Em parceria com TRE, Unicentro desenvolve Atlas Eleitoral do Paraná
O substantivo atlas designa uma publicação que é constituída por um conjunto de mapas ou cartas geográficas. Os mais conhecidos trazem representações gráficas, em escala reduzida, de diversos aspectos do planeta, região, país ou estado. Um desses pontos de vista envolve as relações entre território e política. É justamente essa a configuração privilegiada por pesquisadores da Unicentro para o desenvolvimento do Atlas Eleitoral do Paraná. A produção é resultado de uma parceria estabelecida entre o Grupo de Pesquisa Redes de Poder, Migrações e Dinâmicas Territoriais (Gepes) da Unicentro e o Tribunal Regional Eleitoral, o TRE Paraná.
“O TRE entrou, na parceria, com o conjunto de dados disponíveis e o Gepes entrou com a mão de obra qualificada. Então, nós somos um grupo que temos, aproximadamente, 20 alunos – alunos de pós-doutorado, alunos de doutorado, alunos de mestrado, alunos de iniciação científica – e todos eles estão envolvidos na produção desse atlas eleitoral, desde a organização de dados, de tabelas, um trabalho mais braçal, até a análise, item por item, espaço por espaço, município por município, voto por voto, da espacialização do voto para governador no Paraná”, explica a coordenadora da pesquisa, que também envolve outros docentes dos departamentos de Geografia de Guarapuava e de Irati e o pesquisador do TRE Daniel Garluch Junior, professora Márcia da Silva.
A pesquisa teve início em 2019 e, nesse primeiro momento, tem como proposta mapear a geografia do voto das seis eleições diretas para governador do Paraná realizadas entre 1947 e 1982. “O objetivo da pesquisa é o de retratar, de fazer uma fotografia, digamos assim, de um momento histórico ou de diversos momentos históricos. Quais são esses momentos históricos? As eleições de 1947, 50, 55, 60, 65 e 82. Então, essas eleições, os dados, os votos por município nos foram disponibilizados pelo TRE e nós nos organizamos de forma a fazer a espacialização em diversos mapas por eleições e esses mapas retratam essa fotografia, esses momentos históricos eleitorais para governador no Paraná”, detalha a pesquisadora.
Cada uma das eleições, segundo a professora Márcia, será retratada em um capítulo do Atlas. “Cada capítulo traz uma caracterização, uma contextualização do momento histórico. Uma contextualização do que o Paraná, o Brasil e, em alguns momentos, o mundo vivia naquele recorte de tempo, que fez com que as eleições tivessem aquelas características. Então, cada capítulo é composto por uma contextualização daquele momento histórico e por aproximadamente seis mapas retratando a distribuição do voto para o candidato vencedor, o segundo candidato, terceiro candidato”. A pesquisa, assim, permite que seja vislumbrado o que pensavam os paranaenses, nesses momentos, a partir da identificação partidária demonstrada nas urnas, sobre economia, cultural e relações sociais.
Para facilitar a compreensão da importância desse trabalho de pesquisa, a professora Márcia apresenta um exemplo do que está sendo analisado. “Como o norte cafeeiro, naquele momento, elegeu determinado governador e por que será que elegeu aquele governador? Quais políticas públicas, quais campanhas, qual marketing, qual capital/recurso econômico e humano aquele governador eleito tinha para ser eleito naquela região? Ou o candidato que mesmo não sendo eleito, quais recursos, qual capital político ele tinha ou o que, naquele momento, ele representava para ser eleito no norte cafeeiro? E no centro-sul do Paraná? E no sudoeste? E no oeste?”.
O público-alvo do Atlas Eleitoral do Paraná são os estudantes do Ensino Médio. Porém, toda a população vai ter acesso as informações. Isso porque a pesquisa, assim que finalizada, vai ser publicada no site do TRE Paraná. Na sequência, os pesquisadores devem voltar suas atenções para as eleições para a presidência e, também, para as que elegeram prefeitos.