Unicentro chama a atenção para importância da conservação do solo, durante WinterShow
A Unicentro, mais uma vez, marcou presença no Wintershow – evento realizado pela Cooperativa Agrária e pela Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa) e que aborda as tecnologias destinadas à produção de cereais de inverno. O objetivo das atividades programadas é levar ao produtor agrícola informações que vão otimizar o rendimento das lavouras. Um dos quase 90 estandes presentes no evento foi reservado à apresentação dos resultados obtidos pelo projeto “Manejo e Conservação do solo da Região Centro-Sul do Paraná”, coordenado pelo professor Cristiano Pott, do Departamento de Agronomia da universidade.
O projeto é financiado pelo Senar e pela Fundação Araucária e faz parte da rede de Agropesquisa em Conservação do solo do Paraná e as pesquisas abrangem, além de Guarapuava, outras cidades do Paraná, como Dois Vizinhos, Toledo, Maringá, Londrina e Ponta Grossa. “O objetivo geral da rede é estudar a conservação do solo nas diferentes regiões dafoclimáticas do estado. Daí a importância de termos conseguido aprovar esse projeto para a região de Guarapuava, que é uma região importante agrícola de cereais. O que a gente está estudando aqui são alternativas de conservação do solo para nossa região”, explica o professor.
Além do projeto matriz, outros seis subprojetos são desenvolvidos por professores da Unicentro e da Universidade Positivo. A Fapa e a Agrária também são parceiras das atividades. Por isso, no espaço cedido ao projeto no Wintershow, foi possível mostrar um pouco dos resultados já obtidos. “O estande vem com a demonstração destas avaliações que são feitas lá na propriedade, Então, tem equipamento que avalia os indicadores físicos do solo, que avalia o sistema radicular, equipamentos que fazem a coleta no campo. Temos imagens de informações que já foram coletadas no trabalho e que estão sendo divulgadas aqui”, conta o professor Leandro Rampim, coordenador de um dos sub-projetos.
Quem passou pelo estande recebeu explicações sobre a área onde o projeto é realizado e sobre as pesquisas que são desenvolvidas. São, no total, três megaparcelas avaliadas: uma padrão da região, cultivada morro abaixo; outra voltada para as boas práticas agrícolas, com utilização de adubos verdes e ações conservacionistas como a semeadura em nível; e uma terceira megaparcela que tem a presença de terraço. De acordo com Jhonatan Spliethoff, integrante do projeto, 31 pontos do solo dessas megaparcelas são avaliados quanto os aspectos físico, químico e biológico.
Além disso, foram instaladas calhas que coletam a água que escoa de cada uma das parcelas, permitindo que também seja feita a análise em laboratório dasedimentação do espaço. “Vai levar essa amostra para o laboratório, vai deixar lá por alguns dias e vai fazer a separação de sedimentos, e a quantificação de nutrientes para mostrar para o produtor o quanto ele está perdendo de solo em cada sistema de manejo, e mostrar para ele também o que ele está perdendo de nutrientes – nitrogênio, fósforo e potássio – e quantificar isso em fertilizantes que o produtor aplica para aumentar o rendimento das culturas”, detalha Jhonatan.
As análises físicas que são realizadas na área experimental também foram demonstradas no Wintershow. O diagnóstico visual foi uma delas. O procedimento é simples: consiste em coletar uma amostra de solo de 25 centímetros de profundidade por 10 centímetros de largura. A essa amostra é atribuída uma nota que vai de um a seis. Recebem a menor nota os solos que, por exemplo, não possuem raiz e não têm atividade biológica. Já a nota mais alta vai para as amostras que se apresentam melhor estruturadas, com mais matéria orgânica e com alta atividade biológica. “Você vai analisar a forma dos agregados, se nele há presença de raiz, se as raízes estão apresentando algum tipo de impedimento no crescimento, você vai observar a biologia dessa amostra. Então, tudo isso é importante para você ter uma boa estrutura de solo porque, talvez hoje, essa estrutura do solo seja um dos principais fatores para altas produtividades”, afirma Marcelo Camilo, que é participante do projeto.
Outras análises físicas, como completa o também integrante da equipe Perivaldo Conrado, também foram evidenciadas e demonstradas no estande. “Avaliações tanto de penetrometria, para testar, para demonstrar como que está a dificuldade para penetrar esse solo; outras avaliações como a infiltração de água no solo que, além de demonstrar como que está essa capacidade do solo em reter essa água, a velocidade com que essa água está infiltrando no solo; aí tem a densidade do solo que é o que, talvez, seja o que o produtor mais procura na parte física que é para entender se o solo está compactado ou não está compactado”.
Já a coleta de amostras indeformadas, que também foi demonstrada no evento, permite definir parâmetros sobre a qualidade da porosidade do solo. Jhonatan explicou que esse tipo de coleta pode ser feita de várias maneiras. Os métodos convencionais utilizam, por exemplo, um equipamento chamado castelinho e uma marreta. O problema é que ao utilizar esses instrumentos, a amostra que deveria ser indeformada pode ser comprometida e, quando levada ao laboratório, pode apresentar um resultado equivocado na análise. Pensando em minimizar o impacto, evitar a deformação da amostra e obter mais qualidade nas análises, um novo equipamento foi desenvolvido. “A gente desenvolveu o amostrador hidráulico acoplado no trator e esse amostrador, digo para vocês, que ele facilitou bastante a nossa vida. A gente tem uma dinâmica de coleta muito boa, a gente consegue coletar muito mais amostras no dia e essas amostras têm uma qualidade consideravelmente melhor do que as outras, já que você não tem um impacto e você não vai ter efeito da umidade no momento da coleta’, descreve.
As avaliações sobre o sistema radicular das plantas também foram apresentadas aos visitantes do Wintershow 2019. Um dos pesquisadores da equipe, Caio Kolling, descreve que o que vai definir a qualidade do desenvolvimento das raízes da planta é a estrutura solo. A análise permite identificar quais manejos precisam ser adotados futuramente para que se obtenha um bom desenvolvimento da cultura. “É feito avaliação do sistema radicular da planta através da inserção de uma sonda em um tubo de vidro, que é feito dentro do solo a uma profundidade de 80 centímetros, e com auxílio de um software no computador é feito toda a avaliação da quantidade de raízes que têm nesse solo e o tamanho das raízes”.
Caio também explica sobre como é feita a análise de qualidade da cobertura vegetal da planta. “Através da utilização de drones com os softwares de computador, as imagens, elas são tratadas nesse software e a gente consegue separar o que é solo exposto na cobertura e o que é realmente vegetação. Se essa planta está bem nutrida, se essa planta está com alguma deficiência nutricional, se ela está sofrendo algum ataque de praga ou de doença e consegue dar um parâmetro, fornecer mapas como de agricultura de precisão, dizendo quais os manejos que o produtor precisa fazer para fazer a correção desse problema”.
Todas essas informações compartilhadas com os visitantes do estande do projeto no Wintershow comprovam a importância da aproximação entre o trabalho desenvolvido na universidade e o produtor rural. “Me chamou atenção essa parte de conservação do solo que eles estão trabalhando ,justamente porque hoje é um problema muito grande que vem ocorrendo nas lavouras principalmente pela falta de conservação de solo e métodos de plantio que, talvez, a gente não venha respeitando. Então, você tendo a oportunidade de expor esses dados em feiras, aqui no caso do Wintershow, é muito importante porque aqui você vai ter contato com os produtores da região e você vai conseguir repassar esses dados, e o produtor ele consegue ver se ele consegue acatar ou não dentro de sua propriedade”, avalia o agricultor Bruno Venâncio.