Duas palestras em Guarapuava e duas em Irati marcam início da Siepe
Demonstrar como se dá a relação universidade-sociedade e como ela promove a cidadania são objetivos da sexta edição da Siepe, que é a Semana de Integração Ensino Pesquisa e Extensão, que iniciou nessa segunda-feira, 28, e segue até dia primeiro de novembro com atividades em todos os campi universitários e unidades avançadas da Unicentro. Para marcar o início das atividades, duas palestras foram realizadas em Guarapuava e outras duas em Irati.
De acordo com o coordenador geral da Siepe no campus Irati, professor Elynton Alves Nascimento, o evento busca incentivar os debates e propiciar formação complementar para os estudantes de graduação e pós-graduação.“Além do ensino, também a pesquisa e a extensão. A gente tem várias apresentações do tripé, onde os alunos acabam tendo uma grande diversidade. A gente procurou ofertar várias atividades – minicursos, palestras, seminários – para que os alunos não fiquem com só aquilo que vêm em sala de aula, que é importante, mas para conhecer também outras coisas dentro da universidade”.
E, em Guarapuava, os estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação dos campi Santa Cruz e Cedeteg prestigiaram as conferências. Professor titular da USP (Universidade de São Paulo) – onde também foi pró-reitor de Pesquisa e reitor – e presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Marco Antônio Zago abordou o tema “Biologia e epidemiologia do câncer”. Já a segunda palestra, intitulada “Desafios de integração, pesquisa e extensão universitária no mundo contemporâneo”, foi ministrada por Débora Sant’ana.
“O nosso objetivo”, conta Débora, “é abordar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como tripé da universidade e como isso é importante para a formação integral do aluno e do futuro profissional no mundo contemporâneo, porque o mundo espera que os profissionais tenham habilidades não só técnicas, mas psíquicas e sociais de integração e de negociação, que são características desenvolvidas pelas três frentes”.
Essa complementaridade ensino-pesquisa-extensão, segundo a coordenadora-geral da Siepe 2019, professora Deonísia Martinichen, é o que se propõe a ressaltar, a cada dois anos, o evento. “A importância é muito grande porque dá oportunidade de integração entre os alunos, os acadêmicos, entre os professores, os agente universitários. Tem essa oportunidade de apresentação dos trabalhos, de tudo o que foi desenvolvido durante o ano, tanto no ensino quanto na extensão, e também a oportunidade de crescimento, de diálogo”, avalia.
O valor da apresentação dos trabalhos pelos estudantes e da troca de conhecimentos também é ressaltado pelo reitor da Unicentro, professor Osmar Ambrósio de Souza. “O momento em que o aluno faz a apresentação é um momento ímpar, onde ele reúne todos os conhecimentos que ele já possui, sintetiza a forma de como vai fazer a apresentação. Certamente, vai contribuir para uma boa formação seja na sua profissão, como defensor de uma ideia, de um conceito, seja ele como um pesquisador que vai avançar em nível de mestrado e doutorado”.
Esse aprimoramento possibilitado por cada uma das atividades promovidas pela Unicentro também é ressaltada pelos estudantes Vinicius Teixeira, do primeiro ano do curso de Medicina, e Gabriela Oliveira, do quarto ano de Agronomia. “A importância da Siepe para nós é para que a gente veja os outros cursos e veja o que está acontecendo no meio acadêmico. E para a sociedade também. Para ela ver que a universidade, como o próprio nome já diz, ela carrega esse lado social junto de toda a evolução técnica de pesquisa, que vem acontecendo dentro da universidade”, diz ele. “Expande os nossos horizontes e, também, traz um novo olhar sobre aquilo que a gente aprende em sala, porque muitas vezes o conteúdo em sala de aula é muito limitado e, quando tem um evento como esse, as possibilidades de você expandir aquele aprendizado acabam sendo maiores”, completa Gabriela.
No campus de Irati, o público da Siepe pode escolher entre duas palestras de abertura. No Auditório Denise Stoklos, a conferência discutiu “Como Levar a Universidade para a Sociedade; Projetos que Quebraram os Muros e Construíram Pontes”. Quem abordou o assunto foi o pesquisador Luiz Gustavo de Almeida, da Universidade de São Paulo, a USP. “Tem alguns tipos de comunicação – comunicação institucional é uma coisa, é você promover a sua universidade, o que tem que acontecer; mas divulgação científica e letramento científico é uma coisa totalmente diferente e aí volta aquela história que a gente precisa de profissionais dedicados para isso e é muito interdisciplinar. É uma demanda que a própria universidade tem, que os professores têm e os alunos têm milhares de ideias, mas talvez você tenha que analisar a sinergia deles e direcionar”.
Luiz Gustavo é o fundador da iniciativa “Cientistas Explicam”, que oferece palestras, aulas e oficinas para escolas, universidades, museus e institutos de pesquisa. Ele também é o coordenador nacional do Festival Internacional de Divulgação Científica Pint of Science: Um Brinde à Ciência, que tem como proposta a condução de palestras científicas em bares e restaurantes de cidades paulistas. O pesquisador compartilhou com o público da Unicentro um pouco sobre essas experiências.
“A gente não tem muito essa cultura, ainda, de falar sobre ciência em lugares alternativos, que não a universidade. Para a nossa grande surpresa, nos três primeiros dias que a gente fez, tinha pessoas do lado de fora para escutar, o bar era aberto, as pessoas não se importaram em não estar sentadas, mas queriam estar escutando falar sobre Zika, Chicungunha, sobre vacinas, sobre astros e galáxias. Então, eram coisas que tinham uma demanda dos dois lados, a população tinha para falar ‘eu queria saber o que é feito dentro da universidade’, e os pesquisadores com ‘eu quero falar da minha pesquisa, quero conversar com as pessoas, quero ver como é esse ambiente diferente’”, discorre Luiz Gustavo.
Já no Auditório do PDE, a discussão girou em torno da “Segurança de dados na internet”. A palestra foi conduzida pelo professor e advogado Sandro Mansur Gibran, que é coordenador da pós-graduação em Direito do Centro Universitário de Curitiba, o Unicuritiba. Ele contextualizou de que forma os dados pessoais dos consumidores podem ser armazenados e utilizados pelos fornecedores de produtos e serviços.“Saber como esses fornecedores de produtos e serviços utilizarão os nossos dados pessoais é algo que diz respeito a todo cidadão. Agora, enquanto profissionais, os administradores, os futuros contabilistas, terão que bem orientar os seus clientes a como bem orientar os seus respectivos clientes quanto a como bem utilizar esses dados, já que é tudo uma preocupação ética, que a legislação passa a quem vai se valer desses mesmos dados”, afirma.
Durante sua fala, Sandro também explicou o que é a Lei Geral de Proteção de Dados – um conjunto de normas que já estão publicados no sistema legislativo brasileiro, mas que só deve entrar em vigor no ano que vem. “Qual a grande vantagem desta grande Lei de Proteção de Dados? Ela garante ao consumidor, ao cidadão acesso a esses dados, a tal ponto de se ele perguntar para qualquer fornecedor que dados este tem a seu respeito, eles serão obrigados a informar a nós”.
A integração entre ensino, pesquisa e extensão promovida pela Siepe, de acordo com o professor Elynton Alves Nascimento, traz ganhos para toda a comunidade. “A sociedade precisa saber que a universidade, principalmente a universidade pública é quem mais faz pesquisa dentro do país, pelo menos no Brasil é essa a realidade. E, por consequência, a gente tem a extensão também, que seria a aplicação do conhecimento dentro de alguns trabalhos voltados para a comunidade”.