Atividade física no isolamento é importante. Mas atenção a intensidade também
Durante o período de isolamento social, muitas pessoas passaram a praticar exercícios físicos em casa. Mas, é importante monitorar a intensidade das atividades praticadas. Foi pensando nisso que professores e estudantes do Departamento de Educação Física da Unicentro, que desenvolvem projetos na área de promoção da saúde, prepararam um material com dicas para auxiliar a comunidade nesse monitoramento.
“Nós percebemos, ao longo dessa quarentena, que as pessoas começaram a se importar um pouco mais com atividade física dentro de casa e a realização dela, talvez, com algum tipo de suporte. Contudo, boa parte dessas atividades poderia ser realizada de uma maneira incorreta ou até alcançando intensidades muito elevadas. O que a gente observou foi que boa parte das pessoas que estavam procurando na internet essas informações não tinham, talvez, o conhecimento sobre como avaliar a intensidade do exercício dentro de casa. O objetivo do material é exatamente esse – dar uma opção para as pessoas, então, realizarem a própria avaliação da intensidade do exercício durante uma atividade em casa ou na rua especialmente voltados para quarentena”, explica o professor Timothy Cavazzoto, do Departamento de Educação Física da Unicentro, e um dos responsáveis pela elaboração do material (clique aqui e confira o material de orientação na íntegra).
O material lembra, ainda, que dependendo da intensidade, o exercício pode trazer benefícios ou prejuízos. Por isso, durante a quarentena, é recomendado que as atividades intensas sejam evitadas e que a preferência seja por exercícios moderados. Mas, como monitorar a intensidade do exercício em casa? Para responder a essa pergunta, o material desenvolvido pelo professor Cavazzoto traz uma escala de percepção de esforço dividida em 10 níveis. Até o nível 4, as atividades são classificadas entre muito leves a pouco leves. “Para demonstrar mais ou menos como funciona a atividade física e a intensidade da atividade física, eu gosto de utilizar um exemplo de uma caminhada em, pelo menos, três situações diferentes. Então, o sujeito está começando a caminhar e ele vai fazer essa atividade de caminhada, mesmo que seja em uma esteira, mesmo que seja estacionado em uma bicicleta, ele vai fazer essa atividade junto com uma outra pessoa e, nessa atividade, se ela for leve, as pessoas conseguem conversar tranquilos. Então, essa atividade pode ser considerada leve”, orienta.
Os níveis 5 e 6 compreendem as atividades moderadas e as moderadamente intensas. “Quando a gente aumenta um pouquinho a intensidade, em que a conversa fica um pouco mais difícil, você não consegue conversar e respirar tão acelerado ao mesmo tempo, o coração já começa a bater um pouco mais forte, o suor também já começa aparecer mais, essa atividade tem uma intensidade moderada”, continua Timothy.
Já entre os níveis 7, 8 e 9, as atividades são consideradas de intensas a extremamente intensas. Já o nível 10 é um alerta de atividade exaustiva. “Terminando a atividade, é possível perceber que o coração dá uma acelerada e esse acelerado do coração, essa resposta talvez respiratória depois o exercício que a gente costuma também avaliar, pode ser algum marcador da intensidade”.
De acordo com o material produzido pelo Departamento de Educação Física, o recomendado é que as atividades praticadas estejam entre os níveis 4 e 7. O professor Timothy ressalta que um dos principais problemas verificados é que, muitas vezes, pessoas que não estavam acostumadas a praticar exercícios, começam a realizar atividades prescritas para aqueles que já praticavam. “Isso é um desafio na hora de fazer a avaliação, porque esses sujeitos, em geral, a maior parte das atividades para eles vão ser intensas. Então, tem que tomar bastante cuidado, especialmente aqueles sujeitos que não têm condicionamento ou que não faziam algum tipo de atividade física. Porque esses exercícios em casa de agachamento, levantar algum tipo de peso e realizar esse circuito durante meia hora ou uma hora pode ser uma atividade muito intensa e expor ele algum tipo de risco. Então, seria interessante sempre fazer uma avaliação dessa intensidade ou pelo menos monitorar um pouco”, aconselha.
De acordo com o professor, a intenção do grupo de professores e alunos é produzir outros materiais, incluindo descrições de atividades que podem ser realizadas em casa. Outra ideia é elaborar é uma avaliação para saber quem pode atingir intensidades mais elevadas. “A gente quer propor um questionário e tornar esse questionário divulgado para que as pessoas possam entender se elas podem, devem ou não podem realizar atividades físicas muito intensas ou moderadas. Em alguns casos como pacientes, por exemplo, asmáticos ou que têm algum distúrbio ou uma doença pulmonar, é provável que elas não devam realizar nem atividades físicas moderadas”.
Para o professor Timothy, desenvolver e divulgar ferramentas como esse documento reforçam a importância do trabalho da universidade em prol da população. “O impacto de um problema como uma epidemia global e a necessidade da ciência para resolver esses problemas fazem com que a população enxergue o que, de fato, se faz dentro da universidade. Apesar da magnitude disso tudo ser muito maior do que a população consegue enxergar, todo trabalho que a gente faz para a comunidade hoje, mesmo com as atividades suspensas, se for bem divulgado vai dando as caras, vai demonstrando o impacto real do que a ciência pode fazer pela sociedade. Nesse sentido, não é, claro, o objetivo principal, mas a gente tem que aproveitar essa oportunidade para demonstrar a importância da universidade para a sociedade, justamente porque hoje a dependência para resolver esse problema é gigantesca”.