Projeto da Unicentro apoia mães de bebês prematuros de Irati e região
Atualmente vivemos com um sentimento de insegurança, provocado pela pandemia de o coronavírus. Também é comum sentir solidão nesse momento de isolamento social, apesar dele ser necessário para evitar o contágio pelo covid-19. Se, para nós, isso se tornou constante nos últimos dias, para as mães de nascidos prematuros essa fase pode ser ainda mais difícil. Afinal, elas passam dias na UTI Neonatal acompanhando seus bebês, que precisam ser monitorados até estarem fortes o suficiente para irem para casa.
A estudante de Fonoaudiologia da Unicentro Marina Baptista de Oliveira acompanha algumas das mães com bebês internados no Hospital Santa Casa de Irati e conta como é a rotina delas. “Antes da pandemia, já era um momento solitário para elas e agora mais ainda. As visitas estão proibidas, elas passam o dia inteiro dentro de uma antessala da UTI Neonatal. Hoje, até o almoço acontece nessa sala. Antes elas podiam ir até o refeitório. Elas também relatam sentir muita saudade da família. Algumas são de outras cidades e estar longe é uma grande dificuldade também”.
A Marina faz parte da equipe executora do projeto “Humanização: Grupo de Apoio para Pais de Bebês Prematuros”, que tem como objetivo auxiliar a família desses recém-nascidos a atravessar esse momento difícil de recuperação da criança. Normalmente, o projeto tinha encontros semanais na sala de Terapia Ocupacional da Santa Casa, em Irati. Mas, agora, com as novas normas sanitárias para prevenção ao covid-19, a atuação do Humanização tem sido desenvolvida de maneira remota, como conta Marina.
“Agora, com as atividades remotas, as ações do Humaniza ficaram bem mais rápidas, mas também se tornaram diárias. Então, precisa ter um planejamento maior para que a gente consiga movimentar o grupo do Whatsapp todos os dias. Nós ficamos o dia inteiro procurando coisas diferentes para mandar – músicas, textos, vídeos pequenos, até vídeos com dicas de automassagem para as mãos, que é algo que ajuda demais as mães, devido à ordenha do leite que elas fazem”, explica Marina.
O Grupo de Apoio para Pais de Bebês Prematuros é conduzido de forma interdisciplinar por alunas e professoras de Fonoaudiologia e Psicologia da Unicentro. Coordenada pela professora Cristina Fujinaga, a equipe, além do envio de conteúdos para o grupo de mães participantes do projeto, também tem feito teleatendimentos de forma individualizada. “As mães que necessitam de uma demanda maior de conversa, de diálogo, são atendidas também via Whatsapp, mas de modo privado”, detalha a professora Cristina.
As mães assessoradas pelo projeto compartilham suas experiências com a equipe da Unicentro. Elas enviam fotos do seu dia a dia e do desenvolvimento dos bebês. Associado a isso, a aluna Marina também está desenvolvendo seu projeto de Iniciação Científica, orientado pela professora Cristina, com a produção de diários audiovisuais. “A aluna está desenvolvendo, então, esses diários virtuais em forma de filmes de curta duração, para que auxiliem a mulher nessa vivência do processo de internamento do seu bebê prematuro”.
Uma das mães atendidas pelo HumanizAção é a Alzira Borger, que deu a luz recentemente às gêmeas Júlia e Laura. Ela conta que, além do isolamento, o fato de estar longe do marido e do filho mais velho são fatores que tornam o processo de internação das suas meninas mais complicado. Mas Alzira também salienta que o Grupo de Apoio da Unicentro tem colaborado para que os dias no hospital não sejam tão solitários.
“A saudade afeta até no fato da gente amamentar, porque o estresse, a falta que a família faz acabam prejudicando para você ter leite. Esse projeto das meninas da Unicentro ajuda porque elas conversam, perguntam como está, elas dão conselhos e escutam. Então, elas mandam músicas, mandam vídeos e a gente se distrai no tempo que a gente fica lá, porque é um tempo que a gente não pode voltar para casa, a gente vai para o hospital e fica lá o dia todo”, afirma Alzira.
Com essa adaptação do atendimento do Grupo de Apoio para Pais de Bebês Prematuros, a coordenadora do projeto acredita que, apesar de desafiadoras, as mudanças provocam reflexões bastante importantes nas alunas da equipe executora. “Esse projeto tem recebido um aceite bastante importante por parte das mães e tem oferecido aos estudantes a oportunidade de refletir que, nestes momentos tão difíceis como o da pandemia, temos que usar a nossa criatividade e superação pra que essas mães e famílias sejam plenamente atendidas”, finaliza a professora Cristina.