Festa da literatura, Bloomsday vai ser realizada de forma on-line pela Unicentro em 2020
O Bloomsday é uma data especial para a literatura. Todo ano, mundialmente, amantes dessa manifestação cultural reservam o dia 16 de junho para homenagear uma das narrativas literárias mais marcantes de todos os tempos. Na ficção, este é o dia em que o personagem Leopold Bloom vive diversas aventuras que compõe os episódios do livro Ulisses, do autor irlandês James Joyce. Na Unicentro, essa data é celebrada há nove anos com o objetivo de divulgar a obra, que é considerada o melhor romance do século XX e também um marco na transição para a literatura modernista.
De acordo com o organizador do Bloomsday, professor Edson Santos Silva, do Departamento de Letras do campos de Irati, este ano o evento vai promover diálogos entre a literatura e uma temática bastante atual. “A temática desta edição é a pandemia, é o isolamento – como a pandemia e o isolamento abrem nossa percepção para as artes. Então, o mundo está se repensando a partir do evento pandemia, o mundo está analisando como a gente vai sobreviver doravante e, aí, não tem como fugir da arte. A arte, em um momento como esse, é crucial, é fundamental”.
Por conta da suspensão das atividades presenciais, o Bloomsday será realizado online, às 19 horas do dia 16 de junho, pela plataforma Google Meet, com transmissão pelo YouTube. O professor Edson destaca que o evento em ambiente virtual tem uma vantagem – a possibilidade de incluir apresentações de pessoas em vários lugares do Brasil e do mundo. “Nós vamos ter a participação de pessoas dos Estados Unidos; de pessoas da França; de pessoas de Mendonça, na Argentina; de pessoas do Ceará; de pessoas de São Paulo e outras regiões do país; do Porto, em Portugal; do sertão da Bahia. Sem o virtual arregimentar todo esse número de pessoas que farão parte do Bloomsday seria uma atividade muito difícil, muito complicada, e a tecnologia está permitindo isso”.
Uma das pessoas de outros países que vão somar nesta nona edição do Bloomsday é a Edina Smaha, egressa de graduação e pós-graduação em Letras da Unicentro, que agora leciona nos Estados Unidos. “O fato do evento ser realizado online abre a possibilidade para as pessoas que estão longe participarem, que é o meu caso. E é mais ou menos essa ideia da minha apresentação também, que é trazer pessoas de vários lugares do mundo para celebrar o Bloomsday com a Unicentro. Como o livro tem 18 episódios, nós contaremos com a participação de 18 países diferentes, de vários continentes”.
Todo ano, a organização do Bloomsday na Unicentro escolhe uma cor para a identidade do evento, que desta vez será amarelo. A partir da tonalidade, os participantes devem pensar os sentidos de suas apresentações. No caso do grupo de estrangeiros reunidos por Edina, o amarelo será utilizado para conduzir sentidos ligados diretamente com a pandemia de coronavírus. “Nós decidimos utilizar a cor amarela este ano para simbolizar o nosso apoio a uma iniciativa chamada Yellow Hearts to Remember Covid-19, que é um movimento que começou na Inglaterra, onde as pessoas começaram a colocar imagens de decoração amarela em suas janelas para indicar a perda dos seus entes queridos, para reconhecer cada morte, cada coração partido e cada vida de ouro perdida pela covid”.
O amarelo também está servindo de inspiração para a montagem de outras apresentações para o Bloomsday, como a da turma de Luana Talita Gomes, estudante do segundo ano de Letras Português da Unicentro. “Nós selecionamos alguns poemas e poesias de poetas e poetisas aleatórios que tratam de alguma forma, explicita ou não, o significado dessa cor. Dentre os significados estão otimismo, alegria, felicidade e até mesmo o sol. No intervalo entre uma poesia e outra, estaremos lendo, de forma dramática, algumas frases pertencentes ao livro Ulisses, de James Joyce”.
A partir da literatura, é possível fazer uma pluralidade de conexões, principalmente com outras manifestações artísticas. Por isso, como nos anos anteriores, o Bloomsday contará com atrações musicais e de dança – sempre aliadas às leituras de excertos do livro Ulisses, que serão declamados em português, mas também em outros idiomas. Com toda essa gama de apresentações culturais, a edição 2020 busca, segundo o coordenador Edson, propiciar um espaço de reflexão sobre a empatia, sentimento tão salientado no contexto de pandemia em que vivemos. “É por meio da arte que eu me projeto no outro, é por meio da arte que eu vivo papéis e é, sobretudo, por meio da arte que eu aprendo a ter empatia. O Antonio Candido, a frase dele é sempre muito bem vinda – ‘a literatura humaniza’ -, por meio da literatura eu me humanizo”.