigado no Laboratório de Conservação da Natureza, do Departamento de Engenharia Florestal, no campus Irati, que mantém um acervo de plantas provenientes das florestas ombrófila mista, densa e estacional e de campo cerrado. A Coleção Botânica do Herbário é como uma biblioteca de plantas secas, disponíveis para consulta, observação e pesquisa.
“Uma coleção botânica científica. É uma coleção de plantas secas, com todos os dados sobre a planta, a identificação da espécie, onde foi coletada, em que ambiente, data e quem a coletou. Nós temos espécies que podem ser estudadas, podem gerar novos produtos, novas tecnologias, novas soluções para os nossos problemas da agricultura, novos remédios – uma infinidade de potencial de espécies que a gente tem que guardar porque, infelizmente, o ritmo de perda dos hábitos, o ritmo de perda dessa biodiversidade é maior do que o tempo para conhecimento e pesquisa dela”, discorre a curadora do projeto e professora da Unicentro Eneida Martins Miskalo.
Cada amostra coletada é costurada em cartolina, depois de prensada e seca em estufa elétrica. Cada registro é identificado com uma etiqueta que contém o nome científico da espécie, a família botânica, dados da coleta e outras especificações da planta. As amostras recebem uma camada de papel kraft e, então, são armazenadas em um armário de aço disposto em uma sala constantemente refrigerada a 18 graus Celsius. O Herbário da Unicentro também prepara para acervo amostras de frutos das referidas plantas, que são mantidos separadamente, em vidros, com uma solução de formol, álcool e ácido acético, e identificados com uma cópia da etiqueta e número de registro da mesma planta a que pertenceram. Além do acervo físico, os registros também são disponibilizados para consulta em banco de dados informatizado na internet.
As plantas secas do Herbário da Unicentro são advindas de coletas próprias, mas também de etapas de pesquisas de graduação e de pós-graduação, além de receber e oferecer intercâmbios de amostras entre instituições que possuem coleções botânicas, como explica a curadora. “Para ampliar e diversificar as coleções botânicas são feitas permutas entre um herbário e outro. Se você coleta dois ramos vindos do mesmo indivíduo, eles são duplicatas. Você guarda um, que foi registrado com o mesmo número só de registro, porque veio do mesmo indivíduo,e uma fica no herbário que coletou e as outras duplicatas pode-se enviar e doar para outros herbários do Paraná ou outras instituições sugeridas pelo pesquisador. Isso aumenta a produtividade e diversificação dos materiais, porque não precisamos coletar todos, em todos os locais de coleta. O Herbário é o fruto e a fonte de novas pesquisas, feito e destinado a pesquisas”.
O acervo do Herbário da Unicentro está em constante atualização, recebendo adendos informativos conforme o avanço científico em relação a nomenclaturas e classificações. Os materiais podem ser consultados e emprestados temporariamente por pesquisadores que desejem investigar temáticas botânicas. A pesquisadora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Marinez Ferreira de Siqueira, por exemplo, já utilizou dados do Herbário da Unicentro para a produção de um artigo científico. Ela conta de que forma a universidade paranaense foi útil para a compilação e esquematização de dados para a pesquisa.
“Como exemplo do tema de pesquisa do qual utilizei informações do Herbário da Unicentro posso citar uma pesquisa na qual utilizei dados que foram publicados em um artigo, este ano, na revista Biological Conservation. Esse artigo trata da definição de níveis de endemismo de árvores da Mata Atlântica para fins de conservação da biodiversidade. Para este artigo, foram utilizados dados de centenas de coleções botânicas do Brasil e de fora – uma das quais, o Herbário da Unicentro, que contribuiu com 5850 registros para esta pesquisa”, detalha Marinez.
De acordo com a Global Biodiversity Information Facility, que é uma rede mundial de dados sobre biodiversidade, nos últimos cinco anos, os dados do Herbário da Unicentro foram utilizados e publicados em 107 pesquisas científicas ao redor do mundo todo. A coleção botânica da Unicentro faz parte do projeto HerbárioVirtual da Flora e dos Fungos do Brasil e também compõe o NAPI Taxonline, que é a Rede Paranaense de Coleções Biológicas. Este último, tem como intuito principal reunir informações das coleções botânicas de instituições paranaenses em um mesmo banco de dados, para sistematizar o conhecimento e facilitar a consulta e utilização destes por qualquer pessoa que deseje estudar a biodiversidade. Para auxiliar nesta nova fase do projeto, o Herbário da Unicentro está selecionando dois bolsistas de graduação em Engenharia Florestal para atuar junto à coleção botânica da universidade. As inscriçõessão gratuitas e podem ser feitas até nove de maio pelo site de eventos da Unicentro, seguindo as instruções do edital publicado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da universidade.
O projeto do Herbário faz parte do Programa de Extensão “Coleções Biológicas da Unicentro”, cuja principal meta é a formação de uma rede de colaboração entre professores pesquisadores que atuam com diversos grupos biológicos, visando a criação, a ampliação e diversificação de coleções científicas institucionais, além de novas parcerias. “Mais recentemente, foi criado um programa de extensão, o Coleções Biológicas. Este programa tem a intenção de juntar várias coleções separadas, que possam ser criadas na instituição Unicentro sob um único tema das coleções biológicas – coleções de microorganismos, por exemplo, coleção de amostras de madeira, também pode ser uma coleção zoológica, uma só de invertebrados, de insetos, de vírus, de fungos e toda e qualquer coleção biológica”, lembra Eneida.
O Herbário da Unicentro também atua na divulgação e promoção da ciência por meio de ações extensionistas para professores de escolas municipais de ensino fundamental, a partir da oferta de palestras, cursos de campo e laboratório, oficinas de criação e confecção de materiais e atividades didáticas diversas, como kits de amostras, pequenas coleções, mini-diários para registro de observação da natureza, experimentos caseiros simples e representação artística da natureza.