Mesas-redondas são realizadas pelo Novembro Negro no campus de Irati
Em alusão ao mês da Consciência Negra, a Unicentro tem incentivado o debate sobre a história e a cultura afro-brasileiras. A programação do Novembro Negro, no campus Irati, contou duas mesas-redondas abordando relações raciais – uma delas mais específica sobre dominação e resistência, e outra sobre a urgência de uma educação antirracista.
Um dos convidados para falar sobre essa última temática foi o professor do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Joaquim Monteiro Morais. Ele é membro do Neabi, que é o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas. “As discussões raciais são já tradicionais no cenário acadêmico brasileiro mas não são transpostas para o público, elas não são transpostas para o chão da escola básica. Então, a universidade tem esse papel, ou seja, momentos como esse que a gente tá tendo agora são momentos primordiais para a gente passar para a comunidade – não só a comunidade interna mas a externa principalmente – tudo aquilo que a gente discute e aquilo que a gente propõe para reformas futuras. Então, o papel da universidade é fundamental para que a gente consiga, de fato, atingir uma educação antirracista”.
A professora do Departamento de Psicologia da Unicentro Alayde Digiovanni também esteve presente nas mesas redondas do Novembro Negro e levou os alunos e alunas do curso para participarem do evento. Ela destaca que opressões como o racismo são assuntos importantes para pensar o exercer da Psicologia. “Qualquer coisa que promova uma desigualdade entre as pessoas, ou que tenha uma opressão de um grupo sobre outro, provoca um adoecimento, em qualquer situação, e o racismo não escapa disso e tem a ver com a psicologia porque ela estuda os processos de desenvolvimento humano, os processos de subjetividade”, afirma Alayde.
O evento integrou o projeto “Conhecendo a cultura afro-brasileira”, do Coletivo Teresa de Benguela de Irati. Como membro do coletivo e também representando a Assistência Estudantil do campus Irati, a agente universitária Thais Rodrigues dos Santos salienta a importância de se falar das relações raciais na universidade, a partir da demanda que ela percebe a partir de relatos de estudantes. “O racismo é configurado como uma violência, só que a gente tem um histórico de mito da democracia racial em que se prefere pensar que todas as pessoas são iguais e que todas as pessoas têm os mesmos direitos, mas quando a gente vai ver realmente na prática”.
Durante as mesas redondas do Novembro Negro, a representante da Assistência Estudantil do campus indicou a universidade como uma peça chave na busca de uma sociedade onde todos tenham direitos e oportunidades. “Se a gente pensa numa democracia, ela só vai existir numa sociedade antirracista e a educação é o pilar. Então, eu penso que a universidade precisa ter essa discussão enquanto centro”, fianliza Thais.