Pesquisa realizada na Unicentro é destaque em Congresso de Saúde Coletiva
O trabalho de qualidade desenvolvido por pesquisadores da Unicentro tem tornado a nossa universidade cada vez mais conhecida e reconhecida. O trabalho de conclusão de residência intitulado “Estado nutricional e avaliação do autocuidado no diabetes: análise de grupo operativo em saúde coletiva com insulinodependentes”, desenvolvido pela nutricionista Josieli Maria Kosak e orientado pela professora Caryna Eurich Mazur, do Departamento de Nutrição, por exemplo, foi escolhido para apresentação oral no II Congresso de Saúde Coletiva, promovido pela Universidade Federal do Paraná.
O evento, de acordo com a professora, foi realizado de forma virtual e abordou a temática “Saúde: direito de todos e dever do Estado”. “Participaram pessoas do Brasil inteiro discutindo, especialmente, o direito à saúde. Então, o tema principal foi o direito à saúde, a garantia, a questão dos subsídios, do financiamento e se discutiu bastante sobre o sistema único de saúde, o nosso SUS”, conta Caryna.
Segundo a docente, o congresso contou com mais de 1.100 resumos submetidos. Desses, 70 trabalhos foram escolhidos para a apresentação oral. Entre os selecionados estava o submetido pela ex-residente e pela professora. O estudo foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde de Guarapuava, com auxílio de uma equipe multiprofissional. “O objetivo inicial do nosso trabalho era promover o autocuidado em pacientes com diabetes tipo 2 que utilizavam insulina. A ideia do trabalho era que eles tivessem essa autonomia, tivessem essa consciência para cuidar da própria doença”, explica Josieli.
A equipe da Residência Multiprofissional em Atenção Primária com Ênfase em Saúde da Família que atuou no trabalho era formada por Josilei, pela enfermeira Jéssica Rodrigues e, também, pela profissional de educação física Ana Liara Caetano. De acordo com Josieli, a primeira ação da equipe foi a realização de um levantamento para saber quantos pacientes da unidade de saúde eram diabéticos tipo 2 e usavam insulina.
Depois disso, os pacientes identificados foram convidados a participar do estudo. Os que aceitaram responderam um questionário validado, o QAD, que é o Questionário de Autocuidado no Diabetes. A ferramenta permitiu avaliar como estava o autocuidado do paciente, sua alimentação, a prática de atividades físicas, uso da medicação, aplicação de insulina e, ainda, o cuidado com os pés. Com a verificação, foi possível identificar em quais pontos os pacientes encontravam mais dificuldade e, a partir daí, encaminhar ações pontuais, que foram realizadas durante seis semanas.
“No geral, eles cuidavam muito pouco do diabetes, o que eles mais davam enfoque era mesmo para a medicação. Nesse grupo de seis semanas, a gente abordou todos esses temas de alimentação, de atividade física, de cuidado com os pés, de aplicação correta da insulina, explicando de maneira prática e fácil o porquê que eles precisavam cuidar de cada um desses itens”, explica a ex-residente.
Depois das seis semanas de oficinas, o questionário inicial foi refeito, evidenciando os bons resultados do trabalho. “Os resultados que a gente obteve foi essa melhora significativa no autocuidado dos nossos pacientes. E eles mesmos relataram o quanto eles gostaram do grupo. Isso reforça a ideia de que o trabalho em grupo em unidade de saúde é extremamente importante, porque a gente consegue trabalhar o multiprofissional no grupo”, destaca Josieli. De acordo com a professora Caryna, fazendo a análise estatítica, elas percebe ram que “uma melhora do perfil tanto de autocuidado quanto do estado nutricional, apesar da desistência da maior parte das pessoas. O grupo começou com 26 diabéticos e ao final da pesquisa perfez oito. Mesmo assim, nós tivemos um bom resultado tanto em termos do estado nutricional, como a diminuição do índice de massa corporal”.
A apresentação remota do trabalho no congresso reuniu mais de 600 espectadores. Para Caryna e Josieli, ter o estudo escolhido para ser apresentado é motivo de satisfação e uma forma de reconhecimento ao trabalho realizado. “Nós ficamos muito agradecidas porque demonstrou todo cuidado, todo o zelo e, também, o retorno para comunidade. Porque não é apenas a gente fazer o nosso papel na universidade, temos que dar o retorno a comunidade, e a comunidade, especialmente, em vulnerabilidade social, a qual a maioria dos pacientes que fizeram parte da pesquisa está representado”, diz a professora.
Já na visão de Josiele, “isso mostra a relevância do trabalho, a importância desse trabalho para a saúde pública e para a saúde coletiva. Eu acredito que é um trabalho que a gente pode replicar, fazer nas unidades de saúde para a promoção do autocuidado com o paciente, não precisa ser, necessariamente, o paciente diabético, mas sim o paciente hipertenso ou todos esses pacientes que possuem doenças crônicas”.