Pesquisadoras da Unicentro têm artigo publicado em revista de alto impacto da área de Química
O câncer é, atualmente, a segunda doença não transmissível que mais mata no mundo, sendo considerado um problema de saúde pública. Nesse sentido, é imprescindível um diagnóstico clínico precoce da doença para que se possa existir uma chance de controle e tratamento. É nesse sentido que uma pesquisa realizada na Unicentro, pelo Grupo de Eletroanalítica e Materiais Nanoestruturados do Programa de Pós-Graduação em Química em parceria com o Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia, do Instituto de Física de São Carlos da USP, trabalha. Ou seja, objetivando facilitar a detecção precoce e o monitoramento de células cancerosas. Trabalho que ganhou destaque internacional.
A pesquisa “Imunossensor de câncer com base na ligação de apo e holo-transferrina”, de autoria de Sthéfane Valle de Almeida sob orientação da professora Andressa Galli, foi publicada pela revista científica de alto impacto internacional Microchimica Acta. O artigo tem como tema principal o desenvolvimento de imunossensores eletroquímicos que sejam capazes de detectar e monitorar células cancerosas de forma menos invasiva e barata. “Isso é de extrema importância para o diagnóstico precoce da doença, que ainda é um dos principais desafios para o combate. Esse dispositivo é um tipo de biossensor baseado na reação do nosso sistema imunológico. Então, dessa forma os imunossensores consistem em um anticorpo acoplado a uma superfície tradutora que é responsável por realizar a leitura da reação de bioreconhecimento que ocorre entre esse anticorpo e o que se quer detectar”, diz a pesquisadora.
A professora Andressa Galli, que orientou a pesquisa, exemplifica que o dispositivo utiliza a detecção e o monitoramento marcador canceroso transferrina, que é uma glicoproteína transportadora de ferro no organismo, sendo capaz de detectar tanto a apo quanto a holotranferrina. Além disso, ela explica que mesmo com o bom desempenho analítico, boa estabilidade e adequação a sistemas biológicos dos imunossensores, eles devem continuar sendo testados e estudados em amostras reais para que possam ser aplicados em larga escala.
“Em decorrência do bom desempenho analítico, os imunossensores foram capazes de diferenciar as células cancerosas das células de controle nas duas diferentes concentrações – para apo e holotransferrina. Entretanto, a detecção celular foi realizada em caráter preliminar e se faz necessário um teste de seletividade de interferência possivelmente encontrados em amostras reais. Diante disso, ainda que mais estudos sejam requeridos para a aplicação dos sensores em larga escala, os dispositivos desenvolvidos mostraram um avanço no monitoramento marcador canceroso transferrina, uma vez que eles apresentaram simplicidade e desempenho analítico inéditos até o momento, então eles são considerados uma importante contribuição no aprimoramento de diagnósticos clínicos rápidos e de baixo custo”, detalha a docente.
O desempenho inovador da pesquisa também se sobressai, já que o artigo foi publicado em um periódico que visa resultados de pesquisas verdadeiramente novos em ciências analíticas, químicas e bioquímicas com base no uso de materiais micro e nano estruturados. Esses resultados inéditos foram enfatizados animadamente por Sthéfane.“É importante ressaltar que hoje não existe no mercado um dispositivo eficaz, pouco invasivo e com resposta rápida para o controle de células cancerosas. Atualmente, o monitoramento dessas células é realizado por meio de biomarcadores”, explica.
Para a professora Andressa Galli, o resultado também eleva a importância do incentivo à pesquisa – um dos pilares da universidade pública – para o incentivo à inovação e novas descobertas científicas que possam impactar diretamente a comunidade. “Para produzirmos artigos de alto impacto, a gente deve fazer ciência de alto impacto. Uma instituição de ensino superior pública e de qualidade deve formar profissionais com uma visão multidisciplinar para a criação e a consolidação de competência técnico-científica para que se tornem aptos a realizarem pesquisas visando atingir diversos setores da comunidade”, finaliza a orientadora da pesquisa.